Assim que recebi a aprovação do meu visto de estudante senti um frio na espinha já dentro do consulado. Uma mistura de excitação e medo. Ao mesmo tempo, percebi que uma grande aventura estava para iniciar-se e tem sido assim desde que cheguei à Terra do Tio Sam...
Terminamos a quarta-feira com jantar em um restaurante italiano perto do
Carlton hotel, voltamos para o hotel, tomamos drinks no piano bar e conversamos até meia noite. Sabe que eu nunca tinha feito isso? O dia seguinte, quinta feira, seria o dia mais frio da semana,
segundo as previsões, a temperatura chegaria a -10°C e sensação térmica de
-20°C. Como eu já disse anteriormente eu gosto do frio, mas também não sou
masoquista, -20°C não é brincadeira. Uma coisa é você ficar em casa (nos EUA)
no inverno, olhar a neve, sair de vez em quando, entrar no seu carro, ir ao
supermercado, etc. Outra bem diferente é você andar quadras e quadras em uma
temperatura dessas e um vento que queima literalmente a pele do rosto se não protegida. Por isso
eu acho, na minha opinião, que as melhores épocas de se visitar NY é no final
da primavera e começo do Outono, já que dizem, que o verão é de matar! Mas eu
ainda gostaria de visitar a cidade com neve e andar de patins de gelo no
Central Park.
Eu
estava ansioso pelo dia seguinte porque fomos tomar café da manhã no Plaza
Hotel. Se você não sabe, o Plaza é um dos hotéis mais famosos do mundo, já foi cenário de vários filmes, o mais famoso
talvez para os brasileiros seja "Esqueceram de Mim 2" com Macaulay
Culkin (que graça de menino que a fama estragou, hoje não passa de um viciado
em drogas L ). O mais recente "The Great
Gatsby" com Leonardo Di Caprio. Muita gente famosa já se hospedou aí ou
foi à festas no Plaza. Desde os Kennedies, Marilyon Monroe, Capote, Frank
Sinatra, reis e rainhas...
Cenas do filme Esqueceram de Mim 2 - Perdido em Nova Iorque
filmado no Plaza Hotel
O
preço do café da manhã no Plaza é 35 dólares por pessoa. Não vá pensando que é
uma coisa do outro mundo. O preço vale para entrar no hotel, andar no lobby,
lembrar das cenas dos filmes e tomar café, com frutas, ovos, pães e doces. Mas
não é nada fora do comum. Um buffet farto que pareceria de hotel 3 estrelas se
comparássemos com o café da manhã das padarias de São Paulo aos domingos. Mesmo
assim, vale a pena. Atravessando a rua, já se está no Central Park. Do outro
lado da rua também, a loja de brinquedos que o "Kevin" do
"Esqueceram de Mim" visita em vários momentos do filme.
Steven, James e Robert
Saindo
de lá pegamos um taxi em direção ao Metropolitan Museum. A distância era 21 quadras. Havia um metro a poucas ruas dalí. Mas com o frio e o vento, achamos que não
compensaria e pegamos um taxi na porta do Plaza mesmo. Ainda mais pelo fato que iríamos andar muito dentro do museu, não encaramos nenhuma caminhada "extra". Já
pensou andar 21 quarteirões depois andar lá por mais 2 ou 3 horas? Nem
pensar...os atores da Broadway terão que fazer os espetáculos sem a minha presença, sinto muito. Além do mais o Robert e o Steven não suportariam o frio.
Do outro lado da rua, em frente ao Plaza está
o Central Park
Eu
achei os valores das corridas de taxi pagos em NY muito baratos. Por causa do
frio, pegamos taxi o tempo todo. Em nenhum momento ficou mais que 15 dólares,
mesmo com trânsito. Uma coisa nova que notei que não havia 20 anos atrás é televisão no banco traseiro dos taxis de Nova Iorque. Usamos o taxi 5 vezes. Em nenhuma vez sequer o motorista era Americano.
O
Edifício do Metropolitan é uma coisa sensacional, assim como o Louvre de Paris.
