sábado, 13 de junho de 2015

Voltar ao Brasil é uma Opção?



            Alguns dias atrás postei no Facebook o relato do Márcio que depois de 11 anos explicou no blog dele porque estava voltando ao Brasil. Você pode ler o relato dele, se quiser, aqui. Em seguida postei um link sobre uma matéria baseada em comentários a um outro post sobre o mesmo tópico, "voltar ou não a viver no Brasil". A maioria das pessoas que comentaram no Facebook do blog disseram que não concordam com a decisão do Márcio, porém alguns concordaram com ele. E houve também aqueles que perguntaram a minha opinião sobre o assunto.

            Essa questão é muito pessoal e é muito difícil tomar uma decisão como essa de voltar ao Brasil, como também não é fácil tomar a decisão de sair dele. Segundo pesquisadores e psicólogos, a readaptação no país, é mais difícil do que a adaptação no país estrangeiro. Deixar para traz a família, amigos e tudo o que você adquiriu durante uma vida (e que têm valor sentimental) e chegar aqui com 3 malas para começar do zero não é algo fácil. Imagina deixar agora tudo que se adquiriu no estrangeiro e começar do zero novamente? Mas eu tomei a decisão de viver em um país estrangeiro e não me arrependo.

            Houve muitas pessoas que me chamaram de louco, de "traidor" e muitas outras coisas. Até hoje eu recebo mensagens de pessoas que dizem que "brasileiro que é brasileiro fica no Brasil e luta por um Brasil melhor". Como se sair do país, ou mesmo deixar de votar, não fosse um ato de protesto pela insatisfação com tudo o que acontece no nosso país. A verdade é que cada um sabe aonde o calo aperta. E o que eu vou dizer agora é a minha opinião, nua e crua, mesmo que seja acusado de "desertor", "preconceituoso", "metido", "deslumbrado", "portador de síndrome de vira-latas", etc. Na era do "politicamente" correto, não se pode dizer mais nada sem cair em desgraça. Por causa disso mesmo é que os americanos perderam Miami para os cubanos e não podem dizer mais "Feliz Natal" no comércio pois ofende os que não são cristãos, ateus ou que não celebram o Natal. Por isso encare meu relato como um desabafo.


            Eu simplesmente não aguentava mais viver no Brasil. Eu achava que tinha nascido no país errado. Nada do que vou dizer é novidade, mas o custo de vida, a poluição de SP, o trânsito, o crime, o desrespeito do brasileiro pelo próximo, o desrespeito do governo para com a população, a sujeira política, a roubalheira descarada, a facilidade de como se mente, a polícia, os ladrões, os "Gersons" da vida, os impostos, a falta de educação (de todas as classes!), a falta de civilidade, a petulância de alguns dos pais dos meus alunos (era professor de escola privada de alunos de classe alta), as condições de vida, os preços de tudo, e mais uma longa lista de coisas faziam a minha vida miserável! Estou sendo sincero, eu realmente sofria com essas coisas. E por ter conhecido outros 15 países e ter passado tempo considerável com pessoas de lá, via, a cada viagem como minha vida era ruim e sofrida no Brasil em comparação com classe média e classe média baixa desses países. Dos que eu visitei, o Brasil só era melhor que o Paraguai. E não pense que eu tinha baixo salário no Brasil. Tinha salário alto, morava em um apartamento em um excelente bairro, tinha carro novo, boas coisas etc. Mas a que custo?

Só há uma palavra para descrever São Paulo - Caos...

            O engraçado é que eu ouvi de um professor "socialista" na escola que eu trabalhava a seguinte frase: "Ué, se alguém não está contente com os alunos ou com os pais dos alunos, mude de profissão ou mude de escola!". Embora tenha ficado com raiva dele na época, conclui depois que ele estava certo. Se trata daquele velho ditado, "não está contente? Se manda!". No entanto, existe uma exceção, segundo estes. Se for país, não pode. Se estiver descontente, não pode mudar de país, porque daí você é um fdp". Eu ainda me pergunto hoje se as pessoas que criticam quem quer sair do Brasil, realmente pensam assim ou será que há outros sentimentos envolvidos??

