quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O Furacão Matthew

   

       Este é o ano que ficará na história como o ano em que o furacão Matthew atingiu a costa da Flórida. Faz quase uma década que a Flórida não era atingida por um furacão. Todos os anos, no início da temporada que vai de Junho a Novembro, os repórteres e meteorologistas dizem, "pode ser esse ano". E esse ano chegou.

          Os americanos estão monitorando essa tempestade por volta de 20 dias. Todos os dias no noticiário alguma notícia da tempestade era transmitida ao público mas, somente na semana passada é que chegaram à triste constatação que a tempestade se organizou à categoria de Furacão e a Flórida está na rota do furacão Matthew. Alguns ficam curiosos de saber o que está se passando por aqui no momento. 




          Em primeiro lugar eu queria dizer que eu fico abismado com a falta de informação (e de interesse) de muitos brasileios que moram em Orlando. Segunda feira muitos sequer sabiam que havia um furacão em nossa direção. Outros diziam que não iriam comprar nada (água, velas, comida em lata, etc). Uma desinformação total e por que? Por que não assistem ao noticiário. Muitos porque não entendem a língua e outros desinteresse mesmo. Estão mais preocupados com o que passa no Instagram!

          A qualquer hora do dia, só se fala nisso. O governador da Flórida Rick Scott deu várias entrevistas durante a semana dizendo que, se realmente essa tempestade viesse em nossa direção, as consequências seriam devastadoras. Principalmente para quem vive no litoral. 


Rick Scott disse: "Fuja! Fuja agora!!"

           A situação no momento é tensa, muito tensa. Uma expectativa incerta terrível, principalmente para mim que nunca enfrentei um furacão e já na minha primeira vez, estarei sozinho em casa com 3 cachorros. 

No começo pensava-se que Matthew iria mais para o oceâno
Pressões atmosféricas empurraram Mathew para a
esquerda trazendo a tempestade mais próxima da
costa da Flórida
 - Os noticiários fornecem a todo momento telefones e endereços de abrigos, abrigos que aceitam animais de estimação, abrigos para animais de estimação, horária de evacuação, obrigatoriedade de evacuação para certas áreas, rotas, listas do que comprar e uma infinidade de outras informações. 

 - É incrível a organização dos americanos. As soluções, o apoio das autoridades, os voluntários, as provisões sem custo. É muito bonito de ver a união, que não é de última hora, tem sido tudo planejado desde que se constatou que o risco era grande, há mais de 10 dias. 

 - Os supermercados e postos de gasolina estavam um caos para quem deixou para a última hora. Já na segunda feira eu fiz a minha lista e me danei para o supermercado. Quem deixou para ontem não encontrou água, comida em lata, nem mesmo gasolina nos postos. Ou filas de até 2 milhas para abastecer. E porque abastecer? Para fugir? Não amigo, quem tiver que fugir já devia ter fugido, o tanque cheio é porque se a luz acabar por uma semana as bombas dos postos não funcionam.




 - Quem tem que evacuar? Basicamente quem está no litoral e em áreas de alagamento. Repórteres e autoridades estão implorando para as pessoas reconsiderarem pois muitos estão se negando a evacuar. São esses que geralmente viram as vítimas do Furacão. As autoridades já avisaram que se algo acontecer a estes durante a tempestade, estes não receberão ajuda até que a tempestade passe. Estão por conta própria. É realmente assustador se pensar que pode haver ondas e alagamento de até 3 metros de altura. Me corta o coração pensar nos animais de estimação dessas pessoas que não têm a mínima idéia da decisão que seus donos estão tomando.



 - Nós que não estamos na costa não precisamos evacuar mas há muitas coisas que devemos fazer. Recolher tudo no quintal que possa sair voando. Cadeiras, mesas, vasos leves, etc. Se preparar com água e mantimentos, também baterias, pilhas, velas, etc. Carregar todos os telefones celulares, pads, etc. 

