quinta-feira, 19 de novembro de 2020

É Bom Viver Nos EUA?

         


       Com o advento da internet e das redes sociais, fica difícil achar informação confiável. A informação é abundante, sem dúvida. Porém no que se pode acreditar? O que é fato e o que é opinião? E, às vezes, é difícil separa um do outro. Além do mais tem os fatores experiência atual e passada que influencia as respostas das pessoas. Por exemplo, uma pergunta como a acima "É bom viver nos EUA?" Vai gerar milhares de comentários em posts. Há aqueles que, embora vivam aqui, dizem que não e vai entender o por quê de que essas pessoas não voltam a morar no Brasil?

          Por isso mesmo que esse post é baseado em fatos e experiências, mas tem também a minha opinião e a visão que eu, pessoalmente, tenho das coisas, que pode ser totalmente diferente de pessoa para pessoa. Se me perguntam "É bom viver nos EUA" a minha primeira resposta seria "é maravilhoso". Eu gosto e ponto final. Se não gostasse, tenha certeza que já teria mudado. Não teria voltado para o Brasil por vários motivos, mas teria ido para outro país. E qual Renato? Não sei, Inglaterra, Portugal, até mesmo o Canadá e França. Há vantagens e desvantagens a se considerar. Uma grande desvantagem a meu ver é estar longe da família e dos amigos. Alguns familiares acabam vindo morar aqui também como meu irmão, mas amigos de muitos anos ficam mesmo distantes e dá uma saudade. Na verdade, uma saudade de um tempo que não volta mais. Mesmo que eu voltasse ao Brasil tenho certeza que NADA seria como antes. 



         A vida em Orlando é calma. A natureza é abundante. Não há poluição (por isso eu até que me curei da asma que tinha quando vivia em São Paulo), o trânsito é educado, mais devagar, menos intenso. Não é estressante dirigir e sim muito agradável. Há muitas árvores e animais até mesmo atravessando a rua e a estrada. O clima é bom para quem gosta de calor, um pouco demais por 2 meses e o inverno é bem ameno. Sem chuvas, seco, com dias frios mas com sol brilhante. Não há violência e criminalidade como no Brasil. Há assassinatos mas quase sempre dentro dos mesmos bairros e por motivo de tráfico de drogas etc. Há roubos, mas sem comparação novamente. Ainda é possível se deixar portas e carros abertos. As caixas da Amazon ficam em frente de casa quase por um dia inteiro sem ninguém mexer. Não conheço ninguém que teve seu celular ou seu carro roubado, mas conheço gente que teve bicicletas furtadas dentro de condomínios de apartamentos.

Cenário de filme? Não, é aqui no meu bairro mesmo

        

     As pessoas são geralmente muito educadas. Há um certo distanciamento (cerca de 1m) que as pessoas mantém entre si. Em uma fila, por exemplo, não há alguém a 15 cm de você e quando vc anda ela anda também. As pessoas pedem licença até para passar na sua frente. Dão passagem quando você precisa entrar na fila com o carro. Sorriem, se cumprimentam, mesmo que não se conheçam. 

            A maioria das coisas são menos burocráticas. Compra e venda de casas, carros, etc é incrível a simplicidade pois quase não há fraude envolvida. Para plaquear o carro, faz-se tudo pela internet e a placa vem pelo correio, você mesmo parafusa no carro. Há drive thru (se passa dirigindo) em quase tudo. Não só McDonalds e outros restaurantes, mas também banco e farmácias. 

          E talvez o melhor aspecto de tudo. As coisas tem um preço justo. É possível ter uma boa casa, um bom carro por 1/3 do que se custa no Brasil. No Brasil compra-se um Palio por 50 mil reais. Com 50 mil dólares compra-se uma BMW ou uma Mercedez. Aparelhos domésticos custam barato e quase todo mundo tem ar condicionado, aquecimento, microondas, lava-louças, lavadora e secadora de roupas. Não se estende roupas fora de casa. Há porém uma pequena parcela da população, como por exemplo as que moram em trailers, que estendem roupas fora de casa e talvez não possuam ar condicionado. 



               Tem-se a sensação de que o governo se importa. No Brasil eu sempre tinha a sensação de que o governo era contra mim, meu inimigo. Tudo o que eu precisava ou queria ter, tinha que trabalhar muito para pagar uma fortuna em impostos. Aqui algumas coisas são até isentas de impostos. No supermercado, ítens de primeira necessidade (carne, leite, ovos, arroz, etc) não se paga imposto. Em Nova Iorque não se paga imposto ao comprar roupas. E tudo que há imposto o valor dele é o mesmo 6.5% que você paga no caixa. 

            Em horas de necessidade, o governo ajuda e tem inúmeros órgãos e ONGS que ajudam os pobres de diversas maneiras principalmente no quesito saúde. E vamos então falar na tão controvertida saúde nos EUA. 

         Eu ouço as pessoas dizerem "Nos EUA não tem saúde pública e saúde privada é uma fortuna". Verdade? Em parte sim, em parte não. É verdade não há saúde pública embora todos os hospitais sejam considerados "publicos". Mesmo no Brasil eu nunca usei o sistema público. Sempre tivemos plano de saúde. Quem no Brasil usa a saúde pública? Quem não pode de maneira alguma obter um plano de saúde. Se o indivíduo puder um pouco ele vai pagar. 

