domingo, 14 de agosto de 2011

Block Party e a festa dos vizinhos

Aqui na casa nós temos um ritual todas às sexta-feiras. Jantar fora e movie night! - 2 filmes depois do restaurante. Dois filmes? É, parece demais não? O que acontece é que os americanos em geral, jantam muito cedo. Talvez pelo fato de o almoço ser bem leve ou nem mesmo existir. Portanto, 5:30 até 6:30 da tarde, a maioria dos americanos estão jantando. Nós nos encontramos no restaurante às 5:30 e antes das 6:30 já estamos em casa assistindo aos filmes. Como o primeiro filme começa cedo e termina por volta das 8:30, sempre acabamos por assistir mais um. E foi em uma dessas sextas-feiras que eu assisti ao filme “Killers” e notei algo interessante. No filme aparece uma block party. O que é isso?
Block Party no filme Killers

Como o próprio nome já diz, a block party é uma festa do bloco. Os primeiros relatos de block parties são da época da Primeira Guerra Mundial em East Side, Nova Iorque. Hoje, o tamanho das block parties podem ser de uma rua até o fechamento de um bairro. Algumas podem ser do tamanho do Brazilian Day em NYC. Porém, as mais interessantes são as parecidas com as do filme Killers. Vizinhos do mesmo bairro pedem autorização para a prefeitura, fecham a rua e todos participam da festa. Alguns fazem churrasco, barraquinas com comidas típicas (por exemplo, uma família chinesa vai fazer os pratos chineses), e barracas com brincadeiras e prendas. É muito interessante. Uma maneira de os vizinhos se conhecerem melhor, conversarem e brincarem juntos.

Block party

Ontem fomos convidados por um casal que se mudou recentemente para o bairro para a festa de inauguração da casa que eles reformaram. Eles convidaram todos os vizinhos próximos à casa deles. Ofereceram toda a comida e bebida. A casa, antes caindo aos pedaços, foi totalmente reformada e realmente o casal fez um ótimo trabalho (visto pelos olhos de um futuro designer J). Foi a primeira vez que eu tive a oportunidade de conhecer outros vizinhos. Todos muito gentis, principalmente a senhora chinesa que more em frente à nossa casa. Foi dela a idéia de fazermos uma “block party” no ano que vem para a nossa vizinhança e eu adorei a idéia. Mas deixa eu contar algumas coisas interessantes a respeito da festa de ontem. Como fiquei sem graça de pedir para tirar fotos, vou relatar o que vi para os leitores curiosos do blog.

Conversando com a "Quin" (chinesa dona da casa), ela me contou que eles demoliram
a casa antiga e construíram essa. Ela é cabelereira e o marido é pintor. A casa
é maravilhosa...

Do outro lado da cerca do quintal daqui de casa eu já vi tendas armadas no quintal. Como a meteorologia quase infalível prometia chuva na parte da tarde, pensei que este era o motivo das tendas. Chegando lá já algo “di” diferente. Uma caminhonete, estacionada à entrada da casa, com adesivos de insetos por todo o veículo, soltava ao ar um nevoeiro de água e perfume que espantou completamente todas moscas e pernelongos. Wow! Dentro da casa comida por todos os cantos. Hamburguers, cachorro quente, maionese, salada de frango, carne desfiada, pães, saladas, etc. O convite dizia que a festa iria das 2 até às 10pm. Em um certo ponto devia ter umas 50 pessoas na festa. No quintal diversos tipos de jogos(ping pong, dardo e outros) que estavam sobre as tendas. Acoplado às tendas, o mesmo nevoeiro perfumado saía de pequenos tubos. Ventiladores no quintal soltavam também um spray que perfumava e refrescava os 38 graus da tarde. Tudo alugado...

foto de uma block party que eu peguei no google
Ficamos 4 horas na festa. Conheci vários dos vizinhos. A grande maioria americanos. Todos foram muito bondosos, conversaram muito comigo, mostraram interesse genuíno e alguns já até me convidaram para um jantar na casa deles. Um casal até me convidou para ver a casa deles do outro lado da rua que tem um lago no quintal. Embora o convite dizia que toda a comida e bebida seria fornecida eu não vi ninguém chegar de mãos vazias. O Bobby quis levar uma garrafa de vodka. Eu pensei em fazer uma sobremesa mas a preguiça tomou conta de mim. Quem sabe na próxima?

O ponto A é onde moramos. Se você clicar na foto conseguirá ver as setas
vermelhas que eu coloquei. A casa da esquina é a da festa e a casa
em frente a ela, é a casa que tem o lago no quintal...


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

The Brazilian Day


  
Estima-se que três milhões de brasileiros vivam atualmente no exterior. Não se sabe exatamente a quantidade de brasileiros que vivem nos EUA. Sabe-se, no entanto, que os brasileiros já são mais que um milhão de pessoas por aqui. Segundo a ONG Brazil Information Center (BIC) somente nos estados de Nova York, Connecticut e Nova Jersey vivem 300 mil e o mesmo número também na Flórida.
E não é que a Rede Globo Internacional entrou em contato comigo para divulgar o Brazilian Day que acontecerá no dia 4 de Setembro deste ano? Eu já tinha ouvido falar desse evento pela televisão no Brasil, mas não despertou nenhum interesse da minha parte. Pesquisando um pouco, fiquei sabendo que no ano passado um milhão e meio de pessoas compareceram à festa e lotaram os 25 quarteirões ao redor da Rua 46 em Nova York.