            Por estes e outros motivos eu tomei a decisão de ir para o mundo. Ir para outro país, para estudar, viver, ter novas experiências, etc. Planejei desde 2006 e em 2009 fiz minha mala e vim morar nos EUA cursando Arquitetura de Interiores em uma faculdade de Orlando. Foi uma experiência incrível. Mas nem tudo foi rosas, é claro. Tive que fazer tudo que imigrante faz, trabalhos manuais, limpeza, pintura e por aí vai até conseguir meus documentos. Mesmo assim nunca fui discriminado ou mal tratado por quem quer que seja. Aliás, quando trabalhava para brasileiros como guia turístico, guia de compras, etc fui maltratado várias vezes.

A maioria dos estudantes e imigrantes trabalham nos primeiro
anos com limpeza e este foi o meu caso também.

            No relato do Márcio, ele cita vários fatores como por exemplo a língua e a cultura. Com respeito à língua, algumas pessoas não conseguem se tornar totalmente fluentes e por vários motivos. Muitos sequer aprendem inglês mesmo vivendo nos EUA por muitos anos. No caso do Márcio, pode ser que em casa eles falassem português, pode ser que ele, por ser engenheiro, das exastas, não tenha aptidões como os de humanas têm para com as línguas. E como foi meu caso, afinal também sou engenheiro? O começo foi difícil na faculdade, no segundo ano eu já era completamente fluente. A pior parte é quando você não tem o vocabulário para se expressar em inglês e também já esqueceu como se fala em português. A idéia fica dentro da cabeça e não sai pra fora de jeito nenhum.  Mas com bastante empenho, é possível superar as barreiras da língua. É possível ficar fluente e ter bem pouco sotaque (eliminar é impossível, para adultos). Não é minha opinião, é fato científico. Para mim a língua não é mais nenhum problema.


            Quanto à cultura, ele tem razão, realmente não é a sua. Nós crescemos com um tipo de comida, música, piadas, humor, histórias, cheiros, cores, personagens, programas de televisão, etc. A gente sai do Brasil, mas o Brasil não sai da gente. E isso não é ruim! Seremos sempre brasileiros e eu me orgulho disso. Não quero renegar a minha cultura e nem sequer esquecê-la. Em casa eu ouço MPB, assisto novelas brasileiras, programas de humor, Globo Reporter, mini séries, etc. Eu cozinho pratos brasileiros para americanos e eles adoram. Mas cozinho muitos pratos que aprendi com os americanos e os brasileiros gostam muito também. Entendeu o ponto? Não é a sua cultura, mas nada impede de você pegar o que há de melhor nela e incluir no seu dia a dia. Não é preciso renegar uma cultura e abraçar a outra. Também do mesmo modo, se livrar de traços da cultura brasileira que não são muito desejáveis e acredite, por mais educado que sejamos, nos pegamos fazendo coisas que não devíamos.


            Sim dá saudades, de muitas coisas. Mas eu penso que as saudades que eu tenho é de uma vida que não existe mais pra mim no Brasil. Eu mudei e a sociedade brasileira também. A saudade que eu tenho é de uma vida décadas atrás, é preciso ter bem consciência disso. Se eu decidisse voltar, não voltaria para aquela vida de décadas atrás. Voltaria para a vida da época que eu decidi que queria sair do Brasil! Disso eu não me engano!
            Outras saudades são de coisas que mesmo morando no Brasil eu jamais teria. Saudades de coisas do passado. Saudades da minha mãe, que faleceu o ano passado.


            E não é balela, nos EUA há mais, e melhores oportunidades do que no Brasil. É fato cientificamente provado. O índice de desenvolvimento humano nos EUA (IDH, que mede a facilidade de se conquistar e ter qualidade de vida, como também oportunidades, índice de pobreza e muitas outras coisas) é o quinto no mundo. O Brasil é o 88º. Atrás até de Portugal, Chile, Argentina e muitos outros países mais pobres que o Brasil. No Brasil tudo é difícil, infelizmente. Não me leve a mal, aqui também há seus problemas e até alguns absurdos! Mas em escala muito menor.


