Nada como começar o ano, depois de toda a comilança dos feriados, falando sobre obesidade. Assim todos ficamos com a consciência pesada e acrescentaremos às resoluções para 2012, uma rotina de exercícios, menos comida e melhores hábitos de vida.
A resposta mais óbvia para pergunta do título é a de que comem muito e exercitam-se pouco. No entanto, pesquisadores mostram que esta é uma visão um tanto míope da verdadeira situação caótica da balança dos americanos. Os motivos são muitos, também muitas são as soluções para o problema.
Falar que os americanos são gordos não é novidade e não é verdade. Na década de
70, 14% da população era considerada obesa. Segundo uma pesquisa recente, os
obesos hoje são 34% da população, ou seja, quase 1/3. Isto quer dizer que 1 em
3 americanos é obeso. Portanto, não digamos “os americanos são gordos” porque
seria uma burrice generalização. A maioria, 2/3 da população, está bem
segundo os pesquisadores.
O OrlandoSentinel publicou um artigo muito interessante entitulado “Why we’re fat” (Porque
somos gordos). Veja que o título não é uma pergunta. Os americanos sabem porque
estão obesos e o artigo do jornal, dividido em 4 capítulos, explicou a fundo as
razões de tanta gordura. Se puder ler em inglês e quiser saber as 40 razões que
os experts em obesidade explicaram, leia as 4 partes do artigo que foram publicados em 4 dias seguidos.
O artigo é extenso e interessante. Ao invés de fazer uma tradução ao pé da letra do artigo (ficaria imenso), achei que seria mais interessante postar os destaques das pesquisas, que nos ajudam a entender porque 1/3 desse povo ficou assim fofinho.
- Fatfobia - Os americanos responderam ao apelo de se evitar a gordura
aumentando o comsumo de açúcar e carbohidratos. Hoje, em média, 55% das
calorias que os americanos ingerem são carbohidratos (recomenda-se que seja
menos que 30%)
Parece que quem escreveu este artigo visitou aqui a casa da família Belfi. Na geladeira tem margarina fat free, leite desnatado e tudo “fat free” que alguém possa imaginar. No entanto tem um armário inteiro de pães, bolachas, doces e sobremesas...
Parece que quem escreveu este artigo visitou aqui a casa da família Belfi. Na geladeira tem margarina fat free, leite desnatado e tudo “fat free” que alguém possa imaginar. No entanto tem um armário inteiro de pães, bolachas, doces e sobremesas...
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Tem aqui na nossa geladeira... |
- Carbohidratos - A maioria dos americanos consome 3 vezes mais açúcar
do que o que recomenda a USDA (United States Department of Agriculture).
A Louise deve
consumir 8 vezes mais o que o USDA recomenda L
- Comida Barata – Os americanos gastam 75% a menos com alimentação do
que gastavam na dácada de 60.
Na TV tem
propagandas do “dólar menu” – comida por 1 dólar e uma infinidade de ofertas em
supermercados e restaurantes. No geral, é barato mesmo.
- Consumo de calorias – Americanos hoje consomem 300 calorias a mais do
que consumiam em 1985 e 600 calorias a mais do que consumiam em 1970.
- Porções maiores – Americanos valorizam 2 por 1 ou produtos super-size
onde, teoricamente, economiza-se dinheiro. Empresas de marketing não demoraram a perceber que uma maneira de atrair consumidores era o de aumentar o tamanho
dos pratos. Pesquisas mostram que, as pessoas comem mais quando é oferecido
comida em grande quantidade.
Os tamanhos dos pratos nos restaurantes são algo que o
brasileiro (que come normal) se expanta. Geralmente servem duas pessoas. Eu
dificilmente consigo terminá-los, especialmente se o grupo combina de pedir uma
entrada. Se eu estou no dia do desejo de sobremesa, é melhor ir da entrada
direto para ela, sem passar pelo prato principal. Entrada+prato
principal+sobremesa = muita comida!
...dá até um revertrés só de pensar.
...dá até um revertrés só de pensar.
- Tempo em frente à tela – Na média, o adulto americano passa mais de 8 horas em frente à telas, sejam de computadores, TVs ou vídeo games, conta uma pesquisa de 2009.
E eu estou entrando nessa também. As bicicletas que eu comprei estão encostadas e o tempo em frente ao PC e TV aumentou bastante. Já vai pra lista das resoluções.
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Engordar à frente da TV. Isso parece ser comum porque é motivo de piada em diversas séries de TV. |
- Falta de sono – Pesquisas mostraram que a falta de sono de qualidade está relacionada ao ganho de peso. Afeta o apetite, disposição para exercitar-se e a temperatura do corpo.
- Ar condicionado e aquecimento central – O conforto que o ar-condicionado e o aquecimento central proporcionam às casas americanas fazem com que a maioria prefira ficar em casa ao sair no calor ou no frio. Também estes sistemas de controle da temperatura do ar estão associados com a obesidade porque nosso corpo gasta menos energia para manter-se à 36ºC no frio e para resfriar-se no calor.
Isso infelizmente é verdade. Em dias de 39ºC eu acabo ficando dentro de casa por causa do calor. Com tantos lagos, nem nadar é possível porque virar lanche feliz de Jacarés ou tubarões não dá...
-Pratos maiores – Desde 1960 a superfície dos pratos usados nas mesas dos americanos amumentou em 36%.
- Remédios – Muitos remédios associados ao ganho de peso estão sendo consumidos massivamente pela população.
- Comer Fora – Quanto mais se come fora, mais a chances de se tornar obeso. Uma refeição fora de casa por semana acrescenta, no mínimo, 1kg no peso por ano.
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Aqui é toda sexta-feira. Será por isso que eu estou fofinho? :/ |
- Aparelhos que economizam tempo e esforço – Lava-roupas, secadoras, lava-louças, abridores de lata elétricos, cortadores de grama, controle remotos, e um bando de outras coisas têm contribuído para com que os Americanos gastem menos energia no dia a dia.
Olha aqui
outra verdade. Eu agradeço a Deus todo dia por não precisar estender roupas,
recolher e depois passar à ferro. Faz dois anos que não vejo a cara de um
pregador! Mas realmente, é energia armazenada.
- Etnia - A prevalecência de obesidade é maior entre negros e hispanicos por causa do modo como seus genes e cultura interagem com o meio hambiente. Mulheres negras são o grupo de maior risco. Quatro entre 5 mulheres negras nos EUA são obesas.
Eu eu já estava esquecendo de dar a minha cutucada de leve nos hispânicos. O que eu vejo aqui na Flórida é que o ídolo e modelo a ser seguido é Jeniffer Lopez e Rick Martin, mas na prática, 9 entre 10 mulheres e rapazes hispânicos são gordos.
Realmente esse é um assunto muito discutido. Por um lado as propagandas enlaçam a maioria a se perder nos prazerers da comida, enquanto do outro lado, empresas tornaram-se especialiastas em produtos e comerciais sobre dieta. Dieta é apresentada como sendo dever de toda pessoa de bem e a balança o terror de todos, gordos e magros.
Obviamente, é preciso tomar cuidado com o que se come em qualquer lugar. McDonald’s tem até na China! E em meu caso, talvez mais pelos hábitos e não pela qualidade da comida, ganhei 5kg desde que cheguei. É quase inevitável ser contaminado pelo estilo de vida, mas não é desculpa. À minha frente, todos os dias, desfilam americanos e americanas em forma, que freqüentam academia e parecem levar uma vida saudável. Por que não eu?