sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Viagem a Europa e Impressões do Velho Mundo

             

 

               A última vez que eu viajei de férias foi em 2018. Logo depois muito trabalho e a pandemia. Acho que muita gente estava na mesma situação que eu. Em casa a maior parte do tempo esperando a loucura de tudo acabar. E ainda não acabou! Dá pra acreditar no que presenciamos? Uma pandemia mundial onde milhões de pessoas morreram e uma sociedade inteira mudou com repercuções em todos os aspectos. Muita gente perdeu o emprego, o negócio, a casa, o carro, a família e entes queridos. Acho que muitos perderam também a sanidade. E em meio a tudo isso houve também protestos, gritos por direitos, quebra quebra e Carnaval. Parece que o mundo está fora de controle. Algumas coisas me entristecem profundamente como por exemplo, amigos brigando por causa de política nas redes sociais e cortando relações por coisas que não irão mudar. 

                 Essa viagem estava marcada desde 2019. Por duas vezes tentamos ir a a cia aérea cancelou nossas passagens. A primeira vez no começo da pandemia e na segunda vez quando a onda voltou na Europa e a Inglaterra fechou novamente. Finalmente este ano conseguimos marcar e combinar com a minha amiga Juliana de ficarmos 9 dias na Inglaterra e 5 dias na casa dela. Foi muito bom, mas sabe de uma coisa? Na última hora eu não queria ir. Até chorei! Incrível...Até meu amigo que está passando um tempo aqui em casa me disse. Nunca vi você chorar em 20 anos! É verdade eu NUNCA choro, mas por algum motivo perdi o controle. Não queria deixar meus cachorros, não queria enfrentar aeroporto, segurança, avião, Uber, conexão e por aí vai. Mas senti uma culpa também por desmarcar com minha amiga todas as coisas que já estavam combinadas, marcadas e por quê? Nem eu sei. 

                   Um mês antes da viagem tive uma sucessão de doenças. Uma coisa atrás da outra e poucos dias antes de embarcar ainda me sentia doente. Muito tempo dentro de casa talvez? Insegurança? Medo de terrorismo, avião, gastar dinheiro? Eu realmente DISPIROQUEI legal. Mas fui. Engoli o choro e fui para o Aeroporto. E quer saber de uma coisa? Assim que pisei na Inglaterra tudo passou! As doenças, o medo, etc. Parecia que eu tinha recebido uma injeção de ânimo pela vida novamente. Foi muito bom viajar, eu tinha até me esquecido o bem que faz. 

                      A nossa viagem teve poucas programações. Algo que eu realmente queria ver era as Seven Sisters (que eu conheci após assistir a dois filmes feitos naquela região) e um castelo. Já o Alex queria ver Paris e algumas coisas em Londres. Por isso tínhamos um roteiro bem aberto, com poucas coisas e bastante tempo para inserir sugestões de última hora. Ou descobertas

Summerland (2020)

Atonement (2017)



             Do Aeroporto Heathrow, alugamos um carro e dirigimos por volta de 2hs até Arundel, cidade onde o Castelo de Arundel se localiza. Visitamos o Castelo no mesmo dia (que foi o mais lindo Castelo que eu já visitei) e dormimos em um INN na cidade mesmo. No dia seguinte de manhã fomos para Brighton onde há um pier e umas coisas legais para se ver.
           
               Eu já visitei por volta de 12 castelos, esse superou todas as expectativas. Os interiores são completamente acabados. O Design é de tamanho bom gosto que poderia (e acho que é) bem ser o interior de casas de pessoas que gostam de design clássico. Quem me segue sabe, eu não gosto de nada moderno e acho que a decoração brasileira está indo por um caminho muito estéril, os ambientes estão ficando com cara de lobbys de hotel, clínicas, lojas de shopping e restaurantes. Tudo menos cara de "casa". Nada aconchegante...
Aqui vão algumas fotos:












Impressionantemente quase todos os quartos
eram suites. Aqui é um dos banheiros de um
dos quartos. Não encontrei em nenhum lugar 
o número de quartos, mas o castelo tem
198 cômodos. 


https://en.wikipedia.org/wiki/Arundel_Castle 


           No dia sequinte de manhã fomos para Brighton e ficamos lá pela manhã. De lá seguimos para Beachy Head onde ficam as seven sisters. De Brighton dirige-se pela costa por aproximadamente 50 minutos. Quando chegamos realmente a vista e o lugar é maravilhoso. Poucos turistas, poucos lugares para comer, muito charme, muita beleza, parece mesmo que se está em um lugar remoto da Europa. O dia estava lindo. Para ver a sucessão de montanhas tem que se escalar o gramado que você vê ao topo por meio das trilhas. Mas não se preocupe até mesmo pessoas acima de 70 anos estavam fazendo a caminhada. A caminhada total (nem fomos até o fim) é por volta de 12 km. Seis para ir e seis para voltar. Estávamos acabados!










