Há alguns meses, um leitor do blog entrou em contato comigo com algumas dúvidas com relação a estudos. O Pedro tem a vontade de cursar uma Universidade nos EUA e está trabalhando duro para isso. Depois que comentou comigo sobre a prova do TOEFL, perguntei pra ele se ele não gostaria de escrever a sua experiência e ele concordou. Abaixo segue o relato dele que, de bom grado, tomou tempo para poder ajudar a outros que tem o mesmo desejo.
Obrigado Pedro
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Escrevo a pedido do Renato, que sugeriu que
eu escrevesse um texto comentando a respeito da minha experiência com o TOEFL,
então vamos lá. Muito do que vou falar já foi postado no próprio blog, mas vale
recapitular.
Quem aspira a se tornar um estudante internacional
é exigido a comprovar sua proficiência na língua inglesa, seja através do TOEFL
ou do IELTS. De maneira geral, instituições americanas e canadenses costumam
preferir o primeiro, enquanto as europeias e australianas preferem o segundo.
No caso do TOEFL, existem dois exames sendo
aplicados atualmente, o iBT (internet based) e o PBT (paper based), que está
sendo progressivamente substituido pelo primeiro, porém ainda se encontra em
algumas poucas cidades. O teste é agendado pela internet, através do site do
ETS (www.ets.org) e o pagamento é feito
através de cartão de crédito ou débito internacional. Fiz o iBT.
Com 3 meses de antecedência não havia vaga
em nenhum lugar relativamente próximo da minha cidade (na cidade em si, não se
aplicava o teste), mas consegui vaga em uma cidade com distância razoável,
cerca de 500 km. Os locais e datas disponíveis podem ser vistos no seguinte
link: http://www.ets.org/toefl/ibt/register/centers_dates/
Escolhido o dia e local do teste, terminei
o cadastro no site e fui (tentar) fazer
o pagamento. Cartão recusado. Tentei
novamente e... recusado. Como só podia fazer o pagamento com cartão, deixei
para verificar o que estava acontecendo no dia seguinte. Liguei para o banco e
descobri que o cartão, mesmo sendo internacional, estava bloqueado para
pagamentos de fora do país. Pedi o
desbloqueio e no mesmo dia o cartão já estava liberado, mas nesse meio tempo
perdi a vaga. Por sorte, consegui agendar para uma semana depois, em outra cidade,
mais distante.
Quando se faz a inscrição para a prova, são
oferecidos alguns materiais de estudo pelo próprio ETS, todos são pagos. De
graça, ganha-se apenas um simulado para a prova, que tem validade de cerca de 6
meses. Dos materiais pagos, o mais barato custa cerca de US$ 65,00 e existem os
mais caros. Não solicitei nenhum, mas é uma boa opção para quem não pretende
fazer um curso preparatório.
Quer estudar em casa e de graça? Ok, desde
que se tenha um bom nível de inglês (tanto escrito quanto falado). Na internet
se encontra muito material para treinar para a prova, incluindo simulados, e no
Youtube se consegue encontrar as aulas de pronunciação. Além disso, manter
contato constante com a língua também ajuda... escutar músicas, assistir a filmes/séries,
acessar sites de notícias e entretenimento, tudo em inglês.
Aqui vai uma dica: fazer muitas questões,
os simulados e tentar responder as
questões no menor tempo possível. Um rapaz que fez a prova comigo me disse que
o curso preparatório que ele fez em SP foi basicamente isso aí: questões e mais
questões.
O TOEFL é semelhante ao vestibular, não é
preciso ter apenas conhecimento, é preciso também ter “manha” para lidar com o
tempo. Não existem pegadinhas e todas as
questões são diretas, mas a prova exige esforço e atenção, especialmente para
quem é muito ansioso ou tem problemas com nervosismo (eu!).
No meu caso, tive uma situação muito
desagradável no dia da prova. No local marcado e faltando apenas 20 minutos
para início da prova, fui informado que o local da prova havia mudado. Nem
preciso dizer que foi um baita de um estresse (e um baita descaso por parte da
organização) que ninguém quer no dia do exame! Comigo haviam mais 3 pessoas que
também não tinham sido avisadas. Por isso, liguem para a escola em que o teste
será feito um dia antes para confirmar o local da prova. Evita surpresas como
essa que tive.