Este ano a Rede Globo Internacional está promovendo um concurso que irá presentear a melhor resposta à pergunta “Por que você merece ganhar dois convites VIP da Globo para o camarote e os bastidores do Brazilian Day NY?”. Além do convite, o ganhador e seu convidado receberão, se necessário, passagens de avião para Manhattan, traslados e duas diárias em hotel cinco estrelas. Só é preciso morar nos EUA e ser maior de 18 anos.
Eu nunca fui a este evento, portanto não posso dar minha opinião. No entanto, fico imaginando um milhão e meio de pessoas congregadas em 25 quarteirões. Mas nem se fossem todos suíços com programação cult eu iria. Ainda mais com uma programação dessas em pauta. Agora, se você gosta de Samba, Sertanejo, Pagode, multidão (maioria de brasileiros), banda Calypsu (sorry, not this year baby) e Margareth Menezes é um prato cheio. Se no 4 de Setembro estiver chovendo, eu assisto você lá pela televisão. Rá!
Página do Concurso

Site oficial do Brazilian Day

Página do Facebook para enviar a resposta


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Renovar a Carteira de Motorista nos EUA

No princípio não entendi o motivo de a minha carteira de habilitação ser válida apenas por um ano. Meu visto de estudante me permite residir nos EUA até 2014, porque então minha habilitação vale somente por um ano? Por causa do número de maracutaias fraudes que estudantes internacionais estavam fazendo com a habilitação. Como assim? Fiquei com raiva...


Uma das maiores dificuldades que um imigrante ilegal nos EUA encontra é o de locomover-se. Cidades como Orlando têm um sistema de transporte público muito ruim. Para ir de Altamonte Springs até Kissimmee leva-se 4 horas de ônibus embora o percurso seja somente de 30km. E não se deve ao fato do tráfego ser ruim, como no caso de São Paulo. O problema é que para fazer um percurso desses tem que se usar 4 ônibus. Ir e voltar demoraria um dia inteiro. Por esse motivo é que a maioria das pessoas têm carro. O preço dos mesmos também pode ser considerado um outro motivo. E o que isso tem a ver com os estudantes internacionais?

Orlando - Transporte público ineficiente e "cor de rosa"
O que acontece é que muitos que economizaram, matricularam-se em uma faculdade ou mesmo uma escola de inglês, conseguiram um visto de estudante e após conseguirem a carteira de motorista, abandonaram o curso e ficaram com suas carteiras por muito tempo. Para impedir que isso aconteça novamente, o governo criou essa exigência e todos agora têm que renovar a carteira a cada 12 meses. A cada semestre concluído nas faculdades e universidades, estas enviam ao escritório da imigração, relatórios que comprovam que você ainda freqüenta o curso e que o status do seu visto está OK. Abandonar o curso, mesmo que por 1 mês implica no cancelamento do visto. Se um dia a polícia resolver checar seu passaporte e o status do seu visto, vai saber que este foi cancelado e só Deus sabe o que pode acontecer.

Com minha carteira vencida gelava quando via um carro
de polícia...
Tendo entendido perfeitamente o propósito dessa estupidez, comecei a criar coragem para ir ao escritório do Dep de trânsito onde tirei a minha carteira da primeira vez. Quem leu este post sabe que não é tarefa fácil. É como ir ao Perde Poupa Tempo do Largo 13 de Maio em São Paulo. Naquele post eu chamei o escritório de “o país da falta de educação”, e meus comentários encerram-se por aqui porque, do contrário serei acusado de racista e preconceituoso. Mas quer saber? Eu tenho muito preconceito daquele povo do Largo 13 de Maio! Meu preconceito é com a falta de educação, falta de consideração e a cara de pau de certos indivíduos. Após todas as considerações marquei, com testa franzida, o dia para ir ao escritório do Dep. de Trânsito.

Neste dia, uma tempestade caiu sobre Orlando. Pensei ser melhor adiar o compromisso. Mas pensei: “Duvido que aquela gente preguiçosa vai sair nessa chuva para ir ao DT!” Me danei para o escritório de guarda chuvas e chinelos. Se você não sabe os estacionamentos alagam por aqui e usar tênis ou sapato é uma má idéia. Pelo menos, de chinelos, você seca seu pé com o ar quente do carro.

Chegando lá? Não deu outra, o lugar estava completamente vazio. Mesmo sem hora marcada fui atendido em 5 minutos. Precisei levar o passaporte, 2 comprovante de endereço em nome da família, uma carta da família dizendo que eu resido com eles (o modelo tem no site do escritório), e meu formulário I-20 (que recebi da faculdade aprovando minha matrícula). Se eu tivesse dois comprovantes de endereço em meu nome não precisaria da carta da família.
Em 3 minutos fui atendido pelo mesmo senhor gordinho e barbudo da última vez. Grosseiramente ele me disse com sotaque sulino “Coloque os olhos na máquina e leia a linha número 5”. Esse é o exame de vista, acredita? O senhor escaneou meus documentos (por isso não é preciso fazer cópias), recebeu das minhas mãos os 68 dólares da renovação e tudo pronto! Saí do escritório em menos de 15 minutos sem a carteira e com uma carta de autorização provisória para dirigir. Minha carteira chegou uma semana depois pelo correio.
Quando você encosta sua testa no aparelho as letras aparecem
dentro do visor


Dos 68 dólares que paguei, 15 foram a “taxa de delinqüente”, acredita? Sim, eu, delinqüente e tive que pagar uma multa por isso. O “causo” é que da primeira vez que recebi o comunicado que minha carteira venceria estava escrito 06/07/2011 e na minha mente doentia eu registrei “JULHO” esquecendo-me porém, que na Terra do Tio Sam o mês vem primeiro então a data correta seria 7 de Junho de 2011. Quando entrei no site do DT e coloquei o número da minha habilitação um “SUA CARTEIRA ESTÁ VENCIDA” em letras garrafais apareceram. Como dirigir com carteira vencida aqui dá cadeia fui correndinho para o escritório. Tudo resolvido depois que eu paguei a "taxa de delinquente"... pelo menos até o ano que vem.


Essa não é verdadeira. Nos EUA, a habilitação é doc
de identidade e contém endereço. Se a pessoa muda de endereço
é obrigado a renovar a carteira em, no máximo 60 dias.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A matemática e os alunos nos EUA

Para quem não sabe essa é a minha terceira faculdade, sem contar as especializações que eu fiz no Brasil. A faculdade aqui é bem fácil, muito mais do que eu imaginava. Por exemplo, eu já fiquei com A de média em três matérias relacionadas com a língua inglesa (Speech, Information Literacy e English Composition I) enquanto americanos ficam com B e C, e muitos até são reprovados. Uma coisa interessante é que 80% das notas são compostas de trabalhos enquanto os exames valem no máximo 10%. O restante é presença e participação. Mas a matemática foi o que mais me impressionou e vou contar o porquê.

