Este,
caro leitor, é um assunto delicado. Há uns anos eu escrevi um post sobre
preconceito contra brasileiros nos EUA, ele se encontra aqui. Mas nunca antes
havia escrito sobre a relação entre os brasileiros e sabe por quê? Porque eu
não tinha contato com a comunidade brasileira até começar a trabalhar na Drim
Properties. Hoje, já 2 anos depois e também munido de acontecimentos nesses
quase 6 anos que estou aqui, posso dar a "minha opinião". Portanto, o
leitor pode discordar, contanto que o faça com educação.
A
minha primeira experiência com brasileiros em Orlando foi com um amigo da irmã
de uma grande amiga minha. Em visita a São Paulo ele foi simpático, passou o
telefone e pediu para eu ligar para sairmos. Uma vez aqui, saímos em grupos
duas vezes e nunca mais ele atendeu meus telefonemas. Inclusive me
"deletou" do Facebook. Eu nunca tinha sido "deletado" da
vida de alguém antes e confesso que a sensação não é das melhores. O fato é que
eu não consigo saber o que eu fiz de errado, mas eu, só consigo pensar em uma
coisa. Eu cheguei a comentar com ele que estava precisando trabalhar, mesmo que
ilegal, pois meu dinheiro para a faculdade estava acabando. Logo depois disso
ele cortou relações comigo. Uma vez ele comentou que todos os amigos dele eram
americanos, que ele não se relacionava com quase nenhum brasileiro.
Se
esse foi o caso, essa foi a primeira vez que eu sofri discriminação nos EUA e
foi de um brasileiro. A verdade é que há uma classe de brasileiros aqui que evita
brasileiros e que não "se mistura".
Uma
vez conheci uma brasileira na faculdade e ela me disse que o problema dos
brasileiros é que é difícil encontrar um deles que queira ajudar. Depois com o
tempo percebi que essa garota era um "problema" e percebi por que ela
disse que os brasileiros fugiam de qualquer contato com ela. Ela tinha um
coração enorme, mas doidinha, coitada. Sempre em meio a confusão na escola. E o
pessoal que ela se associava não eram o tipo de americanos que queremos para
amigo dos nossos filhos...
Neste
momento é melhor começarmos a fazer uma separação das coisas. Há o brasileiro
que está nos EUA legalmente. Ele pode ser rico ou não, empresário ou empregado,
mas o fato é que ele está legal. E esse brasileiro pode ser tudo: Legal, chato,
arrogante, canalha, explorador, super gente boa, honesto, desonesto, amigo,
traíra, etc. E há o outro brasileiro, aquele que não está em situação regular
com a imigração, ou seja, ele está no país ilegalmente. Há também nesta classe
gente de todo tipo. O fato de uma pessoa estar ilegal não significa que ela é
desonesta e criminosa. Ninguém sabe os motivos pelos quais fizeram alguém ficar
ilegal no país. No entanto há uma certa tendência nestes dois grupos.
Há
uma incidência maior de "golpes", "furtos" e outras coisas
mais, entre aqueles que são ilegais do que entre os legais. Deveria ser o
contrário não acha? Aquele que está ilegal deveria ter medo de se deparar com
as autoridades, mas não é o que acontece. Há brasileiros ilegais que
"aprontam" por assim dizer. E por, na maioria das vezes, as vítimas
desses golpistas serem os brasileiros em situação "legal" (a língua
tem um grande fator nisso), desenvolveu-se um certo preconceito contra o
brasileiro ilegal. A sociedade americana discrimina, de qualquer maneira, os
ilegais por ter "medo" deles. Eles têm medo do sujeito que veio com
as mãos na frente e a outra atrás e não tem nada a perder. E o brasileiro
legal, pegou esse medo também. E para falar a verdade, não é tão sem motivo
assim. Mas é claro que há experiências ruins entre os dois grupos, tenho
certeza que alguém vai comentar.
No
entanto, como dito anteriormente há brasileiros ilegais de todo tipo. Eu me
relaciono com um há anos que nunca me deixou nas mãos! Em quem eu confio
plenamente! Mas eu tenho um certo cuidado. Vou te dar um exemplo. Logo no
começo, quando comecei a morar aqui, perguntei na Perfumelândia, se havia
trabalho para mim lá. A moça com quem conversei disse: "Aqui está o telefone
da minha mãe. Fale com ela que ela arruma um emprego pra você". Eu liguei
para a senhora e conversamos por uma hora ao telefone. No dia seguinte ela quem
me ligou e sabe para quê? Para me oferecer um emprego? Não, para pedir meu
carro emprestado. Nem se quer habilitação americana ela tinha. Quando eu disse
que não poderia fazer isso ela me perguntou se eu poderia levá-la em alguns
lugares. Como eu fazia faculdade todos os dias, não era sempre que eu poderia
levá-la aos lugares. Depois ligou pedindo 100 dólares emprestado. Foi aí que eu
cortei relações com ela. Hoje me sinto meio culpado. Talvez ela estivesse mesmo
precisando de ajuda, ou talvez seria ela uma golpista?
