quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Viagem a New York, New Jersey e Boston - Parte III

       Já vou pedindo desculpas pois o post é imenso. Cansei dessa novela de parte I, II etc. Por isso este é o post final da visita ao Norte dos EUA.
        Despois da decepção de não poder visitar o túmulo da Whitney Houston, só me restava a expectativa da visita a NYC (New York City) no sábado dia 15 de Dezembro e Boston no dia seguinte. Mal sabia eu que esse passeio mostraria ser um "programa de índio categoria 5 tacapes". :(


       Sabe, eu sou uma pessoa que acorda cedo. Geralmente às 7 da manhã já estou de pé e não gosto de ficar parado. Imagine eu acordando às 7, não podendo fazer nada (café, limpeza, arrumação, etc) porque sou hóspede na casa dos outros, e ainda por cima ter que esperar até 11:30 da manhã para sair de casa? Se fosse por mim, já às 7:30 estava com o pé na rua. Mas os familiares do Robert levaram um tempinho pra sair de casa. Eu entendo perfeitamente. Trabalha-se a semana inteira, acorda-se cedo a semana inteira, claro que no sábado qualquer família quer dormir até mais tarde e fazer as coisas sem pressa ou stress. Mas pra quem está de visita é diferente certo?

        Saímos de casa, estacionamos o carro perto da estação de trem e pegamos o trem para NYC, com troca de trens em Newark (que pelo que li, é a cidade com a maior concentração de brasileiros nos EUA). O trem é antigo, porém limpo e confortável. A viagem de 45 minutos foi interessante. Como disse o Ray, as cidades/bairros na periferia de NYC não são nada agradáveis de ver, mas pra mim tudo estava valendo. 


Com a família do Robert






        A última estação que deceríamos já saía debaixo do World Trade Center Memorial. Já na saída as pessoas só olhavam pra cima, para a Freedom Tower (Torre da Liberdade) que, quando concluída, será o edifício mais alto de Manhattan. 








       Depois da dor no pescoço e do bate-bate com centenas de turistas fomos visitar a igreja que fica ao lado do complexo, a St. Paul Chapel. A igreja tem um cemitério de verdade na frente. Coisa impressionante ver aquelas lápides em meio à Selva de Pedras de Manhattan. Eu não quero dar aula de história ou servir de guia. Já disse que não posto mais sobre turismo aqui porque dá muita dor de cabeça. Se quiser saber mais sobre o Memorial, a Freedom Tower e a St. Paul, procure na Wikipédia ok? :)









O lugar tem fotos e msgs a todas as vítimas do ataque terrorista de
11 de Setembro...dá uma tristeza...


Senti falta dos 5 kg que emagreci depois da minha dieta. A camada
de gordura fez falta no frio de NYC
       Rodamos a cidade um pouco e voltamos para ver o Memorial. Agora você deve estar se perguntando o por quê que chamei o passeio de PIC5T (programa de índio categoria 5 tacapes). Em primeiro lugar,  ficamos quase duas horas em pé na fila do Memorial. A segurança é quase como no aeroporto, e a multidão cresce mais rapidamente do que as pessoas passam pelos detectores...e se tem uma coisa que eu não suporto é fila. Já peguei a minha lifetime "cota" de filas no Brasil. Mas valeu a pena. As piscinas onde os prédios originais estavam é algo impressionante e até um pouco triste de se ver. E pensar que 17 anos atrás eu subi nessas torres. Jamais imaginaria os eventos de 11 de Setembro...

Foto que tirei no topo do WTC em 1996
A voz continua a mesma, mas meus cabelos, quanta diferença
(provavelmente vc só entenderá essa piada se tiver mais que 35 anos)

No interior do WTC havia essas cadeiras onde você sentava para
observar a paisagem

Foto da época em que a gente "revelava" o filme :)
Surpresas como essas sempre apareciam

Sozinha, a máquina tirava fotos melhor que eu...


Nomes das vítimas ao redor das piscinas

Neste exato lugar ficava a torre Sul


A piscina tem 9 metros de altura


Um ninho na "árvore da resistência". Única árvore que sobreviveu à destruição...



      Em segundo lugar, para meu desespero, a cidade estava com milhares de pessoas nas ruas. MILHARES....foi difícil até atravessar a rua. Uma multidão no lado de lá e do lado de cá. Assim que o sinal  abria, a multidão se chocava a meio ponto e a confusão começava. Claro que eu desisti no mesmo instante que vi a fila da Magnolia Cupcake dando a volta no quarteirão. Não tem cupcake no mundo que me faça ficar em uma fila de 200 pessoas. Em frente ao Rockefeller Center (onde tem a big árvore de Natal) eu fiquei espremido e sem possibilidade de movimentação por aproximadamente 30 segundos. Quase tive um ataque de pânico e a única coisa que passava na minha mente nesse momento era sair dalí e ir pra bem bem bem longe. Assim que me livrei da mutidão e nos encontramos todos, disse que queria ir embora. Já era noite e pra mim foi o ápice do desapontamento. A cidade estava linda, cheia de turistas (até demais), mas voltar a NYC duas semanas antes do Natal não faz mais parte dos desejos da minha vida natural neste planeta. Pior que isso só deve ser passar a virada do ano no Time Square. 

E eu nem sabia que no Time Square não transita mais carros...?