             Esses para mim foram os pontos altos da viagem. Só mais alto que isso foi reencontrar meus amigos Ju e João. Ficamos na casa deles e a hospitalidade demonstrada é algo raro de encontrar. A casa da Jú é pequena, nos moldes britânicos, mas ficamos tão bem instalados...que até fiquei sem jeito. I love you Ju e João!

               Uma vez em Londres fizemos os passeios de praxe, turista mesmo pois o Alex havia visitado Londres quando tinha apenas 9 anos de idade. Já adulto é outra coisa. Algumas coisas eu não tive paciência de fazer como ir na London Eye e ficar em uma fila de 45 min debaixo de chuva para ver Londres em meio a nuvens. Decidimos ir a um restaurante ao lado e comer Fish and Chips que o Alex estava com as lombrigas atacadas. Sempre quis experimentar esse prato servido em quase todo lugar de Londres.




                 No terceiro dia pegamos o trem que vai de Londres a Paris em apenas 2.5 horas e que passa por baixo do mar. Nada de extraordinário. A paisagem é normal e como pegamos muito cedo e voltamos muito tarde praticamente estava tudo escuro. Em Paris fizemos o roteiro "turista básico". Torre Eifel, Louvre, Notredame, etc. Não fomos no Sagrado Coração, estávamos exaustos de tanto andar. Fomos sim em Versalles. Palácio que eu queria visitar após assistir à série de mesmo nome. Você já viu? Recomendo...












Versalles é realmente impressionante. 
Ao todo tirei mais de 600 fotos. NO meu instagram
tem mais algumas
@renato_s_alves





Em Paris, não house sequer uma refeição que não
estivesse absolutamente fantástica. Tão diferente dos
EUA onde de dez vezes que se tenta um
restaurante novo 7 a comida é ruim.

                Nos últimos dias de volta a Londres fizemos o Red Bus Tour e visitamos mais alguns pontos turísticos. Fomos em ótimos restaurantes, realmente não espera serem tão bons. Nada como visitar uma cidade onde você conhece alguém - os "locais" ou locals como dizem os americanos. No último dia alugamos um carro novamente no aeroporto e fomos a um vilarejo há 2 horas de Londres e 30 minutos de Oxford. Bulbury and Costwold - a coisa mais linda. Tudo parecia ter saído de uma história de conto de fadas. Alguns túmulos datavam do ano 1700!












Pra fechar com chaves de ouro tivemos um jantar mais cedo neste
restaurante. Incrível, belíssimo e a comida fantástica. 
Ele é também um hotel
https://www.cotswoldswheatsheaf.com/


                    Realmente foi uma viagem memorável. Já não vejo a hora de poder voltar e visitar outros lugares. Eu disse para o Alex que quando estou na Europa eu me sinto como se estivesse em casa, com as minhas origens. Nunca senti isso no Brasil ou mesmo aqui nos EUA. Eu serei sempre imigrante aqui e mesmo sendo cidadão americano não sinto como se realmente pertencesse a este país. E nem me sinto assim com respeito ao Brasil também. Na verdade sempre tive aquele sentimento de que tinha nascido no lugar errado, não sei por que. Espero que ninguém se ofenda com esse comentário. Acredito que temos que procurar a felicidade seja ela aonde estiver. A minha não estava no Brasil. Isso significa que também não gosto daqui? De maneira alguma!

                    Esta viagem foi boa para refletir em muitas coisas. Às vezes eu acho Orlando um pouco sem graça, as ruas e avenidas parecem todas iguais. Os bairros planejados são absolutamente iguais. Por isso quis mudar para Longwood onde nem parece que se está na Flórida. No entanto precisamos ver outras coisas para apreciarmos o que temos certo? Não é ingratidão. É o simples fato de que nos acostumamos facilmente com as coisas. Boas e ruins. Somos resilientes e nos adaptamos. Depois de um tempo paramos de prestar atenção nos gramados bem cuidados e as ruas limpíssimas e só pensamos em dirigir e não chegar atrasado.  Não notamos que aqui raramente fazemos baliza. Que as ruas são largas e bem cuidadas, não há quase buracos em lugar nenhum. Não há cachorros ou gatos de rua e assim por diante. 