O Brasil nem se encontra entre os 50 primeiros. Mesmo tendo PIB muito maior
que muitos outros países.
            Se me perguntarem seu eu voltarei a morar no Brasil eu digo sinceramente que acredito que não. Eu não consigo mais viver no Brasil. Das vezes que eu fui visitar, depois de alguns dias já queria voltar "para casa". Sim aqui é a minha casa. A nossa casa é aonde o nosso coração está. No caso do Márcio, o coração dele não saiu do Brasil. Eu gosto muito da vida que eu tenho nos EUA. Eu gosto da organização. Eu gosto da educação da grande maioria das pessoas. Eu gosto das minhas janelas sem grades, do jardim da frente da minha casa sem muros, dos meus vizinhos. Eu gosto da natureza de Orlando, das dezenas de passarinhos, esquilos, e outros bichos que vêm comer e fazer ninhos no meu quintal. Eu gosto do silêncio e respeito da vizinhança, depois das 10 horas na noite. De dormir sem ouvir nenhum barulho. Eu gosto do respeito no trânsito (nunca vi um acidente de trânsito em 5 anos, só na televisão). Eu gosto de ir ao supermercado com 100 dólares e trazer 4 grandes sacolas cheias de coisas. Eu gosto do fato de que não sinto medo quando ando nas ruas, quando entro e saio do carro, quando vem uma moto em minha direção. Eu gosto de ver o quanto eu pago de impostos em cada compra e ver que, nos ítens de alimentação (leite, ovos, batata, legumes, arroz, etc) o imposto é ZERO. O imposto da gasolina também é zero. Eu gosto de ver o quão devagar os carros trafegam pelas ruas residenciais e que todos páram no sinal do stop. E ver que, em um cruzamento de 4 vias, sem semáforo, todos páram e cada um sai na mesma ordem que chegou, sem auxílio nem mesmo de guardas de trânsito e ninguém se confunde ou fura a fila. Eu gosto de andar de bicicleta e ver que os carros ao passarem por mim reduzem a velocidade e dão a distância de 1,5m. E que as pessoas ao me cruzarem, cumprimentam sem nem mesmo me conhecer. Eu gosto de ver meus vizinhos nos finais de semana cortando suas gramas e cuidando da aparência externa de suas casas (embora por dentro a gente sabe que é diferente). Eu gosto de ir aos restaurantes de Orlando e sempre ser servido com um sorriso por um atendente americano. Eu gosto do fato de não ver animais abandonados nas ruas já por quase 6 anos. Eu gosto de ver o cuidado que os americanos têm com seus cachorros e gatos. Quase não há cachorros soltos no quintal. Todos querem ter seus melhores amigos dentro de casa com eles, longe do calor escaldante ou do frio intenso. Eu gosto de ver crimes sendo solucionados (a estatística é de 90%). Eu gosto de ver criminosos, independente da classe social, ir para a cadeia pagar pelo que fez. Eu gosto do respeito do americano pelas leis. Eu gosto da qualidade das construções e do acabamento das casas nos EUA. De quanto conforto térmico, acústico, etc, se tem dentro delas. E que pessoas de classe média baixa e pobres podem ter conforto também! Eu gosto do cuidado que a prefeitura teve em fazer sarjetas arredondadas para que os carros não risquem as rodas nelas. Eu gosto da velocidade da internet e do telefone 4G. Eu gosto da confiança que o governo dispensa à população enviando a placa do carro pelo correio para que você mesmo parafuse no carro. Eu gosto do fato de que a palavra do cidadão tem valor até que se prove ao contrário. Você diz "foi assim" e todos acreditam. Eu gosto de não ter medo da polícia e eu sorrio quando vejo uma pessoa negra em uma Mercedez, BMW ou Audi (e é bem comum), pois eu percebo que os afro-americanos têm mais oportunidades aqui. Eu gosto de viver aqui. Eu sou feliz aqui. Poucas coisas me incomodam.