         Só nos resta agora esperar. Eu, por incrível que pareça, tenho um cliente agora de manhã que veio a Orlando somente para ver um condomínio e volta ao Brasil no sábado. Tem que ser agora de manhã ou esquece. Depois vou dormir porque durante a noite tenho certeza que vai ser difícil pregar o olho. Além do barulho e do fato que meu cachorro Dexter vai surtar, é bom ficar acordado e de olho, pois se algo acontecer há como tomar alguma providência. Uma janela quebrada, um barulho de árvore rachando (pessoas relatam que ouvem) e outros. Vai ser uma longa noite e que Deus ajude a todos. Principalmente que as pessoas ajam com responsabilidade e protejam-se pois o estado está provendo tudo a seu dispor para que ninguém saia machucado ou perca sua vida por conta do Matthew.

A última previsão é que Matthew pode inclusive rotacionar
e voltar novamente em nossa direção.
Um outro furacão Nicole está se formando no Atlântico e
pode também atingir a Flórida

domingo, 18 de setembro de 2016

Design de Interiores nos EUA

          Muitas pessoas ao decorrer deste ano mesmo me pediram para escrever sobre Design nos EUA e quais as principais diferenças entre os EUA e o Brasil em termos de Design. Em primeiro lugar, eu tenho uma ideia de como é projetar no Brasil mas não saberia dizer exatamente como funciona pois, afinal de contas, nunca trabalhei como designer no Brasil. No Brasil, meu último emprego, como os leitores sabem, foi de professor de matemática na Escola Carandá em São Paulo. No entanto, é possível ver claramente as diferenças entre esses dois países com respeito ao estilo e também quanto às lojas, sem falar no custo de decorar uma casa aqui e uma no Brasil. Mas não vamos partir para esse assunto depressivo, não é mesmo?

          Vale dizer que as construções variam também, assim como o estilo. No Brasil percebo já por muitos anos uma tendência moderna nas construções e também no design e decoração. O brasileiro gosta muito de branco. Vários clientes meus, ao primeiro contato pronunciam as palavras "moderno" e "branco", muito associado com o termo "clean" e "minimalista" que significa o mínimo necessário dentro de um ambiente. Se formos traduzir este parágrafo em uma imagem externa e interna, seria mais ou menos assim:




          E isso é ruim? Logicamente que não. Cada um de nós tem um estilo que nos atrai e que gosta mais do que outros e isso se deve por vários fatores como a casa em que cresceu, bem como a época em que viveu. Dito isso não é muito comum ver, nos EUA casas modernas com interiores modernos também, principalmente na Flórida. Há bairros e cidades onde esse tipo de arquitetura e design são mais comuns e mesmo em Orlando, aqui vizinho a mim, em Winter Park, várias casas antigas foram demolidas e no lugar, construíram-se casas modernas como essa. Na Califórnia esse tipo de construção é bem comum e no Brasil também. E a minha opinião qual é? Gosto deste estilo? Sem dúvida nenhuma é um estilo muito bonito, mas mesmo nesse ambiente acima, podemos detectar alguns pontos ou falhas em termos de "design". Vamos primeiro deixar claro que decorador não é designer e arquiteto, embora seja "designer" pois o termo traduzido seria "projetista", este não tem, no curso de arquitetura nem aqui, nem no Brasil, um estudo aprofundado sobre design de interiores, princípios do design, história do interior design, mesmo dentro das cavernas que foi o primeiro tipo de design na história da civilização. O curso de design oferece em 4 anos, um estudo aprofundado do interior das construções, desde casa até hospitais e como o ser humano se comporta e sente as características do ambiente ao seu redor.



