Quem acompanha o blog no Facebook sabe que na semana passada eu estava no Brasil. Eu fui ao casamento de amigos e aproveitei para ver amigos e parentes que não via há muito tempo. Infelizmente não deu para ver a todos e eu priorizei ver aqueles que não tem chances de vir a Orlando tão cedo e, posso dizer, ainda alguns ficaram chateados pois não houve tempo para ver a todos. Mesmo que eu visitasse um em cada período do dia, precisaria de 1 mês talvez para ver a todos. E não é que eu priorizei alguns e desisti de outros, eu fui mais pela estratégia do trânsito e daqueles que deram retorno a tempo.
Sabe eu fico muito triste cada vez que vou ao Brasil. Em primeiro lugar, me entristece ver a pobreza, as crianças de rua, cachorros de rua, favelas, esgoto, lixo, etc. Quando se vive muito tempo aqui como eu, já 6 anos, a gente leva um choque quando vê estas coisas novamente. Com um país tão rico e gente tão batalhadora, porque ainda temos este contraste tão grande de classes? Aqui também tem, mas não tem favela ou comunidade, como dizem agora. Mas há pobres sim, mas um pobre diferente.
Com meus outros 3 irmãos e suas famílias no Galetos em SP |
Em primeiro lugar, quero dizer que a Azul decepcionou. Embora os comissários eram simpatissíssemos, o avião era velho. Ainda havia cinzeiros dentro dos banheiros! Fui de business class pois havia uma promoção da Azul para o aeroporto de Campinas (roubada! Não caia nessa). O champagne estava ótimo, mas o filé mignon duro como borracha. Fiquei com vontade de pedir o dinheiro de volta. Mas, pela primeira vez, consegui dormir 6 horas em um vôo noturno, afinal as cadeiras reclinam mais do que na classe econômica. Mas foi uma decepção saber que todos os monitores de TV do avião não funcionavam e que nos dariam um pequeno tablet para assistir aos filmes. O tablet não parava em pé na mesa da cadeira, doía o braço ficar segurando, ou seja, um horror. Sem falar que o filme mais novo era O Diabo Veste Prada. Já tinha assistido a 80% dos filmes e os outros não me interessavam. O negócio era mesmo tomar um anit-alérgico pra capotar depois do jantar, se meus dentes não quebrassem mastigando o Filé de Pneu que foi servido. De resto a comida estava muito boa, inclusive a sobremesa. Mas aqui vai a primeira certeza. Blue Never More (Azul nunca mais). Devia ter gasto meu dinheiro mesmo com a famigerada TAM em um vôo non stop de Orlando a São Paulo.
A business class da Azul não é tão boa quanto parece |
Na cidade a mesma constatação. Por favor, que não me levem a mal os paulistanos e não se ofendam, mas a cidade é caótica. Com a tranquilidade e civilidade do trânsito de Orlando não tem como não ficar, pelo menos, com dor de cabeça, quando se fica horas dentro de um carro preso em um congestionamento. Sem falar na educação maravilhosa dos motoristas e motociclistas paulistanos. Mas mesmo assim, se vê almas bondosas que te dão passagem de vez em quando. Mas eu passei mais tempo dentro do carro para ir e para voltar do que passei com amigos e pessoas da minha família.
Quase caí de costas no Shopping Iguatemi, sugerido por uma amiga para almoçarmos. Uma lavagem de carro R$ 98,00 e um tênis Adidas (que em Orlando eu vi por 89 dólares) R$ 999,99 !! Mais caro do que um salário mínimo!? Tinha esquecido destes absurdos. Sem falar nos 18 reais a hora pelo estacionamento. Como 18 reais são menos que 6 dólares não estava muito preocupado, mesmo assim não deixo de me sentir mal por quem ainda tem que pagar por preços assim. Uma mala de viagem 80 mil reais? Nem que tivesse sido de Dom Pedro I!
Depois as reclamações. Reclamações de todos os que encontramos. Não houve nenhuma pessoa que disse estar contente com a atual situação do Brasil e seu governo. Triste, mas fiquei pensando se com o Aécio seria a mesma coisa o se seria diferente, quem vai saber? Só um parágrafo, os americanos também reclamam do seu governo viu?
O Robert foi comigo pois é amigo também do casal casante. Foi interessante ouvir as observações dele sobre a minha cidade Natal.
Quando as pessoas nos fechavam no trânsito, se recusavam a dar passagem ele não entendia o por quê. E até me perguntou "Porque fazem isso?" Quando viu o preço do tênis na loja (1000 reais!) me perguntou: "Porque as pessoas compram? Porque pagam tanto dinheiro pois coisas simples assim?". Quando disse pra ele que este tênis custava mais que um salário mínimo ele perguntou: "E como as pessoas que ganham salário mínimo vivem?"
Alguém se habilita a explicar? Perguntou também porque há tantos cachorros de rua, tantas crianças de rua, nos faróis e querida dar dinheiro a quem pedisse. E não era pouco dinheiro não.
Alguém se habilita a explicar? Perguntou também porque há tantos cachorros de rua, tantas crianças de rua, nos faróis e querida dar dinheiro a quem pedisse. E não era pouco dinheiro não.
Ele ficou emocionado quando viu a Claudia Raia no shopping Iguatemi porque ele assistiu alguns capítulos da novela Alto Astral e embora não entendesse nada, gostava das partes em que ela aparecia. Infelizmente ela passou tão rápido e entrou em um carro com motorista que nem deu tempor de ir falar com ela. Mas acho que eu nem falaria mesmo, tenho medo de incomodar.
Ele também ficou muito impressionado com nossa culinária. Segundo ele não há nada que comeu no Brasil que não fosse absolutamente delicioso. Principalmente a comida do casamento, que pra falar a verdade, realmente foi a melhor que eu já comi em casamentos. Engraçado né? Paguei 2200 dólares por uma passagem Business para comer filé de pneu e de graça, comi o melhor filé mignon da minha vida no casamento e não paguei nada por isso.
Outra pergunta do Robert "Mora alguma pessoa famosa nessa casa? Por que tem muros tão altos, cercas elétricas e monitoramento de vídeo?" :-/ |
Toda vez que eu vou fico muito dividido. Adoro reencontrar os amigos, comer coisas deliciosas (embora aqui fazemos também), conversar com pessoas sem nem mesmo conhecer, ver coisas familiares da minha infância. Mas ao mesmo tempo chego à segunda certeza da minha vida, de que o Brasil precisa melhorar muito para me ter como cidadão, porque, (me desculpem se eu parecer egoísta) eu me amo em primeiro lugar. Eu vou sempre tentar ajudar na medida do possível, primeiro a um parente, amigo ou a um conterrâneo antes de a um americano. Mas as condições do nosso país infelizmente não é para os fracos de estômago como eu. O que fizeram com o nosso país?