Em pequenas coisas podemos ver consideração. A grande maioria
das sarjetas são arredondadas para evitar acidentes e para
que os carros não risquem suas rodas

Sua casa é onde seu coração está

            Antes que alguém diga alguma coisa sem sequer me conhecer, leia o blog, que todos os defeitos dos EUA estão escritos aqui. Os EUA não é um país perfeito, nem todo bairro é igual ao meu, há crimes, há gente doida, injustiças, etc, etc, etc e eu já escrevi muito sobre isso, em vários posts. Mas nada se compara a situação atual do Brasil, que me deixa muito triste pois eu tenho família e amigos lá. Além do que eu acredito que, o povo brasileiro é único e maravilhoso, amistoso e muitas outras qualidades e fico triste que tenham que sofrer. No entanto, basta um Carnaval, uma Copa, um campeonato brasileiro para que esqueçam de tudo isso... e idolatrem um estúpido que disse que "copa não se faz com hospitais".

            Eu me adaptei tanto nos EUA que não conseguiria mais me adaptar com as condições do Brasil. Isso é bem claro pra mim. Eu sei que eu tenho saudades de coisas que não existem mais. Como um antigo relacionamento, eu sei que tenho saudades das coisas boas, mas lembro bem como era um inferno (pra mim) conviver com a pessoa no dia a dia. No entanto, nunca vou deixar (e nem quero) de ser brasileiro. Nunca vou deixar de amar a minha cultura, meu povo, minha terra. Só não dá mais para morar lá. Eu amo o Brasil, mas infelizmente, meu amor não era correspondido...

            O meu conselho é: Se a vida é muito boa no Brasil, fique no Brasil. Se a vida é ruim, tente melhorá-la! Trabalhe mais, estude à noite, mude de emprego, aprenda línguas e se, depois de tudo isso, a pessoa ainda se sentir mal, procure outro lugar onde se possa viver melhor e ser feliz. Todos somos cidadãos do planeta Terra. Por causa dessa merda de patriotismo é que o mundo tem tantas guerras. Boas ações podem ser feitas em qualquer país em que se viva. Nossos avós e bisavós também deixaram suas pátrias e ninguém critica isso. E eu vou dizer pela décima vez: "O mundo é muito grande para se nascer e morrer no mesmo lugar". 



 
Foto em minha casa, com meus cachorros Dexter e Annabel
recebendo clientes brasileiros que se tornaram amigos ;-)


sábado, 6 de junho de 2015

O que é o Uber?


          Ontem por um acaso vi uma propaganda no meu Facebook dizendo que o CEO do UBER comemorava 1 milhão de "corridas". Pesquisando um pouco na internet achei outro artigo de jornal eletrônico mostrando passeatas de motoristas de taxi contra o UBER e também processos na justiça contra a empresa fundada em 2010. Mas nada que dissesse que raios é esse tal de UBER? Inclusive alguns dos meus amigos no Facebook curtiram a página de fãs deles.

              Pesquisando mais um pouco descobri que o UBER pode ser uma ferramenta muito útil. Há vários videos no Youtube a respeito do UBER. O UBER é um aplicativo de "rides" (caronas ou corridas). Certa vez em Paris, o dono fundador não conseguia achar um taxi disponível e estava atrasado. Pensou então, "como seria legal um aplicativo que pessoas comuns viessem te pegar e recebessem por isso". A ideia saiu da mente e do papel e foi parar na prática, ou seja, nos telefones celulares de milhões de pessoas. Hoje, nem precisa dizer, os donos fundadores estão nadando no dinheiro.