         Comparativamente o seguro saúde é muito mais barato nos EUA em comparação ao Brasil. Por exemplo, para uma pessoa da minha "idade" (pesquise por aí pois não vou dizer), um plano de saúde no Brasil custa, no mínimo RS 1,500.00 ou mais dependendo do plano. Meu pai que tem 78 anos paga 3,500 reais de plano de saúdo por mês! Inimaginável nos EUA. Aqui eu pago 650 dólares por meu plano de saúde e o salário mínimo aqui é por volta de 1,500 dólares. E inclusive há planos de saúde ainda mais baratos se você provar que ganha 1,500 dólares mensais. Inclusive, se estiver trabalhando em uma empresa, esse valor cai para 1/3 pois a empresa tem seguros de grupo que saem muito mais em conta. No Brasil, o salário é muito menor, o poder de compra é muito maior e o seguro saúde custa o dobro. 

       Qual a diferença então? A diferença é que aqui nos EUA o seguro não cobre 100% das despesas. Porém você compra medicamentos com até 80% de desconto se tiver um plano. Há planos de tudo o que é jeito. O meu atuamente, minha participação é USD 3,800 dólares anuais. Qualquer procedimento que eu faça eu tenho que pagar uma parte até dar 3,800 dólares. Quando atingir esse teto eu não pago mais nada. Se eu aumentasse meu teto para 7 mil, a mensalidade ficaria mais barato e assim por diante. Não é ruim...não é perfeito, mas é bem melhor do que no Brasil. E os pobres como fazem?

         O pobre que se acidentar vai para o hospital. QUALQUER hospital e tem que ser tratado e só sai de lá bom. Ele recebe a conta, mas se não tiver dinheiro a corte anula a conta. A conta é paga por ONGS e organizações ou simplesmente não é paga. Para remédios e tratamentos há centros que atendem a população carente e são custeados por impostos. Tem que se pagar, mas por exemplo um Raio X de pulmão pode custar 20 dólares. E se não puder pagar eles dão um jeito. Como disse não é ruim.

           Viajar é muito barato. Em 2018 eu pesquisei passagens para passar minha lua de mel no Brasil. USD 1,200 dólares cada um. Acabamos resolvendo ir para a Itália por 1,200 dólares os dois. Cada passagem foi 600 dólares, pode? Para ir a Nova Iorque ida e volta, pode-se achar passagens de 150 dólares e hotéis incrivelmente acessíveis. 



          Esses são só alguns exemplos. Tudo isso junto é que faz a qualidade de vida ser superior, no meu caso, do que no Brasil. Alguém que tem casa com piscina, ar condicionado e aquecimento + lavadora, secadora e lava louças, carro automático e cartão de crédito no Brasil é alguém que é, classe média alta ou rico. Aqui é comum na classe média e em algumas cidades até pobres têm essas coisas. As coisas são infinitamente mais acessíveis à população. Não é ser materialista, mas estas coisas facilitam a vida e dão prazer. Quando alguém que pegava ônibus lotado depois de espera na chuva compra um carro para poder ir trabalhar, sua qualidade de vida melhorou - através de um bem material. Sim coisas materiais têm poder de aumentar a qualidade de vida. Trazem felicidade? Isso é outra história...

          Hoje olhando para tráz eu fico imaginando onde estaria no Brasil. Eu acho que teria conseguido comprar um apartamento de 50-70m² em um bairro de classe média em SP. Teria um carro mais ou menos e trabalharia muito. Estaria com um orçamento bem apertado e tendo que trabalhar muito extra para poder fazer uma viagem internacional. Talvez economizar por 1 ano e depois pagar a conta por mais 1 ano. Talvez tivesse conseguido trabalhar em uma escola que pagasse mais e até tivesse uma poupança. Mas jamais estaria como estou aqui. As oportunidades que eu vi diante dos meus olhos aqui eu nunca as tive no Brasil. Lá sempre foi tudo muito difícil e conseguido com muito trabalho e a um custo bem alto. Hoje se minha TV quebrar e estiver fora da garantia eu vou na loja e compro outra 75 polegadas à vista. No Brasil? Teria que comprar em 24 ou 36 vezes e jamais seria 75 polegadas pois custaria o preço de um carro. 

           No Brasil eu sabia quanto eu podia gastar no supermercado por mês e nada mais. Se gastasse mais, teria que sair de outro lugar. Aqui eu vou ao mercado e simplesmente pego o que eu quero. Eu sei que no Brasil alguns têm essa condição mas eu, professor de escola particular em SP não podia fazer isso. 

            Além de agradável, confortável e segura a vida aqui também parece mais justa. Por isso eu incentivo qualquer um que tem desejo de sair do Brasil para ter uma vida melhor. Quem já tem uma vida maravilhosa e tem como se defender da criminalidade que fique por lá. Mas quem sofre, como eu sofria, crie coragem. Faça um planejamento meticuloso, estude tudo o que puder e arrume uma maneira de imigrar legalmente seja para os EUA seja para um lugar melhor. Não tenha medo de perder coisas materiais. Isso tudo se consegue de novo. Voe livre por esse mundo afora pois como já disse muitas vezes, o mundo é muito grande para se nascer e morrer no mesmo lugar...

           Um Feliz Natal a todos...


Ps. No próximo post eu vou falar dos aspectos ruins

           

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