          Na foto acima, um ambiente monocromático (monotone em inglês) dá para perceber que o sofá da sala não é confortável. O assento está deveras longe do encosto o que fará com que o corpo fique quase deitado no sofá, com a coluna encurvada e o pescoço virado para frente. A não ser que você tenha mais de 1,90m de altura e somente menos de 10% da população tem, essa é a posição que irá sentar neste sofá. Os dois assentos, mesmo o sofá como as cadeiras estão posicionados um à frente do outro. Se quiser assistir TV terá que virar sua cabeça 90 graus ou 45 graus o corpo e 45 graus a cabeça. A Tv está posicionada distante dos assentos. Para cada tamanho de TV há a distância mínima e máxima para assistir confortavelmente, bem como a altura em que é posicionada. Outro fator é que sem o auxílio de cortinas e black outs, a luz das grandes janelas torna difícil visualizar o que há na TV, a não ser que seja noite. Percebeu? É bonito na foto, mas não é "functional". Não é funcional, não funciona para o objetivo proposto. Uma outra palavra que não combina com esse interior e que quase todos nós buscamos é a palavra "aconchegante". Aliás o branco tem pouco de "aconchegante". Também a palavra monotone (um só tom) tem uma derivada monótono que você sabe bem o que é. 

          Outro fator a considerar é que esse tipo de ambiente "casa" com o estilo arquitetônico da propriedade. Mas seria um erro fazer um ambiente desses dentro de uma casa com estilo arquitetônico tradicional. Ao entrar na residência sentiríamos que algo está errado e não saberíamos dizer o quê.

Em uma casa no estilo American Colonial seria um
erro fazer ambientes ultra modernos

       Nos EUA, há diversos estilos de construção e o moderno deve ser o menos construído. Principalmente pelo custo. Casas modernas custam, pelo menos, o dobro do valor por pé quadrado, do que uma construção tradicional quase em qualquer estilo. Mas o moderno dá status, dá idéia de caro, de "riqueza", de sucesso, de bom gosto, etc, claro, primeiramente difundido pelos filmes de Hollywood. Por esse motivo muitos desejam ter este tipo de construção e design, não tanto pelo conforto, mas pela beleza e pelo status. Casas ultra modernas têm mais a ver com o status que proporciona do que com o aconhego que a família sentirá dentro da residência. Dá uma impressão que o proprietário é no mínimo uma pessoa sofisticada, inteligente, acima da maioria. Será?

           Até este ponto conseguimos definir a principal diferença. A grande maioria dos brasileiros gosta do moderno e branco enquanto a grande maioria dos americanos, agora, opta pelo tradicional contemporâneo. O que seria o tradicional contemporâneo? Aqui vão algumas fotos:





          Há alguma dúvida de que estes ambientes são aconchegantes? Sim, é o tipo de design que faz você não querer sair de casa. Sua casa é o melhor lugar do mundo e a pessoa deriva prazer da beleza, funcionalidade e "aconchegância" (inventei agora rss). Os som são abafados e absorvidos pelos diversos tipos de tecido e texturas. Cortinas filtram a luz externa e não agridem a visão. Não há contraste e seu rosto não franze por causa do excesso de luz. As camas, cadeiras e sofás são confortáveis e o design feito para estatura da maior parte da população. Tudo foi pensado inclusive aonde sentar para amarrar os sapatos. As pessoas só percebem a falta de um banco ou cadeira quando têm que sentar em uma cama alta para calçar os sapatos.

          Não fica nada barato fazer ambientes assim. Dá para ser criativo e economizar em muitos pontos, mas projetar tetos, paredes, molduras, lareiras, janelas etc pode custar caro pois a m-d-o nos EUA não é cara e sim "valorizada". Quem trabalha bem e é profissional quer receber bem pelo que faz e merece mesmo. Se achar que um profissional é caro, imagine quanto custará um amador depois do resultado imperfeito?

         Por esse motivo há uma diferença principal entre Brasil e EUA. As lojas tem móveis tradicionais, tradicionais contemporâneos e quase nada de moderno. Há pessoas que vão até Miami para poder visitar lojas e comprar móveis modernos para suas casas. Como eu já disse antes aqui no blog e repito sempre para meus clientes, "gostar de decoração e achar que tem bom gosto, todo mundo acha". Mas colocar tudo junto em uma casa só é preciso um pouco de teoria aprendida em cursos específicos. Há inúmeras coisas a considerar, a saber, cor, luz natural, artificial (há 5 tipos), circulação, segurança, funcionalidade e por aí vai. Uma contagem simples dos livros sobre design que tenho nas prateleiras da minha sala e que tivemos que estudar na faculdade são pelo menos 30. Há sim o fator bom gosto e talento, mas grande parte é teoria mesmo. 