As propagandas do Uber dizem
"Uber é o seu motorista particular"
                O UBER é um aplicativo que você instala no seu telefone depois de se cadastrar pela internet. Há duas maneiras de se registrar e usar o UBER. A primeira é como usuário que precisa das corridas. É preciso registrar um cartão de crédito para pagamento. A pessoa que possui o UBER no telefone precisa de um serviço de transporte, abre o aplicativo (que já reconhece aonde ela se encontra), digita o lugar que pretende ir, o tipo de carro (sedan, SUV, luxo, etc) e o UBER além de calcular o valor da corrida, chama o motorista mais próximo que pega a pessoa e a leva ao local desejado. 

As corridas são mais baratas que os taxis e um programa
é quem calcula por distância ou minutos.
Não é preciso dar gorjetas nem ter dinheiro com você.

                 A outra maneira é sendo motorista. Qualquer pessoa pode ser motorista. Alguém que tenha um carro e esta desempregado pode ganhar dinheiro com essas corridas. A vantagem aqui nos EUA é que não se dá gorjetas do UBER. O dinheiro vai para você, depois que o UBER pega a comissão dele. É possível também para o motorista, dizer quais períodos vai estar disponível para fazer as corridas. Para se cadastrar como motorista, é preciso ter conta bancária e documentos. Assim o UBER faz os depósitos na conta do motorista. 



                 Quem usou gostou muito. Além de ser uma maneira de fazer contatos e amizades, pode ser uma fonte de renda. Eu acredito que possa ser seguro também, pois além de se registrar, fornecer documentos e dados bancários, o UBER registra todas as corridas. Se alguém se meter a fazer algo errado, está tudo registrado. 

                 Outra coisa insteressante é que é possível avaliar o motorista. E também o motorista pode avaliar o passageiro! Já pensou, você cliente, sendo avaliado pelo motorista? O mundo está mudando mesmo... o Uber já está disponível em 300 cidades de 58 países.

                Especialmente para aqueles que estão saindo de férias nas grandes cidades, é uma boa opção ter o Uber, inclusive escolher o carro e o motorista. Não é à toa que locadoras de carros e empresas de taxis estão movendo processos e organizando protestos contra o Uber. É duro ter concorrência e ter que reduzir os preços, não acha?

Com o Uber é possível dividir a conta com amigos que também
possuem o aplicativo


         Infelizmente como a natureza humana é a mais complicada de todas, há relatos não tão bons na internet de pessoas que foram lesadas por motoristas que fingiram não saber a rota e muitas outras coisas mais. Depois de ler e assistir alguns vídeos, eu penso que pode ser bom, se as alternativas mais comuns não estiverem disponíveis. Por exemplo, se você já não contratou serviço de traslado, não há taxis disponíveis e assim por diante. Daí quem sabe não pode arriscar um motorista do Uber?

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O Transgender Bruce Jenner-Caitlyn Jenner


          Nos Eua existe uma certa liberalidade, consciência aberta e aceitação, mas que na realidade não é bem assim. Deixa eu explicar melhor. Por exemplo, quando eu estava na faculdade em 2010 fiquei abismado de ver um homem na minha sala de aula, ir receber a prova na mesa do professor, de salto alto. Depois, fiquei meio envergonhado porque afinal é só um par de sapatos, se ele se sente feliz assim, porque é que eu tenho que olhar torto pra isso? Então, aqui "parece" que as pessoas podem fazer o que desejam que não há maiores repercuções, com respeito à sua aparência e sexualidade. Realmente é muito difícil alguém se levantar e fazer alguma coisa ou dizer algo ofensivo. As pessoas são mais aceitas pelas suas escolhas. Era de se esperar que uma nação mais desenvolvida, tivesse mesmo uma sociedade mais liberal. Por exemplo, o beijo das idosas gays na novela Babilônia, não seria um escândalo como foi no Brasil. 