Eu não consegui que a minha faculdade pública no Brasil enviasse aqui para os EUA um histórico discriminativo do conteúdo dos Cálculos I, II, III e IV que cursei na FATEC-UNESP em SP. Por conta disso, eu tive que cursar College Algebra aqui NOVAMENTE. Fiquei muito desanimado, mas ao mesmo tempo curioso de saber como seria o curso ou como este seria ensinado. Qual seria o método pedagógico? Tradicional, construtivista ou outro? O professor, Mr. Bartlett é uma figura, no mínimo, intrigante. Mr. Bartlett só tem um braço e o outro é um gancho como o do Capitão Gancho no Peter Pan. Munido de pensamentos positivos me danei para o primeiro dia de aula.


Mr. Bartlett é um ótimo professor
As aulas não técnicas aqui na faculdade são de 4 horas da mesma matéria. Muito cansativo. O pequeno “break” a cada 50 minutos nem sempre é respeitado. As aulas são somente uma vez na semana. E a matemática? Básica demais. Ficamos semanas fazendo exercícios de regras de sinal, contas com fração do tipo ¾ + 1/3 e assim por diante. As listas de exercícios de lição de casa são imensas e poucos fazem. Enquanto o professor explica a matéria para os alunos eu já vou fazendo a lição da semana que vem. Desde a hora que chego (8 da manhã), até por volta das 11 da manhã eu já terminei toda a lição. E o que isso me custou? 15% da nota diminuída por não participar e não prestar atenção! Justo...
Descobri, perguntando para os outros alunos que, equações e gráficos que eu ensinava para os meus alunos da antiga sexta série (atual 7º ano), eles só aprendem no Ensino Médio! (antigo colegial) Fiquei pasmo e confuso. São os americanos atrasados ou nós brasileiros que ensinamos coisas para crianças de 12 anos que não fazem o menor sentido? Eu não tenho essa resposta...
Realidade do Ensino Fundamental do Brasil e Ensino Médio nos EUA.
Somos adiantados ou irracinais? Sinceramente eu não sei...
É evidente que a escola pública americana está atrasada em relação às boas escolas particulares do Brasil e adiantada em relação à escola publica brasileira onde, pasmem, pessoas saem do Ensino Médio sem saber escrever, graças ao nosso maravilhoso e inovador sistema de ciclos “anti-repetência”.
O único projeto interessante que Mr. Bartlett propôs foi uma simulação de aquisição de casa própria calculando os juros, valor principal, anos de financiamento, etc. Somente 4 alunos em 25 entregaram. Lógico que eu entreguei.

E nos exames como me saí? Mesmo sendo professor de matemática por uma década não obtive 100% em todos os exames. Do tempo de 1 hora permitido para o exame eu usei 5-10 minutos e claro, cometi erros de distração. No primeiro exame eu fiquei com 10,6 (todos os exames tem pontos extra-créditos). No segundo que eu demorei mais fiquei com nota 11. O terceiro com 9,6 (outros erros de distração). Mr. Bartlett sabe meu nome e ministra suas aulas olhando praticamente só pra mim. O que me deixa chateado porque na maior parte do tempo eu estou fazendo a lição de casa. Mas outra coisa me deixa mais chateado.
A primeira vez que tiro 11 em uma prova. :)