Olha a multidão do outro lado da rua!!

Neste dia na cidade, centenas de pessoas estavam vestidas de Papai Noel
Depois fiquei sabendo que houve um desfile de Papais Noéis



As vitrines estavam fantásticas...


Momento ataque de pânico...pensei que era a última foto da minha curta vida...



        No domingo, pedi para o Robert me mostrar a rua onde ele nasceu e cresceu. Eu adoro ouvir essas histórias de vida das pessoas sabe? Foi a primeira vez que ele voltou lá depois que veio para a Flórida. Ele ficou chocado como tudo parecia tão pequeno em comparação com as memórias que ele tinha. O mesmo aconteceu com Bruce Willis no filme "The Kid". Como ele era pequeno, as imagens registradas na mente dele eram enormes. Agora que ele tem 1,81m, claro que tudo parecia pequeno. :)


A rua que o Robert nasceu se criou.
Fiquei com pena quando ele disse "I was just a poor kid in a white trash neighborhood"
:(
A casa onde ele nasceu e viveu até se mudar para a Flórida.


                Na segunda feira partimos para Boston. Infelizmente depois de 6 horas de viagem chegamos a Boston na tarde de uma Segunda-feira chuvosa. A chuva se estendeu por mais dois dias. Como nosso vôo já era no dia seguinte às 4 da tarde, deu pra ver quase nada da cidade. Debaixo de chuva, sem guarda-chuvas e com tenis de nylon, me arrisquei a ver algumas coisas ao lado do hotel como o Quincy Market, O Aquário de Boston (que estava em reforma e só 40% funcionando - viu como sou pé quente?), algumas lojas e um excelente restaurante. Vai ficar para a próxima vez já que a prima do Robert casa o ano que vem e a família vai em peso, comigo no rabo do cometa. Aí sim pretendo ficar uns três dias na cidade e ver tudo o que eu não vi.

Não nevou, mas o frio fez a água da chuva congelar nas árvores.



A árvore de Natal do Quincy Market







"I" found Nemo...
        Agora eu quero contar-lhe algo interessante. Quando vim aos EUA pela primeira vez em 1996 para estudar inglês na Simmons College em Boston por 5 semanas, fiquei em uma casa de família situada na pequena e charmosa cidade de Charlestown, do outro lado do rio. A casa que fiquei tem 5 pisos e muitos anos de história. A minha host mother Barbara tinha 75 anos na época e era muito amável e ativa. Algumas coisas estranhas aconteceram. Por exemplo o filho dela insistia em me buscar nos lugares. No caminho ele xingava todas as pessoas e fumava maconha dentro do carro. Eu ficava branco como cera. Uma vez na sala de jantar uma das filhas chegou com um pequeno album de fotos da família e esse album foi passando a todos e quando chegava em mim a pessoa a meu lado entregava o album para a outra pessoa ao meu lado, me "pulando" entende? Assim eu não fui apresentado ao album de familia. Estranho...

Boston no inverno de 1996

Alunos brasileiros no mesmo programa


Barbara, Jack, Dan e uma estudante do Japão.

A casa da Barbara decorada para o Natal


      Tenho boas recordações daquelas 5 semanas. Aprendi muita coisa com a Barbara e o falecido marido dela o Jack. Com o retardado do Dani eu aprendi o que não fazer. Fiquei pensando se ia na casa dela falar com ela porque, por um tempo, até nos correspondemos. Consegui encontrá-la no Facebook, ela deve ter por volta de 90 anos! Mandei duas mensagens mas ela nunca respondeu. :( snifff

         Passei la na casa, mas só de olhar sabia que ela não estava mais lá. A casa não estava decorada para o Natal. Depois fuçando no Facebook dela e do Dan (que feio eu hein!?), descobri que quem mora lá é o Dan (que hoje é bombeiro) com a mulher que parece mexicana e uma filha bem pequena. A casa está bem diferente de quando a Barbara cuidava dela. A Barbara mora a 45 minutos de Boston em uma casa linda e "parece" que casou-se novamente porque mora em uma casa maior e tem um "senhor" nas fotos dela. A ausência de resposta da Bárbara e a visita à 34 Cook Street antes de ir ao aeroporto selaram a lápide desse passado distante. Só guardo boas lembranças, mas quem vive do passado não vislumbra o futuro. 



A casa hoje, só a falta da cortina na sala de estar já me disse
que a Barbara não vive mais na casa da 34 Cook Street de Charlestown MA
Barbara viveu nesta casa por 60 anos!!

Ruas de Charlestown

        Boston continua linda como antes. A diferença na educação das pessoas "em qualquer lugar" é percebida em instantes. Percebi mas achei que era minha impressão. Depois ouvi o Robert falando com a mãe dele como as pessoas lá eram diferentes das da Flórida. Um lugar onde até estranhos na rua sorriem pra você e dizem "hi". Foi isso o que ele disse. Assim que chegamos em Orlando, ele, contagiado com a experiência, sorriu para a moça hispana no caixa de pagamento do estacionamento e disse "thank you, have a great night" ao que ela simplesmente ignorou e virou-se para continuar a conversa em espanhol com o colega de trabalho. E o Robert disse pra si mesmo: "She doesn't give a shit...welcome to Florida!!!"
Rá!
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