Somente este livro, tem 700 páginas e estuda
em detalhes a circulação dos ambientes

          Há em Orlando uma loja de móveis modernos chamada Scan Design. Um sofá nesta loja pode custar 10 mil dólares. Uma cadeira, 3 a 4 mil. Com orçamento pequeno (geralmente é o caso) fica inviável comprar móveis nessa loja. É claro que ao adquirir um imóvel em Orlando, os brasileiros tentam comprar o melhor imóvel possível que podem pagar, mas quando chega na hora do Design e decoração, praticamente o dinheiro já acabou o orçamento é muito pequeno. Uma boa decoração e design deveria ser entre 15 e 20% do valor do imóvel para fazer algo médio-alto padrão. Mas a maioria que compra um imóvel de 450 a 500 mil dólares quer decorar uma casa toda com 35 a 40 mil que é menos de 10% do valor do imóvel. E não dá pra fazer? Sim, claro que dá, mas não vai ficar do jeito que a pessoa "imagina". 

Na Scan Design de Orlando dá pra comprar móveis
para se montar uma casa igualzinha a dos Jetsons

          Especialmente para as casas de locação de temporada, o que são 90% dos casos em que minha empresa é contratada, é preciso fazer algo que a maioria gosta, não especialmente o cliente. Se o cliente só vai usar a casa dele 10% do ano, então o seu gosto deveria ser 10% do design e 90% dos outros clientes que usarão a casa, se a finalidade é alugar e fazer com que o imóvel se pague e ainda sobre um pouco para a família vir passar as férias nos EUA. Na prática é o contrário. O cliente deseja 90% do seu gosto e não quer se importar com o que a maioria gosta. Por exemplo, americanos e europeus não alugam casas modernas e brancas, que é o que o brasileiro quer. E os brasileiros querem casas brancas e modernas o que não há muitas disponíveis no setor de locação. Se fizer uma decoração para um tipo específico, perde-se o resto da clientela em potencial. Por isso é bom fazer neutro. 

         Por esse motivo, sempre que inicio um projeto, converso bastante com os clientes e os faço entender que o melhor projeto para uma casa de locação e férias é o tradicional contemporâneo aliado ao estilo "boutique hotel" que qualquer um pode pesquisar na internet. O estilo boutique hotel é o que vemos nos hotéis mais caros do mundo. Há o mínimo de estampas, não é masculino nem feminino e não vai a nenhum extremo. Agora se a casa é só de férias da família, pode-se então fazer o que quiser. Sempre pensando numa futura venda da propriedade é sábio não ir à extremos. As tendências são em quase sua maioria um erro enquanto a elegância nunca cai de moda. Um exemplo é o uso de papel de paredes. Enquanto no Brasil é moda, nos EUA é fato que casas que têm papel de parede são mais difíceis de vender pois além de ser muito pessoal é trabalhoso e custoso retirá-los de paredes feitas de drywall e quase sempre com texturas. Em termos simples o papel de parede "espanta" os possíveis compradores. O objetivo de todo designer, nos tempos atuais onde o dinheiro é curto, é criar um ambiente "timeless", não está associado a nenhuma época e também jamais parecerá velho ou ultrapassado. 

          Pouca gente sabe mas, o design e decoração de uma residência pode melhorar a qualidade de vida da família de uma maneira jamais pensada. A segurança, funcionalidade e beleza pode fazer que os proprietários não só tenham uma vida repleta de boas sensações dentro de sua casa, mas também um lar que dá orgulho em receber amigos e parentes. Eu acredito que o próximo post, pedido por muitos, será como funciona na prática fazer um projeto aqui nos EUA em detalhes. Desde a conversa com os clientes até a montagem da casa.