Primeiramente o que me deixa chateado é que 50% dos alunos vão embora na metade da aula. Embora ele advertisse contra o “maldito celular” a todo momento um toca. Às vezes duas ou três vezes o celular da mesma pessoa! Uma falta de respeito total com ele e com os outros. Mas isso parece ser uma característica dos hispânicos(99% portoriquenhos) da sala. Não se importam com ninguém. Levam seus laptops, assistem desenho e de vez em quando o som dispara e tira a atenção da classe inteira. O professor não fala nada. Assim como no Brasil, as instituições particulares estão de certa forma, nas mãos de quem paga. E escola particular nenhuma quer perder aluno. Nem mesmo o professor que, se assim acontecer, pode perder o emprego também.
Mas deixe-me contar um pouco o que os hispânicos fazem na sala de aula. É preconceito da minha parte identificá-los assim? Alguns dirão que sim, mas preciso diferenciá-los dos outros que, em 90% dos casos, são educados. Vou fazer uma lista do que tenho observado. É claro que isso não é uma regra mas é o que a maioria faz. Eu sei que tem a ver com educação, cultura latina que é mais descontraída. Sei que muitos nem percebem o quanto incomodam. Uma senhora chamada Carmem que é portoriquenha tornou-se uma de minhas melhores colegas da escola. E ela também se irrita com as atitudes do próprio povo. Outro dia ela disse no meio da aula para umas garotas: “não é à toa que temos essa má fama aqui nos EUA” Mas como estou na terra do freedom of speech vamos lá:
1-    Chegam atrasados todos os dias. Uma garota outro dia chegou às 12:15. Vale dizer que a aula começa às 9 e termina à 1 da tarde.
2-    São extremamente barulhentos. Assim que chegam, com a aula em andamento, arrastam a cadeira, derrubam uma série de coisas e ainda falam “droga!” alto.
3-    Conversam o tempo todo inclusive dão risadas.
4-    Não colocam os telefones no vibra. O telefone da mesma pessoa toca no meio da aula até mesmo 3 vezes!
5-    Saem na metade da aula.
6-    Não fazem a grande maioria daslições e trabalhos. Alguns não fazem absolutamente nada.
7-    Assinam a lista de presença e colocam no meio das coisas deles. O professor tem que parar a aula e pedir que todos olhem em seus materiais em busca da lista. Sempre o fulano ou fulana “sem querer” colocou no meio das coisas deles. Acontece em quase todas as aulas. Ai meu estômago...
8-    Pedem tudo emprestado e “esquecem” de devolver.
9-    Todas as mulheres acham que são a Jennifer Lopez (com 20kg a mais). Uma delas me disse que adora o Brasil. Adora o Carnaval, o samba, funk e os biquines fio dental. Ela sabe vários passos de Funk. Finíssima... (Quanto mais eu fujo do Diabo...) Fui convidado para uma festa das meninas portoriquenhas da minha classe em um restaurante e resolvi não ir porque, como dizia minha avó, "quem anda com porco come farelo..." Fiquei sabendo que eles foram expulsos do restaurante porque fizeram guerra de comida. (???)
10- Falam muito mal o inglês. Às vezes não se entende o que dizem embora vivam nos EUA por anos. Uma delas outro dia que vive aqui por 15 anos me perguntou sobre meu Baum. E eu..o quê?? Seu Baum, como você fez? Excuse-me?? Baummmmmmmmmmm (e fica nervosa sabia??). Ela queria dizer Bathroom (banheiro, que se pronuncia béthrum) :@
11- Só falam espanhol na escola e se você permitir, obrigam você a falar com eles na língua deles. Falam mal dos professores em espanhol no meio da aula (de alunos americanos  e outros também). Um dia falaram de mim e eu olhei diretamente pra elas. Ficaram pálidas...
12- Têm uma atitude de despeito. Sempre têm algo de negativo a dizer sobre o trabalho de qualquer aluno que não seja hispânico (como eu) e torcem o nariz quando você recebe uma nota 10. Nos trabalhos de baixa qualidade (feitos em 30 min) de colegas de mesma nacionalidade acham todos os pontos positivos na hora da crítica e acham injusta e preconceituosa a nota do professor e críticas positivas dos outros alunos.
13- Não importa quão espetacular o meu trabalho ou de qualquer outro aluno não hispânico esteja eles vão dizer: “Não gostei”.
14- Reclamam de tudo. São preguiçosos. Outro dia pediram pra eu dizer que não tinha feito o trabalho também, assim a professora não poderia dar zero para a classe toda. É lógico que eu disse não. E ainda aproveitei pra dar um sermão sobre educação, civilidade, responsabilidade, etc. Eles me odeiam eu sei.
Ou na Route 66
Chega não é? Outro dia eu disse ao Robert que vou terminar o curso com uma úlcera de tanto nervoso que eu passo na escola. Foi realmente uma decepção ver a atitude dessas pessoas na escola. Conversando com o Robert ele me disse que na escola dele é a mesmíssima coisa. Eu fico calado porque não quero apanhar no meio da rua, entende? Mas é claro que mesmo a maioria se comportando assim, alguns são exemplo de educação como a Carmem e a família dela. Desculpe se esses meus comentários ofenderem alguém. Não é minha intenção, só quero mostrar a realidade e as coisas que observo todos os dias na faculdade. Demorei 2 anos para me convencer que essa era a atitude da maioria.
Por essas atitudes muitos estão sendo expulsos da escola pelo governo americano. A regra é: Se você tem um empréstimo com o governo (98% de todos os alunos têm) e está estudando às custas dos impostos que população paga, só pode repetir no máximo, 10 matérias por ano, seja lá quem for. 10 matérias por ano????? Eu não reprovei nenhuma em 2 anos?! Muitos repetem 9 em 6 meses e daí têm que sair da faculdade porque é evidente que não estão aproveitando o curso. E quando este terminar terão usado 100 mil dólares do dinheiro público que, é lógico, não irão restituir. Calote na certa! Às vezes eu comento com eles. Se vocês soubessem quanta gente pobre no Brasil gostaria de ter a oportunidade que vocês têm de estudar com financiamento de 100% dos estudos... mas pouco adianta.
Minha professora preferida, Gib. Eu a chamo de TT (Tailandesa Talentosa)
Professora de introdução ao desenho, desenho técnico, projetos de interiores, ilustração, e mais 5 outras.
O braço dela é uma régua. Vejas as linhas do desenho! A mulher é o que há!


terça-feira, 26 de julho de 2011

Anfitrião ou Hóspede – A Arte de Conviver



“O hóspede ideal é aquele que é esperado quando chega e deixa saudades quando parte” – Danuza Leão



Recentemente recebi aqui em casa, amigos do Brasil, por 15 dias. Por se tratarem de pessoas extremamente educadas, tudo correu muito bem. Assim como disse a Danuza, eu fiquei ansioso com a chegada deles e quando partiram, deixaram saudades. Durante o tempo em que eles ficaram aqui fiquei pensando em quantas vezes já fui hóspede ou anfitrião. Lembrei dos hóspedes mau educados que tive. Ô derrota! E também dos anfitriões mau educados, pode acreditar. Um dia hospedado na casa de um casal a dona da casa me explicando as regras da casa e me mostrando o banheiro disse: “E tu sente pra fazer xixi entendeu?” Quase fiz xixi ali em pé mesmo de vontade de rir...Até hoje quando vou fazer xixi me lembro disso. J

Hóspede não tem direito algum, só deveres (acredite, é melhor pensar assim). Principalmente se não está pagando ou dividindo nenhuma despesa. Uma certa vez um amigo pediu para morar em minha casa por um tempo até conseguir um emprego e poder alugar um outro apartamento. Claro que eu concordei. Ouvi de um amigo em comum que ele disse que estava tentando ser invisível”, ou seja, não dar nenhum trabalho e incomodar o mínimo possível. Achei legal da parte dele querer ser o homem invisível. Porém quando ele começou a deixar de ser invisível a coisa ficou bem ruim. Pouco tempo depois de mudar-se para minha casa ele conseguiu um emprego, passou a fazer algumas das compras da casa, comprou um carro novo melhor que o meu, roupas novas, etc. Aqui podemos ver já o primeiro erro e lição. Deve-se cumprir com o que promete.

Se ele disse que mudaria assim que arrumasse um emprego devia ter feito isso e não comprar um carro novo. Após um ano ele já deixava a louça suja na pia, usava 90% do telefone, da luz, água e pagava 50% (até os centavos se pudesse), entrava com os pés sujos, convidava seus amigos à minha casa e mandava nos meus cachorros! Educadamente falei com ele que ele precisava cair fora se mudar. Três meses se passaram e nada de mudança até que eu fiz algo realmente intencional pra ver se ele se tocava. A única coisa que ele trouxe da antiga casa foi a máquina de lavar roupas. Estávamos usando a máquina de lavar dele, inclusive para lavar os panos sujos de xixi dos cachorros. Um certo dia comprei uma máquina de lavar nova em folha e deixei na caixa ao lado da máquina dele. Assim que ele chegava eu passava com os panos sujos de xixi na frente dele e colocava na máquina de lavar “dele”. Ele me perguntou: “Quando você vai abrir a sua máquina de lavar?” e eu respondi “Quando você for embora” Ele foi embora dois dias depois. Engraçado como as pessoas que exploram não admitem ser exploradas.

