Quase 3 anos nos EUA e quando eu acho que já ví tudo o que é diferente e tudo o que parece a mesma coisa, eis que algo novo aparece. Que bom, porque assuntos para o blog já estão ficando escassos e eu não pretendo que este blog seja um diário da minha vida aqui nos EUA. Algo que eu nunca havia pensado era se assistir as Olimpíadas nos EUA seria mesma coisa que assistir no Brasil. Há muitas diferenças, vou mostrar algumas e também minhas conclusões sobre o que tenho observado nos americanos nesta época. Se você tem ou teve uma experiência diferente, compartilhe com a gente ok!?
A primeira diferença que eu notei
foi nas propagandas de TV. Coisas que não tem relação nenhuma com as Olimpíadas
lançam comerciais com o tema "jogos olímpicos". Quer um exemplo?
Séries americanas. Eu já vi 3 ou 4 comerciais de séries (que aqui chamamos de
"shows") fazendo piada ou comentando sobre a Olimpíada. Vou descrever
um. Em um dos comerciais de shows (que eu não lembro o nome), a câmera focaliza
o rosto do pai falando sobre que esporte o bebê iria participar, depois o rosto
da mãe dizendo que natação ia ser perfeito para ela. Por trás vem a avó e diz
"Claro, se você quiser se transformar em uma daquelas horrorosas européias
com corpo de homem". Mas o show em si não tem nada a ver com as
Olimpíadas, só aproveitaram o evento para chamar a atenção do show cômico. E
assim várias propagandas como relógios, tênis, roupas, bebidas, etc.
Você pode ver no vídeo abaixo.
(não encontrei no youtube os vídeos dos shows que não têm nada a ver com as
Olimpíadas, só de alguns produtos e marcas.) Esse vídeo é de uma empresa Canadense mas é o que melhor exemplifica o que eu acabei de descrever.
Outra diferença é que quando o
atleta americano vai se apresentar (ou competir) um pequeno filme sobre a vida
dele passa no comercial ou imediatamente antes da competição. Essa pequena
chamada mostra vídeos de quando o atleta era bebê, crianças, em competições da
escola e de tudo o que a família passou para que o atleta chegasse onde está.
Achei muito legal, pois aparecem coisas que a gente não imagina como a ginasta
Gabby Douglas (afro-americana) que teve que ser mandada para Iowa para morar
com uma família hospedeira (de americanos brancos) que não era sua só para
poder treinar com o melhor treinador das últimas Olimpíadas, além de tudo o que
a família tem passado por estar separada e o fato de a mãe ser solteira e ter
criado as filhas sozinhas. Você pode ver
no vídeo abaixo:
A última diferença eu vi na maneira
de os americanos torcer. Aqui na casa pelo menos eles não dão muita importância
e não torcem com a emoção que nós brasileiros torcemos. Acredito que isso se
deva a dois fatores. Primeiro os EUA leva tantas medalhas que o máximo de
excitação que eu ví quando um atleta ganha uma medalha foi: "Good, she got
it..." Que? Nós pulamos, gritamos e fazemos o maior barulho. Será porque o
Brasil não leva tantas medalhas assim e para nós não é tão comum? Talvez?
Em segundo lugar vejo os americanos
como um povo que se critica muito a si mesmo e seu país. Por exemplo, estava na cara que as meninas
da ginástica olímpica americana davam um abraço fake (falso ou mecânico) umas
às outras e o Robert já soltou a dele: "Que falsidade essas meninas! Fique
feliz pela consecução do time!". E quando as britânicas se abraçavam com
sorrisos e beijos ele disse: "Isso sim parece ser vindo do coração".
Depois outro comentário que eu ouvi de outros americanos "esses esportidas
são um bando de garotos ricos e mimados" o que não acho ser 100% verdade ou "os americanos têm tudo à mão, ganhar é obrigação! Veja o que os atletas de outros paísem têm de passar pra chegar lá..." wau!
Fiquei pensando que nós brasileiros jamais falaríamos mal dos nossos atletas e
idolatramos qualquer um que consiga uma medalha de ouro, porque no Brasil, as coisas são
realmente difíceis. Não para tenistas, atletas da náutica e mesmo natação, basquete
e voley (que vêm de famílias ricas, a maioria). Lembro quando morava em Moema e
víamos os jogadores de basquete do clube da associação judaica. Eram rapazes
ricos. E quando era sócio do Banco do Brasil, o time do clube (muitos eram da
seleção como Tandi, Maurício, etc) tínham carros que a classe média brasileira
jamais poderia comprar. Nem sequer olhavam na nossa cara, eram literalmente "estrelas". Mas falo dos
jovens do atletismo, maratonistas e outros que treinam sozinhos e muitas vezes
vão ao público pedir patrocínio para poder participar das Olimpíadas...triste.
Sarah Menezes ganha ouro em Londres 2012. A primeira medalha de Ouro do Brasil. |
Por último, tenho a acrescentar que
uma mistura de emoções me invade quando americanos competem com outras nações,
quando brasileiros competem com outras nações e quando americanos competem com
brasileiros. É lógico que quando competem com brasileiros eu torço pelo Brasil
na cara do povo aqui de casa. Pulo, faço festa, barulho e eles riem da minha
cara. Mas quando os EUA competem com outras nações, em alguns casos acabo
torcendo contra os EUA. Ainda não sei o porquê disso mas tenho uma
desconfiança. Eu sempre, desde pequeno, torci pelos mais fracos. Sempre achei
lindo quando o mais fraco vence o mais forte. Assim como Davi venceu o gigante
Golias. Pra mim, os EUA, a China (etc) são o eterno Golias e eu sempre estarei
do lado dos "Davizes". Eu choro quando vejo aquele que não tinha
nenhuma chance ganhar de todo mundo como o Sul Africano que bateu em todos
ontem na natação. A emoção dele era genuína. Talvez porque essa tenha sido a
história da minha vida inteira...
Por último esse vídeo lindo que encontrei no Youtube que é uma homenagem às mães, figura mais apreciada pela sociedade na família americana- corre pegar o lenço!!