           Seguem algumas fotos de ambientes que eu projetei e montei junto com minha equipe. Não são necessariamente o meu estilo, mas o melhor dentro do estilo e gosto de cada cliente.






O quarto da Juju ;-)



















segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Quero Mudar Para os EUA

          Já faz um mês que não escrevo para o Blog. Não que eu esteja sem tempo, falta mesmo inspiração. Eu acho que já escrevi de tudo aqui no blog e não parece haver algo que ainda possa ser escrito. No começo do blog, quando as coisas eram novidade e até mesmo um choque cultural eu tinha uma grande lista de coisas que eu queria escrever a respeito. Agora, eu fico semanas tentando pensar no que escrever pois me dá prazer escrever, mas sem inspiração ou assunto. Eu vejo que a maioria dos blogs que começaram junto com o meu já foram abandonados pelos autores e eu não gostaria que acontecesse isso com o meu. Será inevitável? Os leitores poderiam me dar uma ajuda não acha? O que você gostaria que eu escrevesse a respeito?


          Mas hoje me veio uma ideia após ouvir mais uma triste história de uma família que está voltando ao Brasil, cujo sonho de viver nos EUA virou um pesadêlo. Eu tenho minhas próprias conclusões sobre o motivo da decepção e gostaria de compartilhar com todos. 

          Eu mesmo cometi muitos erros mesmo antes de mudar e depois que me mudei também. Hoje teria feito as coisas um pouco diferentes, mas tudo foi aprendizado. Na hora da euforia a gente acha que pra tudo dá se um jeito e pra quase tudo, nós brasileiros, temos uma saída inteligente, um jogo de cintura, uma garra, etc. Mas para alguns, isso parece dar muito trabalho e depois de um tempo a vida nos EUA parece não valer mais a pena. Eu já conheci pelo menos 2 dezenas de pessoas que vieram e voltaram depois de pouco tempo. Porque isso se dá? Vamos lá, mas lembre-se é a minha opinião e não é regra. Para cada um que volta há dezenas que ficam:

- Falta de planejamento. 
Em quase todos estes casos, as pessoas vieram despreparadas. Tinham dinheiro, se encheram do Brasil, venderam as coisas ou limparam a conta corrente e vieram com visto de turista mesmo. Alguns, um pouco mais sábios, vieram com um visto de estudante para cursos de inglês. Não fizeram uma pesquisa extensa no Brasil, não consultaram um advogado de imigração para ver quais a chances reais de conseguirem se estabelecer definitivamente nos EUA, os caminhos, principalmente não pesquisaram a fundo a vida nos EUA. A imagem que eles tinham é a que adquiriram em muitas férias passadas nos EUA. Quando o dinheiro acabou ou quando o visto expirou, sem trabalho e sem chances de se legalizar a saída mais plauzível mesmo era o retorno. 
É preciso fazer muita pesquisa. Não se pode sair perguntando e esperando por respostas prontas. Tem mesmo é que gastar muitas horas no computador e consultar profissionais "recomendados" que têm experiência e histórico de honestidade como advogados, contadores, corretores, etc.



- Não estar preparado para a adaptação
No Brasil as famílias geralmente têm empregada ou empregados. Aqui a coisa é diferente. Mesmo americanos de classe média alta limpam sua própria casa, lavam a roupa suja e a maioria não frequenta cabelereiros, manicures, etc. Aqui as pessoas trabalham fora e ao chegar em casa começa o segundo turno. Claro que as coisas são mais práticas. Não há aquela poeira danada do Brasil mesmo porque as janelas ficam constantemente fechadas e o ar condicionado tem filtro. Contratar serviços de limpeza e ter uma empregada doméstica o tempo todo custa tão caro que as pessoas fazem elas mesmas. Então uma pessoa que muda para os EUA, compra uma casa grande e depois vê que não é possível pagar uma empregada em tempo integral, sentem falta da vida de mordomias do Brasil. As assistentes aqui cobram por hora e a limpeza não se faz como no Brasil, é tudo por cima. 
Outro fator é que, se não tiver autorização para trabalhar a pessoa talvez tenha que se submeter a coisas que não estava acostumada no Brasil, como limpar casas, pintar paredes e outras coisas. Já ouvi muitos dizerem que no Brasil tinham quem limpava pra eles e aqui nos EUA tem que limpar para outros para sobreviver e que isso não é o American Dream da pessoa. 