A foto do meu "amigo"

“Se você não quer perder um amigo não convide ele para morar na sua casa” eu ouvi o Fred Flintstone falar em um dos episódeos quando eu tinha 8 anos. Na época eu não entendi essa frase e fiquei pensando nisso por muito tempo. Claro que hoje eu sei muito bem o que isso quer dizer. No entanto, acredito que, aqueles que precisam conviver com alguém que não é da sua família ou seu cônjuge, se der sorte encontra uma boa pessoa. Uma vez morei também com um amigo em necessidade e foi muito bom. Nenhum de nós esperava o outro fazer  e não pesava pra ninguém. Jamais recusou ajudar na limpeza e tentar agradar sempre que podia. Foi uma ótima experiência meu amigo Altieres!

Fred e Barney

“O que é combinado não é caro” já dizia minha avó e é verdade mesmo. Uma vez minha mãe foi convidada por amigos para uma viagem ao Nordeste na casa de praia deles. Chegando lá o dono da casa comprou itens de limpeza, vassoura, rodo, pano de chão, balde, esponjas, etc e já deu a conta para os hóspedes pagaram. Como assim?(com cara de retardado) Conversando com ele depois ele ainda me disse: “Ué não sairia mais caro ficar em um hotel?” Sim claro, no entanto essas coisas têm que ser combinadas. Precisa-se dizer ao hóspede, de antemão, todas as despesas que ele terá ou não e todas as coisas que você espera que ele faça. E se você for hóspede, mesmo se parecer que seu anfitrião tem dinheiro em pencas, oferecer-se para dividir despesas é muito educado e mostra consideração. Ajudar na limpeza é digno e não mata ninguém. Já tive também hospedado em minha casa por 4 meses uma amido estrangeiro que não lavava um copo sequer. Enquanto eu fazia faxina ele navegava na internet. Claro que pouco durou...

E voltando ao assunto do dinheiro, se somos anfitriões não existe coisa mais brega deselegante que comentar valores com o hóspede que, a nosso convite, não está pagando nada. Podemos resumir em um princípio. Se convidar esteja preparado para pagar. Se foi convidado, esteja preparado para rachar. Se não tiver dinheiro, fique em casa! Se for convidado e não tiver dinheiro, faz o seguinte: Engula seco e faz o fino, fala que precisa estudar, que tem prova ou um casamento. Vai por mim. Uma vez um casal me convidou para um fim de semana na praia e eu não tinha um centavo sequer. Depois de explicada a situação eles insistiram que eu não gastaria absolutamente nada. Certa noite o casal brigou e perdeu a fome. Não saímos para jantar e eu passei a noite inteira com fome. Na geladeira só tinha água e pilhas. Depois dessa nunca mais ninguém me pega nessa situação. Como diz a dona Lira (adoro ela!), mãe de um amigo meu que é Nordestina: “Vê se não é as trevas?”

"Vê se não é as trevas?"
Uma certa vez eu recebi em casa uma família francesa. Já no primeiro jantar que preparei para eles com diversos pratos brasileiros, lavei a louça e limpei a cozinha toda sozinho. A mãe nem a filha jamais ofereceram-se para ajudar em absolutamente nada. Ai ai ai boas maneiras e consideração cabem em qualquer lugar ou país.
Eu nem vou mencionar certas coisas porque eu acho que a grande maioria das pessoas que lêm o blog têm bom senso. Coisas como, separar uma toalha para o hóspede, um sabonete “novo” nem precisa dizer, não é mesmo? Mas algumas coisas são mais sutis. Por exemplo, pedir  é um dos atos mais educados que existe na minha opinião. É bem melhor pedir do que ter depois que pedir desculpas. Quando se está hospedado na casa dos outros, na maioria das vezes, os anfitriões dizem que pode-se abrir a geladeira e comer o que quiser. Mesmo assim, é sempre bom e educado pedir. E se você vai e parte o bolo que era surpresa para um dos membros da família? E se você vai tomar banho no momento em que o forno elétrico está ligado e o bolo da dona da casa murcha? Já aconteceu comigo!! Por isso é sempre bom pedir.
Pedir pra usar é melhor que pedir desculpas
Acidentes acontecem e se o hóspede quebra alguma coisa tem que, no mínimo, oferecer-se para repor o objeto ou pagar o conserto. Um amigo meu hospedado em casa quebrou 3 das 6 canecas coloridas que eu tinha. Repôs as canecas por imitações inferiores. Ô derrota!
Meus amigos comentaram sobre hospedar a sogra. Eu só tenho uma coisa a dizer sobre esse assunto. Sogra tem que morar não tão perto que venha de pijamas nem tão longe que venha com as malas...

Alguém disse que conviver é uma arte. Eu acho que às vezes, é um quadro bem feio. Uma dessas artes modernas que a gente olha e não entende. De qualquer maneira, seja hóspede ou anfitrião, aqueles que desejam passar um tempo juntos vão ter que abrir mão de alguma coisa. Anfitriões, da sua privacidade. Hóspedes, da sua cama e seu travesseiro. Mas quando tudo dá certo, quando tudo foi bem combinado, quando existe respeito entre pessoas amigas, bons momentos poderão ficar na memória para sempre. Afinal amigos são os parentes que a gente escolheu.
E você? Tem alguma história para contar?

terça-feira, 19 de julho de 2011

O Julgamento de Casey Anthony

Desde que cheguei nos EUA eu ouço na TV detalhes sobre o caso de Casey Anthony. Perguntei ao Robert o que tinha acontecido e ele me disse: “Ela é suspeita de ter matado e escondido o corpo da filha de 3 anos de idade. A filha dela desapareceu, ela freqüentava festas e dizia que a menina estava com a babá, que tinha ido viajar, etc. Até descobrirem o corpo da menina, 6 meses depois, em um saco de lixo”. Imediatamente eu tive um sentimento muito ruim porque eu não lido bem com essas coisas. Principalmente se há crianças envolvidas.