Acho
que nunca vou saber, mas a verdade é que há brasileiros nos EUA esperando uma
oportunidade de dar um golpe em alguém. Movido por esse sentimento tipicamente
americano da compaixão (é bem comum aqui) o Robert decidiu por minha causa,
contratar uma faxineira brasileira no prédio que ele trabalhava. Para ajudarmos
a mulher eu recomendei ela como faxineira para uma das anunciantes das casas de
veraneio do blog. Pois bem, a "senhora" foi pêga pelas câmaras de
segurança do prédio, colocando tuchos de papel higiênico nos banheiros do lobby
e ninguém estava entendendo porque eles entupiam todas as semanas. Foi também
pega pelas câmeras, mexendo nos papéis da mesa do gerente do prédio, roubando
documentos, dinheiro e também mexendo nas bolsas dos funcionários. Na casa da
anunciante, enquanto limpava, ela abastecia seu carro com "coisas" da
casa. Não é triste isso? E a moça estava no país legalmente.
Há
também histórias de excelentes brasileiros como a Daniella e a Denise. Duas
brasileiras que conheci através de relações de emprego e hoje eu não vivo sem
as duas. Conheço também outros brasileiros, legais e ilegais, que são pessoas honestas
e trabalhadoras. Portanto, tem que conhecer antes de julgar.
Na na na...cuidado, aqui tem câmeras por todo lugar... |
Mas
há um certo tipo de brasileiro aqui que é, na minha opinião, o pior de todos.
Aquele que explora seu próprio povo. Aquele brasileiro empresário que sabe que
os ilegais precisam trabalhar, mas que sem documentos têm que se sujeitar ao
salário mínimo e muito trabalho. Na cabeça dele ele é bonzinho pois dá emprego
a essa gente. Mas na verdade, ele é tirano pois obriga, ameaça e explora seus
funcionários de várias maneiras. Estes trabalham 12 ou mais horas por dia.
Oitenta ou mais horas por semana e recebem o salário mínimo de 8 dólares por
hora. E sofrem nas mãos desses patrões. Nas lojas, têm 15 minutos de almoço,
não podem sentar-se e trabalham um dia inteiro enquanto a lei americana é que,
a cada 4 horas de trabalho é obrigatório o descanso de 15 minutos. Eu tenho
mais medo desse brasileiro do que o pobre ilegal (nem sempre tão pobre assim).
80% dos trabalhadores das lavouras da Flórida são imigrantes ilegais. |
Uma
vez, almoçando com meu cliente milionário no Kenee's Point, condomínio de
classe média alta e ricos de Windermere, encontramos uma família brasileira no
restaurante. Uma mãe com dois filhos. Meu cliente rapidamente puxou assunto com
a moradora pois ele adora ouvir a opinião dos outros e havia acabado de
adquirir um imóvel de 2 milhões de dólares no condomínio. Ele ficou estupefato e
eu também quando ela disse que não tinha amizade com ninguém no condomínio, que
não conhecia ninguém e que não fazia questão de conhecer, "principalmente
brasileiros". Só se relacionava com a família. Há este tipo de brasileiro
em Orlando também, já vi mais de uma vez. Eu fiquei com pena da senhora, porque
quando os filhos se vão e o marido arruma uma esposa com a metade da idade dela
o que sobra? Não são os amigos? Porque alguém não quer ter amigos? Aliás
amizade aqui é coisa difícil. Se conseguir, dê valor. Outro exemplo é de uma
conhecida minha que sempre que precisa de serviços, tenta contratar brasileiros
para "ajudar". E infelizmente, na maioria das vezes ela se dá mal.
Quando por exemplo contratou um pintor brasileiro que pintou porcamente a casa
dela e manchou todos os pisos de madeira e rodapés e se mandou. O outro que ela
contratou para arrumar o ar condicionado, brasileiro em estado legal, sumiu com
o dinheiro e não efetuou o serviço.
Para
concluir, o objetivo de eu escrever este post é para mostrar aos brasileiros que fogem de brasileiros que há sim muita gente boa, honesta e amiga, legalmente no país ou não. E para os que acham que o fato de ser brasileiro já qualifica a pessoa, tome cuidado pois nem sempre é assim. Depois de ser vítima de alguns, é preciso ser realista mas não pré-julgar ninguém.
Se
alguém me peguntar "em que situação se define você"? Eu acredito que
eu sou aquele brasileiro que está em situação legal, que trabalha e tenta
ajudar a quem puder sem olhar que tipo de visto está estampado no passaporte.
Mas que pergunta sim qual ele é, porque pode sobrar pra mim e neste país
se vai para a prisão sim! Eu converso com todo tipo de gente e não faço
distinção das pessoas por classe social, situação econômica ou mesmo cultural.
Tenho papo para qualquer churrasco. Mas não me relaciono com pessoas mau
educadas, grosseiras, rudes, barraqueiras e que não têm respeito para com o
próximo, seja de que nacionalidade for. Alguns brasileiros trazem estes maus
hábitos com eles nas malas. Aquela atitude de "eu em primeiro lugar",
enquanto aqui, o bem comum é que está em primeiro lugar, não o da própria
pessoa. É um conceito que alguns nunca aprenderão...