- Se envolveram com as pessoas erradas.
Eu sempre digo: Nem todo brasileiro é picareta e nem todo americano é honesto. Mas infelizmente há uma certa parcela da população brasileira vivendo nos EUA que não vai hesitar em tirar proveito de uma família que se instalou aqui com o bolso cheio de dinheiro que talvez levou uma década para adquirir. Há casos de pessoas e famílias que se meteram em vários negócios com "brasileiros gente boa" e que se deram muito mal. Parece que brasileiro não tem medo de fazer coisa errada nos EUA e embora muitos se dêm mal, há sempre aqueles que escapam ou sabem muito bem como burlar as leis e tirar proveito do sistema americano. Sempre é bom ter muita cautela quando o assunto é dinheiro. Qualquer negócio tem que ser feito por contrato e com ajuda de um advogado para que depois, caso dê errado, nenhuma das partes se sintam expoliadas. Se quiser pode ler este post aqui sob sub emprego. Pode parecer legal e não incomodar, mas às vezes é bem difícil. 


- O custo de vida
Nem é preciso se estender muito nesse assunto pois é claro que o custo de vida é menor. Mas se este custo de vida for pago em "reais" (dinheiro do Brasil) lembre-se que ele triplica pois agora o dólar custa mais que 3 reais.
Os carros, as casas, o supermercado, planos de saúde, etc é mais barato obviamente. Mas depois que se coloca tudo em uma pilha de contas, há um custo sim. E ao invés de sair perguntando a torto e à direito quanto se gasta nos EUA qualquer um pode entrar na internet e consultar o preço de qualquer coisa, desde aluguéis, supermercado, conta de luz, planos de saúde e por aí vai. Mas alguns acham mais fácil (e é mesmo!) perguntar e receber uma resposta pronta. No meu caso, eu tenho emails e perguntas que se empilham até o céu, não é possível responder a todos por coisas mínimas como por exemplo "quanto se gasta de supermercado aí?" Como eu vou saber os hábitos alimentares de cada pessoa que pergunta?

- Despreparo em geral
Algumas pessoas sequer sabem fazer uma simples pergunta em inglês. O que acontece quando são parados por um policial por passar do limite de velocidade? Não fizeram um curso no Brasil, fazem aqui mas não praticam. Instalam a Globo internacional em suas casas, só falam português o tempo todo e acham que a língua vai ser automaticamente "downloadeada" para dentro da cabeça.
Estão despreparados para encarar trabalho pesado, longas horas de trabalho, outros tipos de trabalho, estudar e trabalhar ao mesmo tempo, não conhecem e não fizeram pesquisa sobre como funcionam as leis de trânsito, como se dirige nos EUA, como é o seguro de carro para estrangeiros, como funcionam as casas nos EUA, o ar condicionado, um simples cortador de grama, o filtro da piscina, etc. Depois se vêm bombardeados de coisas para fazer e aprender e ficam totalmente frustrados. E tem ainda os que exigem tradução quando o professor da escola pede uma reunião com os pais para falar sobre o filho. Se estas pessoas fossem professores no Brasil e um americano exigisse esse tratamento, achariam um grande absurdo...