A mídia e a população estavam muito interessadas no caso. Houve até pancadaria na fila para a venda de ingressos para o julgamento! (Aqui também tem gentalha) Lembrei do caso do casal Nardoni e da comoção da população brasileira. Enquanto o casal no Brasil foi sentenciado a menos 20 anos de prisão e, talvez saiam livres antes dos 10, aqui Casey Anthony corria perigo de ser sentenciada à morte por injeção letal. Isto me fez lembrar também do Guilherme de Pádua e Paula Tomaz que assassinaram a atriz Daniela Perez a tesouradas e saíram livres da prisão após somente 6 anos de cárcere. É claro que os EUA também têm seus casos para se envergonhar como OJ Simpson e Robert Blake. No entanto, se tivessem sido condenados, estes talvez jamais saíssem da prisão. Guilherme de Pádua e Paula Tomaz foram condenados, mas a aplicação da justiça é que foi uma piada.

Casal Nardoni culpados pela morte da filha.
Desde o princípio senti pena de Casey. Pena pela desgraça que ela trouxe a si mesma, sua filha e família. Olhando para a cara dela na televisão eu não conseguia acreditar que ela tivesse feito aquilo com a filha porque ela não tem cara de criminosa nem mesmo de demente. Eu sempre acredito que todos têm algo de bom dentro de si mesmos e demoro a me convencer da culpa do indivíduo. No entanto, tudo apontava para a culpa da Casey e veja os motivos.
Casey estava curtindo a vida adoidada no período de desaparecimento da filha. No mesmo período, fez uma tatuagem “La Vita Bela” nas costas. A todos que perguntavam, ela dizia que a filha estava com a Babá, com os avós, viajando com mães de amiguinhas da escola e etc. Após 30 dias a avó exigiu ver a neta ao que Casey confessou que a menina Caley havia sido raptada pela babá há mais de um mês. Quando se descobriu que nunca existiu uma babá, Casey afirmou que alguém havia raptado a menina. Mas porque não relatou à polícia? Porque levou uma vida normal desde então? Porque ia a festas e se divertia? Saía com o namorado para baladas e mentia para todos? Testemunhas ainda disseram que o porta-malas do carro cheirava à decomposição humana! Pior ficou quando os detetives encontraram na casa de Casey o mesmo tipo de saco de lixo onde encontraram o corpo da menina a menos de 1 km da casa dos avós. Aliado a isso, a TV mostrava fotos de Casey em festas com rapazes, bêbada, com cara de louca, de mau, etc. Tudo apontava para a culpa de Casey Anthony.
Fotos que nem mesmo eram da época do desaparecimento
eram mostradas na TV.
Eu fiquei muito interessado quando soube que o julgamento inteiro passaria na TV. Do início da sessão às 8:30 da manhã até o final da tarde. Inclusive todos os depoimentos de todas as testemunhas e até mesmo coisas que o júri não veria seriam mostradas na TV. Eu nunca assisti a um julgamento, estava ansioso pelo início, embora na minha mente eu já tivesse julgado e condenado Casey Anthony.

A escolha do Júri começou em 9 de Maio. O julgamento teve início no dia 24 de Maio de 2011 e terminou no dia 5 de julho, 43 dias depois. Eu assisti o julgamento INTEIRO. Nos dias de aula, assistia o resumo do julgamento no final do dia. O advogado de defesa Jose Baez (filho de hispânicos nascido nos EUA) alegou que a menina Caley afogou-se na piscina da casa dos avós por descuido e que o avô Marc, ajudou Casey a encobrir o acidente com medo de que a filha fosse presa. Será que era verdade??
Mãe de Casey testemunhando à favor da filha
Desde o começo percebi algo estranho na mídea. Nas emissoras de TV não existia uma pessoa sequer que acreditasse na defesa de Casey. Os especialistas da FOX criticaram pesadamente Jose Baez dizendo que sua defesa era fraca e que, a pena de morte era inevitável. Porém não era assim no meu caso. Eu achei que Jose estava fazendo um trabalho sério, bem feito e eu comecei a ter dúvidas se tudo não passou mesmo de um acidente que Casey tentou encobrir. Os argumentos dos promotores eram fracos e eles nunca conseguiram uma prova que ligasse Casey à morte da filha. No entanto os especialistas da FOX diziam que o trabalho deles era excepcional. What?? Estamos assistindo ao mesmo julgamento? 
Se Casey chorava os jornalistas da FOX e ABC diziam: "são lágrimas de crocodilo, ela está fingindo". Quando ela não chorava os mesmos jornalistas diziam "Vê como ela é uma assassina fria e sanguinária?". Não importa o que ela fizesse, nunca houve um comentário positivo.

Pergunte aos "especialistas" da FOX
A polícia costuma dizer que se livrar da culpa por um assassinato nos dias hoje é tecnicamente impossível. Existem 30 erros que uma pessoa amadora comete mesmo ao tentar encobrir o crime e os detetives, cientistas facilmente coletam evidências que incriminam a pessoa. Pois bem, era esse o caso? Não. Nunca encontraram uma célula da menina no porta-malas, nem mesmo um fio de cabelo. Quatro testemunhas disseram que o porta-malas cheirava decomposição humana. Porém 9 outras pessoas que examinaram o mesmo carro disseram que não sentiram cheiro algum!? Claro que a TV nunca contou isso pra gente.

Se chorasse ou não, a mídea já tinha enforcado Casey
Para desaparecer com todas as evidências Casey teria que ser uma especialista forense, conhecer todos os procedimentos da polícia e ser um gênio do crime. Se assim fosse como cometeria a estupidez de deixar na garagem o mesmo tipo de saco de lixo? A promotoria não conseguiu provar que a mãe tivesse algo que ver com a morte da menina. Nem mesmo que ela era uma mãe ruim. Todos que vieram testemunhar falaram da ligação das duas e quanto ela era preocupada com a menina. E de repente ela virou um monstro assassino? Isso já é suficiente para gerar “dúvida” na mente dos jurados e nesse caso a pena de morte jamais pode ser aplicada. Sem provas ou evidências.