Chegando ao (novo) local, foi tudo muito
tranquilo. A partir daí, não tenho do que reclamar. O monitor foi muito
solícito e passou todas as instruções. A maioria dos que fariam a prova, fariam
para o programa Ciências Sem Fronteiras, do governo federal brasileiro. O TOEFL
é uma das exigências. Acho que eu era a exceção.
Antes de começar a prova, você precisa ler
e transcrever uma declaração, com letra cursiva e assinar. Na declaração você
precisa afirmar que não vai revelar informações sobre o TOEFL para ninguém,
algo que provavelmente estou infringindo neste exato momento.
A prova é dividida em 4 partes: reading,
listening, speaking e writing. Cada uma delas vale 30 pontos, contabilizando um
total de 120 pontos. O que as universidades pedem é uma média mínima de 19 a 21
pontos em cada uma, totalizando 80 pontos.
Na primeira, são vários textos e perguntas
sobre eles (interpretação). Para complicar, o tema é sempre científico e, para
complicar ainda mais, são textos muito chatos. Minha teoria é de que fazem a
prova em um nível progressivo de chatice: no primeiro você até para e pensa
“até que é interessante!”; no último, você luta contra seu corpo para não pegar
no sono.
Depois vem o listening. Essa parte eu achei
a mais fácil. Você escuta algumas leituras e algumas conversas (são longas) e
depois tem de responder perguntas sobre o que você ouviu.
Terminada essa secção, você tem direito a
um intervalo de 10 minutos. Aproveite para ir ao banheiro e beber água, mas sem
exageros, já que o próximo intervalo só acontecerá quando você terminar a
prova. E a prova toda dura cerca de quatro a quatro horas e meia.
Durante toda a prova, se você tiver algum
problema com os equipamentos (fone de ouvido, microfone, teclado, mouse) ou com
a máquina, precisa chamar o monitor. O programa do TOEFL, em Java, travou em um
dos computadores e o monitor transferiu o rapaz para outro computador. Se perde
tempo nisso, mas imagino que não atrapalhe no desempenho.
Por fim, vem o speaking (prova oral) e
writing, em que você precisa escrever alguns parágrafos sobre um tema
determinado.
Terminei minha prova antes das quatro horas
e meia e, no geral, achei muito menos complicada do que achava que ia ser. Na internet, vi muita gente falando da prova
como se fosse algo absurdamente difícil, mas não é. Por outro lado, também está
longe de ser fácil.
Antes de fazer a prova, verifiquem a
necessidade de realizá-la. Via de regra, as universidades no exterior a exigem,
apesar de alguns programas dispensarem (por outro lado, eles exigirão um
semestre ou mais de ESL – English as Second Language - particularmente acho
mais simples e barato estudar logo e fazer a prova no Brasil antes de se
aplicar para estes programas). Outro caso de dispensa da comprovação de
proficiência é para quem se formou no ensino médio nos EUA. Já li a respeito de
instituições que dispensaram a comprovação da proficiência do inglês para
alunos que se formaram no ensino médio lá, mas isso parece ser mais exceção do
que regra, portanto, mesmo os que formaram em território americano, é bom não
contar com isso.
A maioria dos programas no Brasil aceita
que a proficiência em inglês seja comprovada realizando qualquer teste “TOEFL
like”, uma prova qualquer semelhante ao TOEFL, mas não oficial. Este tipo de
prova é facilmente encontrada e aplicada em escolas de inglês. Outra
alternativa é o TOEFL ITP, que é uma versão regional da prova, mas que tem
validade apenas em território nacional (isto é, não vale para instituições
estrangeiras). Esta prova costuma ser procurada por aqueles que estão tentando
programas de residência e mestrado dentro do Brasil.
É isso. Espero ter ajudado a tirar algumas
dúvidas. =)
Pedro Henrique
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A única coisa que eu acrescentaria ao belo texto do Pedro é que a parte que eu achei mais difícil foi a de speaking onde, após ouvir uma conversa, o monitor te faz uma pergunta e a gente tem 30s para elaborar uma resposta de alguns minutos. A pronúncia também conta neste caso.
Abs a todos!