Fiquei um pouco chateado quando vi o mapa do Museu. Uma semana alí não seria
suficiente para visitar cada ala do Museu. O Robert não quis entrar, que
decepção! Alí em um dos maiores museus do mundo, com obras raras, jóias da
humanidade e a pessoa não quer nem mesmo entrar pra ver? Não consigo entender
essas coisas. Mas afinal, o problema é dele, eu entrei e NEM ME INCOMODEI que tinha
gente me esperando pra sair. Resolvi visitar 3 pontos. A ala dos Impressionistas,
as pinturas da Renascença e o Egito. Só isso levou por volta de 3 horas. De lá
saímos para o passeio à Estátua da Liberdade que não aconteceu, perdemos o
barco e ninguém quis esperar 2 horas pelo próximo...então voltamos para fazer
compras no Time Square e ver se conseguíamos um ingresso para uma peça da
Broadway.
Em frente ao Metropolitan
Rembrandt
A Sagrada Família de Caravaggio causou polêmica com o
Vaticano por mostrar Maria, José e Jesus em uma cena
comum do dia a dia e não tão "sagrada" como se pintava até o momento
O menino abaixo é o primo de Jesus, João Batista
"Os Músicos" de Caravaggio. Caravaggio pintava as pessoas como
se tivessem drogadas e bêbadas. O uso que ele faz da luz natural é impressionante
Renoir
Monet
Gauguin
Van Gogh
Já em Orlando na segunda feira, assistimos a um episódeo de Doctor Who
que ele vai ao passado e encontra Van Gogh
Este estava pintando este exato quadro
Eu disse ao Robert:
"Viu o que você perdeu?"
No entanto, devido à grande DESPROTEÇÃO das artes
eu custo a acreditar que estes sejam os originais...
E você o que acha?
A
fila em frente ao "Tickets" para comprar um ingresso com desconto
para uma peça da Broadway era IN-FIN-DÁ-VEL...nem pensar. Se você vai visitar a
cidade, compre pela internet, pague o preço normal mesmo. Mesmo porque os
ingressos com desconto vendidos no Time Square não são para as melhores peças
da cidade. Duas coisas da minha lista de dois dias furaram. Subir na Estátua da
Liberdade e assistir a uma peça da Broadway. No final, um sorriso interno me
dizia "vou ter que voltar novamente" e pensei que o faria com meu pai
ou meu irmão André que quer conhecer a cidade.
Olha que interessante, um ônibus onde os bancos são voltados para as janelas
Como
já tínhamos feito o check out do hotel logo bem cedo no dia, voltamos para
pegar as malas, o carro, e nos mandamos para New Jersey, em direção a uma
pequena e charmosa cidade chamada Spring Lake Heights. Cem pessoas da família
do Robert fizeram reserva no mesmo hotel onde aconteceria o casamento da prima
Carrie. Inclusive ela e o noivo também estavam hospedados no hotel. Mas essa
parte interessante e peculiar da viagem, vai ficar para o próximo post...
Nova
Iorque é um lugar que a gente não cansa de ir. Eu diria que, pra mim, duas
cidades no mundo eu iria todos os anos, Nova Iorque e Roma. É tanta coisa para
se ver que fica difícil colocar em um roteiro curto o quê fazer. Esta foi a
minha quarta visita à cidade. Desta vez, havia algumas coisas que eu queira ver
novamente e algumas coisas que eu nunca tinha visto antes, como o Metropolitan Museum. Levei vocês, queridos leitores, comigo no sentido que, a todo momento, pensei em fotografar ou falar sobre algum lugar que seria interessante para quem nunca visitou a cidade.
Eu
pesquisei um pouco em blogs de brasileiros que vivem em Nova Iorque aonde ir, o
quê ver, onde comer, onde se hospedar e posso dizer que foi frustrante. Talvez um
ano na cidade seja o suficiente para conhecê-la em 20%. Imagine ficar uma noite
e dois dias na cidade? O motivo da visita curta é que fomos para o casamento da
prima do Robert, Carrie em New Jersey. Pegamos o vôo para NYC na quarta feira
de manhã bem cedo, eu e o Robert. Lá nos encontramos com James e Steven. Nos
hospedamos no Carlton na 88 Madison Ave, um luxo de lugar...O vôo de Orlando a Newark é de aproximadamente 2 horas e 15 minutos e custou, ida e volta, 240 dólares.