Casey e Caley
Assim que Casey foi considerada “não culpada” pela morte de Caley eu me danei bater boca no Youtube e Facebook. Escrevi coisas como “No evidence retards” (sem evidência retardados!) pois 95% das pessoas diziam que ela era culpada. Não assistiram ao julgamento? Vergonha também para os “especialistas” da FOX que previram um final totalmente equivocado e que tentaram “destruir” Jose Baez chamando-o até mesmo de incompetente (sabe-se lá se é pelo fato de ele ser hispânico). O promotor que riu várias vezes durante a apresentação da defesa perdeu o sorriso e anunciou a aposentadoria na mesma semana. E o que eu fui lembrado novamente com tudo isso? Que a mídia controla a opinião das massas (eu quase fui nessa também) e que muitos americanos são bitolados e mesmo diante das evidências ou falta delas, continuam acreditando em tudo o que é mostrado na TV.

O Juíz Perry, a grande estrela do julgamento na minha opinião
com seu sotaque negro, caras e bocas. Virei fã dele!
Casey saiu da prisão no sábado 16 de Julho à meia noite. Entrou em uma SUV chiquérrima e de lá seguiu para o Aeroporto onde entrou em um jato particular e desapareceu. Ninguém sabe do paradeiro da moça que, se for esperta, nunca mais pisará na Flórida. Claro que ela já recebeu propostas milionárias para entrevistas, filmes e livros.

Meia noite de sábado com Jose Baez
Aqui em casa o placar foi 2x1. Eu e Robert contra Louise que já desistiu de conversar conosco sobre o assunto e disse que nós dois deveríamos ter estudado direito. Eu não acredito que Casey seja totalmente inocente mas não acredito que tenha assassinado a filha. Se tivesse, seria fácil provar. Ela foi condenada a 4 anos de prisão só por ter mentido para a polícia mas como estava presa desde 2008 e tinha comportamento impecável, foi solta imediatamente.

O membros do júri foram unânimes em não querer nenhum tipo de exposição na mídea. Até o momento não vimos o rosto de nenhum deles. Alegaram temer represárias mesmo depois de terem feito o que foram instruídos a fazer. Só condenar se houver provas e nenhuma sombra de dúvida.

Abaixo o vídeo do momento em que o veredito "not guilty" foi anunciado.


Jose Baez na entrevista final disse que isso deveria ficar de lição para a mídea não julgar uma pessoa antes mesmo de um julgamento justo. Ao contrário do que todos pensaram, não havia uma prova sequer contra Casey. A quantidade de cientistas forenses, detetives no caso foi incrível. Tentou-se de todas as maneiras encontrar algo que indicasse a culpa de Casey, mas nada foi encontrado. Jose Baez aproveitou ainda para fazer um discurso contra a pena de morte, que julga ser abominável.

Se eu tivesse sido jurado no caso teria feito a mesma coisa. Não fui convencido, sem sombra de dúvidas, que Casey era a assassina da filha. A mídea tem comparado Casey a OJ Simpson. Mas olhando para os dois julgamentos de perto, qualquer pessoa com um pouco de discernimento vai perceber que a única semelhança é que os dois receberam o mesmo veredito.

Nos EUA existem inúmeros casos de pessoas inocentes que foram condenadas à morte. A mídea, a população e os promotores acreditavam que a pessoa era culpada e depois provou-se o contrário, mas no caso de alguns, tarde demais. É por isso que existe o julgamento.

O chefe de polícia encerrou as entrevistas pedindo que a população respeitasse a decisão do Júri

segunda-feira, 11 de julho de 2011

E aí, quando volta para o Brasil?

O texto abaixo foi publicado primeiramente no blog Brasil com Z em 1 de Julho de 2011.
Falar mal do Brasil é comprar briga com muita gente. Elogiar os EUA em qualquer coisa é arrumar mais aliados para o lado oposto. Eu sei que os EUA tem muitos defeitos mas consigo ver a diferença do discurso entre, o governo e a população e principalmente consigo ver a diferença entre discurso e atitudes. Porém, no Brazil com Z acabei por ser mal entendido e os comentários viraram um debate! Vai lá pra ver.
Diferente de muitos, eu não tenho medo de passar por "chato". Se eu acho que é errado, mesmo que seja a minha mãe, eu vou falar e muita gente não gosta disso. Evidentemente eu sei a diferença de sinceridade e grosseria e sei defender o meu ponto de vista elegantemente. No entanto, acho hipócrita dizer que o "americano" é consumista e blá, blá, blá. Quem tem dinheiro no Brasil e em qualquer lugar lugar do mundo faz igual ou pior. Americanos não vão ao Brasil e trazem 5 malas de compras, o contrário acontece. Não estou defendendo os americanos, não sou consumista e nem vim aqui para isso. Defendo a qualidade de vida, o sossego, a honestidade e igualdade. Espero que gostem do texto e, à propósito, comentário mal educado só foi publicado no Brasil com Z porque o blog não é meu. Aqui, àquele que assim deseja fazer eu dou um conselho: Nem perca seu tempo.
Abraço forte a todos os leitores e que "entendem" do que eu estou falando.

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Essa é a pergunta número um entre meus amigos e parentes. A maioria deles acha estranho quando eu digo que não pretendo voltar ao Brasil. Então eu preciso explicar. Mas sabe que eu fico sem jeito de explicar? Porque ao explicar, tenho que mencionar os motivos que me fizeram decidir pela saída definitiva do país. Motivos estes que são a realidade do dia a dia do brasileiro e que, infelizmente, meus amigos e parentes ainda têm que lidar com eles. Explicar a minha recusa de voltar é expôr os problemas do Brasil e lembrá-los de que, diferente de mim, eles não têm muita opção senão aceitar essas condições. É difícil. Sei que muitos devem criticar mas eu entendo.