              No entanto eu percebo que há esse respeito, essa aceitação pois há leis que protegem as pessoas de serem discriminadas e se tem uma coisa que o americano tem medo é de cadeia. Muitas coisas que pensamos ser civilidade, às vezes é mesmo medo das consequências da lei. Na vida privada, tenho certeza que as pessoas criticam, xingam e dizem o que bem entendem. Isso se dá também com o racismo e a briga centenária entre brancos e negros nos EUA. Publicamente ninguém jamais usaria a palavra "niger", pois ela já provou que seu uso em público destrói carreiras de Hollywood e políticas também. Mas nas conversas entre amigos, pode ter certeza que o racismo aparece. Porém, com todas as pessoas que eu tenho contato, a grande maioria pensa como eu, ou seja, eu não me importo com as escolhas que as pessoas fazem contanto que a pessoa seja feliz e que não prejudique seu próximo. Em algumas porém eu vejo claramente que a fachada liberal é pura falsidade.

Bruce Jenner na época em que foi campeão olímpico



              E esta semana eu fiquei surpreso com a trasnformação do Bruce Jenner em Caitlyn Jenner. Bruce Jenner foi duas vezes medalha de ouro no atletismo em 1975 e 1976. Virou celebridade nos EUA, casou-se com Kristen Mary Houghton, que já tinha filhos do primeiro casamento e teve outros filhos com ela também. Kristen foi casada com o famoso advogado Kardashian que defendeu o ator O J Simpson no julgamento pelo assassinato de sua mulher e do namorado dela. Alguns anos atrás a família toda ficou famosa no seriado "Keeping Up with the Kardashians". E Bruce aparecia no seriado também. Eu nunca entendi direito o objetivo desse reality show, afinal quem quer saber da vida de uma família rica nos EUA? Muita gente, infelizmente. 

                Acontece que em 2014, Bruce contou em entrevista que guardava um segredo por mais de 50 anos. Ele se sentia como uma mulher presa em um corpo masculino. Ele disse que desde que criança, achava que era menina. Por causa da pressão da sociedade ele se viu obrigado a agir da maneira como todos esperavam dele, como homem. Primeiro seus pais, depois treinadores, a mídia e por fim a esposa Kristen. Contou que sofreu a vida inteira tendo a certeza que era uma mulher que nasceu em um corpo masculino. Pode imaginar? Depois de muitos anos de terapia e também testes que provaram que o cérebro de Bruce é igual ao do sexo feminino e não masculino, ele resolver fazer a mudança de sexo e se tornou Caitlyn Jenner. Conseguiu até mesmo que pesquisas sobre seu nome na internet, apontassem agora para Catlyn Jenner e não Bruce Jenner. 

No ano passado quando começou o tratamento com hormônios
               Eu sei que é difícil entender o que leva uma pessoa a tal mudança. Principalmente se alguém é "normal". Nasceu hetero-sexual e é bem aceito pela sociedade. Casou-se entre os 20 e 30, teve filhos e mantém sua família. Para esses, isso não passa de uma aberração. É realmente um salto muito grande quando alguém, apesar de seus conceitos e pre-conceitos, consegue se colocar no lugar de outra pessoa. Existem pesquisas, feitas por médicos e cientistas das mais conceituadas universidades do mundo que provam que há mesmo a possibilidade de alguém nascer com o cérebro de um sexo em um corpo do sexo oposto. Não é coisa do Diabo não. É sim um erro genético (e eu digo erro pois este ser vai sofrer com este engano da natureza). Imaginou de repente se dar conta que está dentro de um corpo do sexo oposto? Até filmes de Hollywood e brasileiros trataram do assunto.  

                 Quão bom seria se todos nascessem com o sexo que escolhessem e que ninguém jamais fosse infeliz nesse mundo. Pelo menos, aos 65 anos, Bruce teve a coragem de mudar de sexo e tentar ser o que sempre sentiu que era no íntimo, uma mulher. Claro haverá muitas críticas e a comunidade religiosa jamais o aceitará pois eles também acreditam em algo e é direito deles fazer assim. Eu acredito de coração que se a pessoa for boa e honesta, ela é digna, não importa como veio a este mundo. E lembre-se, da maneira como julgamos, seremos julgados um dia. Eu acredito nisso.

Caitlyn Jenner capa da revista Vaniy fair 2015



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