O
inverno por lá realmente ainda não acabou. Saímos de Orlando com
temperatura 28 graus Celsius e chegamos em Nova Iorque com -7C. No entanto,
devido aos ventos de 35 km/h a sensação térmica era de -16C, dá para acreditar? Realmente o
vento era de cortar a alma e olha que eu gosto do frio hein? Eu estava até que
bem. Depois de andar algumas quadras, as extremidades dos dedos das minhas mãos
doíam como se tivessem levado uma martelada em cada um. Mesmo com luvas e mãos dentro dos bolsos! O nariz escorria o tempo
todo. Mas o Robert e o Steven estavam a ponto de ter uma síncope de frio...
Eu e o James estávamos bem com o frio, mas nesta foto você pode ver o "estado" do Robert e do Steven...
É muito interessante observar as pessoas nas ruas de Nova Iorque. Eu olho tudo! Posso ficar uma tarde inteira sentado vendo as pessoas passarem, suas roupas, sapatos, maneira de andar, conversa, etc. Não se vê
muitos obesos já que em Nova Iorque se anda muito e as pessoas optam por não ter carro, já o que transporte público é super-eficiente. Será somente este o motivo?
Não sei...Mas as pessoas andam, andam e andam. Muito bem vestidas, por sinal.
Há aqueles que apresentam no rosto aquela cara de sofrimento devido ao frio. Há
outros porém, que nem mesmo um gorro e uma luva usam. Andam tranquilamente, com aquela pele perfeita, aveludada, branca, parda ou negra. Nada brilhante ou oleosa como aqui na Flórida onde se sua o tempo
todo. Somente um charmoso vermelhinho na ponta do nariz. Será que o corpo do
ser humano também se acostuma com o frio? Acho que sim, porque era grande o
número de pessoas que não estavam nem aí pra ele, mesmo a sensação térmica
sendo -16C!! Homens e mulheres de negócios andavam pelas ruas neste frio somente em ternos e tailleur...guerreiros!
Alugamos
um carro no Aeroporto de Newark e fomos até o Carlton na 88 Madison Av. O hotel
muito bom, por sinal ($$$$). Corredores, bar, restaurante, tudo impecavelmente limpo e
bem projetado. Sabe uma coisa muito interessante que notei no Carlton? Só
tocava Bossa Nova no Lobby e no bar!! Inclusive as mesmas músicas da Nara Leão
que eu ouço quase todo dia aqui em casa!
Lobby
Olha só os corredores do Carlton! Monocromático em Cinza... Nossos quartos ficavam no final deste corredor com vista para a Madison Avenue.
Almoçamos
um pedaço de pizza, cada um, em uma das dezenas de "pizza places" das ruas de
Manhattan e fomos para a Grand Central Station que eu fiz questão de visitar desta vez. Mal podia esperar!!
As pizzas de Nova Iorque são famosas. São realmente melhores que as da Flórida e diferentes das do Brasil. Quando eu cheguei aqui, eu comia pizza de garfo e faca como fazemos no Brasil. Hoje, como 99% dos americanos já como com as mãos :-) E daí? Especialmente a pizza de NY dá pra comer com as mãos pois a massa é grossa e mais consistente, não se dobra. Um pedaço é suficiente para uma pessoa "do meu tamanho" :/
hummmmmmmmmmmm...típica pizza nova iorquina.
A primeira vez que ouvi falar da Grand Central Station foi na faculdade de Design em
Tampa, estudando efeitos da luz natural nos ambientes. Desde lá, sempre tive vontade de
conhecer a estação. Me lembrei muito das minhas viagens à Europa, como em Gare de Lyon (França) ou na Roma
Termini. Frio, casacos, restaurantes, trem, música, café, gente almoçando, de
passagem, viajando, comprando ou como nós, tirando fotos de queixo caído. É um espetáculo de
estação de trem e metrô. Não sei se sabe, mas é a maior do mundo, vale a pena
visitar. Foi cenário de diversos filmes famosos.
Esta é a foto que estudamos no curso de iluminação por luz natural em ambientes na faculdade de Design. Me apaixonei pela arquitetura e história do prédio desde então. Leia sobre ela aqui
Grand Central Station e Chrysler Tower ao fundo. Vê nesta foto um Business man só de terno?