Os últimos anos que passei no Brasil foram muito difíceis para mim. Já não suportava mais a violência da cidade de São Paulo e não tinha perspectivas de arrumar um emprego com a mesma faixa salarial em uma cidade do interior. Se bem que a onda de violência já está chegando a pequenas cidades do interior bem como os traficantes de drogas. Aliado a isso, os altos preços e impostos esmagadores me deixavam cada vez mais desanimado e descontente. Para ter um padrão médio de vida eu cheguei a trabalhar 14 horas por dia. Além desses motivos, impostos e preços altíssimos, existe também algo no Brasil que me incomoda profundamente: algumas características do Brasil e boa parte da população brasileira.

Eu costumo dizer que a diferença do brasileiro e do americano é a seguinte. “Os americanos querem o melhor para o país deles. O brasileiro quer o melhor para ele”. Os americanos pensam na sociedade, os brasileiros pensam em sí mesmos e o resto que se…dane.

Quando você visita os EUA percebe que tudo aqui tem qualidade e preço justo. Não é à toa que um carteiro vive aqui como uma pessoa rica vive no Brasil. Pode, se quiser, ter uma casa de 250m² com ar condicionado e piscina em um bairro arborizado. É óbvio que isso não é a realidade de 100% dos habitantes desse país mas pelo menos aqui isso é possível, no Brasil não. Eu acho que isso se deve à dois fatores. O governo brasileiro corrupto que coloca altas cargas tributárias nos ombros dos brasileiros e o próprio brasileiro que por ganância quer ganhar 100% ou mais de lucro em qualquer produto ou serviço. A cultura do ”levar vantagem” me mata... Vou dar dois exemplos. Nos EUA não existe imposto para a compra da gasolina. No Brasil o imposto é quase 60%. A empresa aérea TAM cobra dos americanos 700 dólares por uma passagem ida-volta Orlando-SP sem escalas. A mesma passagem a TAM cobra “4 mil reais” dos brasileiros! Eu considero isso uma vergonha e algo malígno com respeito à nossa sociedade. A sociedade americana jamais permitiria que tal coisa ocorresse. A mídia identificaria coisas assim, as pessoas reclamariam e pode ter certeza que em pouco tempo, essas empresas iriam à falência. Eu vejo uma sociedade mais justa com muitas oportunidades para todos independentemente da raça ou condição social. Nos EUA é quase impossível uma pessoa rica conseguir uma bolsa de estudos integral. No Brasil os ricos estudam de graça na USP, a classe média paga altas mensalidades e os pobres não estudam de jeito nenhum.

Outro motivo que me faz não querer voltar ao Brasil. O Brasil já é o 6º país mais violento do mundo ( http://acessa.me/fqve ) e a moda agora em SP é ter carro à prova de balas. Quando eu conto isso aqui as pessoas pensam que eu estou brincando. Aqui em Orlando as janelas da minha casa não têm grades e eu posso ver o gramado das casas ao redor. Nos finais de semana os carros ficam abertos em frente às casas e os pedestres sequer olham no seu interior. Eu ando pelas ruas sem medo, sem ter que olhar para trás ou certificar-me que minha carteira está no bolso da frente e o mais impressionante: não tenho medo da polícia como tinha no Brasil.
Da janela lateral, do quarto de dormir...
As ruas da cidade são seguras e limpas. As pessoas respeitam umas às outras no trânsito ou na calçada. Ninguém incomoda o sono de ninguém. Os vizinhos respeitam uns aos outros e se não respeitarem a lei persegue e pune os transgressores, sem sombra de dúvidas. Tem festa sim mas tem lugar e hora para isso sem contar a organização. Na cidade de São Paulo eu via 2 ou 3 acidentes de carro por semana, sem contar os acidentes com os terríveis motoqueiros. Em Orlando eu vi um pequeno acidente (uma batida) entre dois carros em 2 anos. As pessoas respeitam às leis primeiramente pelo bem comum e em segundo lugar porque aqui a lei é pesada para os transgressores.
Veja esta outra comparação. No Brasil meu pai estava vendendo um carro e o comprador pediu para dar uma volta no quarteirão. Meu irmão o acompanhou. O fulano acelerou a quase 80 km/h e destruiu o carro na esquina batendo de frente em outro carro. Meu irmão se machucou, a polícia foi chamada e apareceu depois de 3 hs. O fulano estava com a habilitação caçada e não aconteceu absolutamente nada com ele. Não pagou nenhum centavo do prejuízo e o seguro recusou-se a cobrir as despesas do meu pai. Meu pai arcou com tudo e não teve nenhuma ajuda das autoridades brasileiras. Aqui nos EUA uma pessoa bateu na trazeira do carro atrás de mim que bateu em mim em seguida. O carro de trás ficou um pouco danificado e meu carro nada aconteceu. Só o susto e o barulho. Em 5 min 5 carros de polícia estavam entre nós e um carro de bombeiro. Todos os oficiais um a um vieram me perguntar como eu estava. O rapaz que bateu no carro atrás de mim (o culpado) estava com a habilitação vencida e foi algemado e levado à delegacia em frente aos meus olhos. O boletim de ocorrência foi feito (e impresso!) dentro do carro da polícia e no mesmo dia a seguradora do motorista atrás de mim me ligou para saber se eu estava bem e me ofereceu um chek up gratuito em um hospital de minha escolha. Me fala o que você pensa sobre isso? É ou não é um lugar sério?
Além do fato de terem chegado em 5 minutos, todos, um a um, vieram perguntar
como eu estava...
Eu poderia ficar horas aqui falando sobre as diferenças e da qualidade de vida que melhorou incrivelmente desde que cheguei. Poderia falar do sistema de justiça, educação pública, etc mas acho que já está bom. Consegue entender porque acho difícil explicar para amigos e parentes o por quê de não retornar ao Brasil? Por este motivo eu simplesmente digo que gosto muito dos EUA e que não pretendo voltar.
Eu acho que sinceramente mais da metade dos brasileiros gostaria de sair do Brasil. Não me leve a mal, eu amo o Brasil e uma parte dos brasileiros. Mas saí do Brasil porque esse amor infelizmente não era correspondido.
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