Quando eu vi pela primeira vez o vídeo no
facebook não senti muito interesse em assistí-lo. No entanto,
uma amiga do coração, tagged meu nome a ele e disse: "Veja". Lá fui
eu assistir ao vídeo de um programa da TV inglesa cuja apresentadora, que se
diz viciada em TV, fez sobre a TV no Brasil e no mundo. Foi inevitável sentir
uma profunda tristeza à medida que eu assistia ao vídeo legendado em português,
do começo ao fim. Porque nosso país tem que ser associado a esse tipo de coisa
a todo momento? Exploração do corpo feminino e violência. Por um tempo tenho
visto na mídea internacional matérias chamando à atenção do Brasil como roteiro
de festa, sexo fácil e infinitos outros prazeres. Afinal a Copa e as Olimpíadas
é a chance de aterrizar no Brasil "terra do pecado" como vi escrito
em algumas matérias.
Daisy, apresentadora da TV inglesa |
Somos
um povo especial. Temos a beleza dos europeus miscigenados com africanos,
índios e muitas outras culturas. Temos jogo de cintura, vontade de trabalhar e
muitas outras qualidades, mas parece que alguns preferem chamar a atenção pelos
pontos negativos, a saber, a violência, as festas e o sexo. Há aqueles que não veem problema
algum nisso como disse a candidata à Miss Bumbum: "Se alguém quer ver a
minha bunda, porque eu não vou mostrar?" Como argumentar com uma pessoa
que pensa assim?
Inacreditável
foi ver as paniquetes sendo humilhadas às risadas do apresentador (Emílio?).
Enquanto as cabeças das meninas eram colocadas dentro de meias e sacos
plásticos, o apresentador ria histericamente, como alguém que perde até mesmo o
fôlego. A apresentadora constatou: "This is so wrong..." (Isso é tão
errado...). Que tipo de patologia mental uma pessoa dessa tem para sentir
prazer e rir da humilhação de uma mulher? Porque o escracho sem limites, sofrimento e humilhação de outros? E o pior, tem gente que assiste e ri também.
Eu
até entendo o desespero das paniquetes. Talvez seja essa a única maneira de
conseguir sair do anonimato, comprar a casa própria, fugir da pobreza...então
porque não? Mas pra tudo há um limite, uma delas mesmo disse. É claro que aqui nos EUA também
existem programas de TV voltados para às massas não educadas, como disse a
filha do Silvio Santos. Mas nem de perto se compara ao que vi neste vídeo. Pela
primeira vez na minha vida, vi uma pessoa ser esfaquiada de verdade e foi neste
vídeo, no programa Na Mira, apresentado em Salvador na hora do almoço. E o
Brasil está vencendo a violência? Com 40 pessoas assassinadas em uma semana só
na cidade de Salvador? Vinte e cinco só no final de semana?
Isso me deixou muito triste, muito mesmo.
Isso me deixou muito triste, muito mesmo.
Na Mira! Apresentado na hora do almoço em Salvador |
Enquanto
os políticos roubam mais de 240 bilhões em um ano e saem ilesos das
consequências, o povo fecha os olhos ou diz "não é tão ruim assim" ou
"já melhorou muito" e te atacam se você disser o contrário. Não acha
o leitor que patriotismo tem limites?
Eu
já morei em bairro de ricos no Brasil, bairro de classe média e bairros pobres.
Quando morava em um bairro pobre, na porta de casa, sempre havia gente pedindo
arroz, café, açúcar e o que a gente tivesse pra dar. Essas pessoas realmente
passavam necessidade. Mas no Ano Novo, Carnaval ou Copa do mundo, o dinheiro, a
cerveja, o cigarro e a carne pro churrasco caíam do céu ou brotavam na árvore do quintal e a
festa corre solta. Assim como muitos dos que saem nos desfiles do Carnaval. Moram em
favelas, não teem condição de nada, mas na hora da festa, colocam a fantasia de
mil reais e saem na avenida. E de onde veio esse dinheiro? De onde vem os 5
milhões de dólares gastos no Carnaval só no Rio de Janeiro?
Como
disse a apresentadora inglesa "O Brasil não é para os fracos de coração",
expressão do inglês que poderia ser traduzido pra nossa língua como "não é
lugar pra quem tem estômago fraco". Eu tenho estômago fraco e meu
patriotismo também tem limites.
E
você? O que pensa de tudo isso? Assista ao vídeo