No subsolo há resturantes, cafés e quiosques...arquitetura belíssima. Eu queria ficar mais tempo, tomar um café, etc. Mas sabe como é...quem não tem olho para arquitetura entra, vê e já quer ir embora...
Ao pé da escada Robert e seu irmão James, se casacos pois do lado de dentro a estação é aquecida...
Detalhes incríveis no teto e nas janelas
A leitora fiel Regina escreveu uma vez: "Cadê fotos suas?" Não gosto muito de tirar fotos, mas me lembrei do comentário dela durante a viagem e tirei algumas... :-)
Robert Deniro em cena de filme gravado na estação.
Neste blog aqui eu encontrei uma lista dos dez melhores filmes onde aparece a Grand Central Station
Veja este vídeo de um dos filmes gravados alí. O filme é péssimo, mas esta cena dá pra ver bem a grandiosidade da Grand Central Station
De
lá fomos para Rockefeller Center onde eu ia andar de patins no gelo. Justamente por
causa dele (do gelo...), desisti de patinar, afinal seria somente eu, ninguém queria J.
Fica para uma próxima visita com o irmão Chefe André Meana.
Tudo bem, vamos encher a
pança no Magnólia Cupcakes! Dois anos atrás quando fui em NYC, a fila para
entrar no Magnolia Bakery era de UMA QUADRA. Nem mesmo o melhor cupcake do
mundo me faria esperar em pé na rua por horas...desisti. Mas desta vez, a bakery estava
vazia. Entrei, comprei 4 cupcakes e comi todos eles alí mesmo sentado em um dos bancos
congelados das ruas de NYC. Vale a pena? Sim! Especialmente o Red Velvet e o
Pistache, o melhor de todos...
Rockefeller Center e o rink de patinação no gelo...
Magnolia Bakery já foi considerada a melhor loja de cupcakes do mundo Não adimira a fila de um quarteirão no Natal de 2012...
Uma
vez abastecidos de cupcakes, andamos até o Empire State Building, que eu
visitei em 1994, vinte anos atrás! (Eu sei, não devia dizer estas coisas, 10
anos atrás, 20 anos atrás...conta a idade né?). Continua glamuroso, impecável. Para subir
rapidamente (há uma opção de subir em 1 hora (??)), pagamos 39 dólares! E daí? Tô
aqui e não vou por causa disso? Pra o que é que eu trabalho? Subimos e não nos
arrependemos, é claro...Até chegar ao 86 andar passa-se pela segurança de aeroporto, só não tira-se a roupa...
O Empire State Building já foi o edifício mais alto do mundo...não mais.
O lobby do edifício
No 86 andar, a ventania que não dava nem para abrir os olhos... Com 50c você olha nos binóculos. Não perca seu tempo, as lentes são ruins e não dá pra ver bosta nenhuma...leve você um binóculo.
No fundo há o prédio mais alto de Manhattan, onde ficava o World Trade Center. Visitei-o em 2012 e escrevi sobre a visita neste post aqui
Sul de Manhattan
Vê aqueles prédios marrons lá no fundo? O Robert "suspirou" nos meus ouvidos Aqueles são o "the project"...daí ele disse "favelas"
Grades anti-suicídio
Prédio da ONU (o retangular azul de frente para o rio)
É tão alto que não se ouve o som do tráfego...
Saindo
de lá já era quase 6 da tarde, hora em que os americanos jantam. E como eu
estava com 3 deles, tivemos que ir para o hotel, tomar banho e sair para
jantar. Jantamos ao lado mesmo do Carlton em um resturante italiano recomendado
na recepção, o I-Trulli. O melhor prato de todos, na minha opinião, foi o do Robert.
Ele pediu Cavatelli. Eu não sei o por quê, mas eu tenho o dom pra escolher o
prato errado...toda "primeira" vez em um restaurante!
No
dia seguinte a programação era Time Square, Broadway, Estátua da Liberdade (não
fomos...muito frio e "alguém" estava congelando...), café da manhã no Plaza Hotel, Central Park e Metropolitan Museum. Mas
isso vai ficar para o próximo post, da série de três, que pretendo escrever no sábado sobre a viagem e o casamento a la "poderoso chefão" A família inteira do Robert e James são a segunda e terceira geração de imigrantes italianos...foi algo único...aguarde!