 Preconceito
Depois de viver quase uma década com uma família americana, com parentes e amigos americanos eu posso afirmar objetivamente: O americano tem preconceito de comportamento. Dificilmente a gente se depara com alguém que tem preconceito de cor, raça, etc. Mas demonstre um pouco sequer de coisas que no Brasil são comuns como falta de educação, desrespeito, falta de consideração e o sujeito vai sofrer preconceito. Coisas que no Brasil para nós nem são algo muito grave como não pedir por favor ou dizer obrigado ao garçon "todas as vezes que se fala com ele", aqui são levados muito a sério. Cortar a frente das pessoas, não segurar a porta, não dar bom dia, falar alto, etc é motivo suficiente para um americano querer distância de outro americano quanto mais de alguém de outra nação! Fazer festa e churrasco até altas horas da madrugada nem no Brasil devia ser permitido pois incomoda quem quer e precisa dormir. É uma baita falta de consideração. Alguns simplesmente não estão nem aí, depois chamam os americanos de preconceituosos pois o vizinho não olha na cara deles. Porque será não é mesmo?


- Se indispôr com a comunidade, vizinhos, etc. 
Parece que brigar é inerente em algumas pessoas. Brigam com um, depois com outro, depois com outro até que ficam brigadas com todas as pessoas. Tudo o que acontece pode ser resolvido em muitas maneiras. Mas alguns preferem brigar e romper. Depois de um tempo essas pessoas ficam mal faladas na comunidade brasileira ou até mesmo entre os americanos e começam a se sentir isoladas. Mais um motivo para querer voltar ao Brasil. 



- Não conseguir uma renda nos EUA
Quanto mais simples a pessoa que vem aos EUA e se aventura na modalidade "vou ficar ilegal" melhor ela se dá. Estes não esperam ganhar muito dinheiro, não querem ficar ricos, não escolhem trabalho e parece que tudo está bem.  Trabalham com qualquer coisa e se dedicam. Parecem até mais gratos por tudo o que têm, especialmente de viver aqui pois a vida no Brasil era infinitamente pior do que a que levam nos EUA. Aqui eles conseguiram coisas que no Brasil talvez nunca conseguiriam fazendo serviços simples e, porque são humildes, não se incomodam o trabalho. São bem quistos pelos empregadores americanos que, talvez nem liguem pelo fato de serem ilegais. No entanto para alguém da classe média e média alta do Brasil, se não conseguir uma fonte de renda aqui nos EUA que permita viver de uma maneira mais confortável, acham que não vale a pena ficar. Se não conseguir a legalização, um comércio ou um bom emprego, as chances de voltar são grandes, pois estas pessoas não irão deixar um certo status no Brasil para trabalharem em serviços "mais simples". Por isso o planejamento é fundamental. Outra coisa que vale dizer é que, empregador brasileiro, na maioria das vezes, suga até a alma do empregado brasileiro que não tem documentos. Algo assim herdado dos portugueses entende?

        A vida nos EUA pode ser maravilhosa. O American Dream que, na minha opinião é, ter saúde, uma boa casa, uma boa família em um lugar bonito e seguro é possível. É possível sim imigrar pelas maneiras legais e há muitas maneiras. Estudo, abertura de empresas, como investidor e outras. Só que é preciso pesquisa, consultoria, planejamento e dinheiro. As chances de alguém se legalizar trazendo no bolso aos EUA 5 mil dólares é possível somente através de casamento com pessoas que são cidadãos ou que possuem Green Card. É preciso dinheiro e não é pouco, como também vontade de trabalhar e "coragem". Vistos de trabalhos são difíceis de conseguir, é só pesquisar as exigências do visto H1-B que verá que pouca gente se qualifica. No entanto, para aqueles que vêem e conseguem se adaptar, a vida no Brasil, depois de um tempo nem se torna mais uma opção. Há excelentes exemplos de pessoas que se deram muito bem e que estão muito felizes, como eu por exemplo. Se esse é o desejo de alguém, assim como era o meu, é preciso lutar por ele com unhas e dentes. Obstáculos só nos deixam mais preparados para outros obstáculos. Se não for a hora, trabalhe mais, estude mais, se qualifique mais e economize. Use esse tempo para pesquisar tudo o que puder, assim quando chegar, as chances de ter que voltar serão muito menores do que alguém que veio despreparado. Boa sorte!!





Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...