                    Eu achei a Europa desta vez, estes dois países que eu visitei bem sujos. Desde os grandes centros como as cidades pequenas também. Os canteiros, muitas vezes aquele matagal. As calçadas quebradas e as ruas com buracos. Tudo muito apertado, muito pequeno. Desde os carros e principalmente qualquer banheiro de qualquer lugar. A infraestrutura de trens e ônibus é fantástica, coisa que não temos aqui em Orlando. Ônibus é quase inexistente. O preço da gasolina um absurdo comparado ao que pagamos. Os restaurantes e as comidas, muito melhores embora no supermercada há muito menos opções de produtos. Não há grandes supermercados. A variedade de produtos é super limitada. As pessoas vivem de outro jeito. 

                     Ao voltar pra casa e entrar na minha sala e cozinha, especiamente a varanda e quintal fiquei pasmo com a quantidade de espaço que temos e o quão pouco pagamos por isso em comparação ao que se paga na Europa. Se vendêssemos nossa casa de 250m² com piscina e quintal de 3 mil m², compraríamos uma geminada de 80m² há 40 min do centro de Londres. Com 2 quartos e 1 banheiro. Se bem que em Nova Iorque o dinheiro daria para comprar um studio. 

                       Mesmo apertado, mesmo sujo, mesmo diferente a Europa é fascinante. A França é minha preferida. Ainda quero visitar outros lugares. Escócia, Irlanda, Alemanha, Holanda, República Checa, Suíça, Áustria e Bélgica. Também Portugal e Espanha voltando, é claro, para minha amada e complicada Itália. Haja dinheiro e tempo também não é mesmo?

Renato Alves

     

domingo, 31 de janeiro de 2021

Aspectos Negativos Sobre a Vida Nos EUA

           


          Antes de mais nada é preciso dizer (nem precisava, mas vou mesmo assim) que esta é a "minha" opinião baseada nas experiências pessoais que vivo e vivi por quase já 12 anos. Hoje as pessoas estão muito mal educadas, principalmente na internet e com pessoas que têm uma opinião diferente da sua. E não é só coisa de brasileiro não. Entre os posts de americanos e entre mesmo os americanos que tenho nas minhas redes sociais eu noto isso. Então este não é um aspecto negativo da vida nos EUA pois me parece, pelo que observo, que é no mundo inteiro.

              Quando se muda pra cá a gente fica como em estado de paixão. Não enxerga nenhum defeito no outro. Ou se enxerga, dá até uma desculpa. Depois que se convive com a pessoa e a paixão passa, aí começamos a ver aspectos negativos e até mesmo coisas que irritam. Isso não significa que você vai largar da pessoa. Cada um sabe o quanto pode aguentar e colocamos em uma balança. Enquanto a balança está positiva, continuamos. Com a vida nos EUA é e-xa-ta-men-te a mesma coisa. Depois de uns anos de convívio você enxerga direitinho o que se passa por aqui. 

              Eu não acredito que haja um lugar perfeito e acredito sim na síndrome da grama do vizinho. Aquela que a pessoa sempre acha que do outro lado da cerca a vida é mais verde, melhor. Há sempre prós e contras e acima de tudo, todos os lugares (bairros, cidades e países) têm pessoas. E onde tem pessoas tem problema - isso é fato. 

                A primeira coisa que me irrita aqui é a política. Eu já cheguei a um ponto que não assisto noticiário mais. Meu telefone está programado pra me avisar sobre tempestades, furacões e outras coisas que eu preciso saber, mas ultimamente, na TV só assisto mesmo a séries, filmes e documentários. Sabe porquê? Por que tanto de um lado como de outro (digo esquerda ou direita) as pessoas só vêm o seu lado na questão e não há opinião neutra de jeito nenhum. O noticiário é 80% política e partidarismo, 10% crimes, 5% desastres e uns 2% de informação útil. E quando acontece um EVENTO como a invasão da US Capital, isso é 100% do noticiário por semanas e até mesmo meses. E os canais tem uma "agenda". Todos eles e eu não quero fazer parte da massa manipulada. Leio coisas de diferentes fontes e sigo pessoas e não canais. 

              Então a primeira coisa que eu acho que irrita aqui nos EUA e tenho certeza que no Brasil no momento é a mesma coisa é a política. Que sejamos honestos, está um horror no mundo inteiro de que se fala a respeito, a saber, EUA, Brasil, França, Italia, Inglaterra e assim por diante.



               A segunda coisa que eu acho que é um aspecto muito ruim e talvez muito pior do que o primeiro é a divisão entre raças. Falando o português bem sincero, brancos e negros. Isso aqui é de doer. Os brancos são racistas quietos (nem todos é claro) e os negros são descarados mesmo. Há quem diga que essa coisa de racismo contrário não existe. Vem morar aqui e você verá. Já no primeiro ano da faculdade eu senti na pele quando não conseguia falar com quase ninguém que fosse negro. Eles simplesmente me ignoravam. Você abre a porta e muitos deles entram sem sequer olhar na sua cara e dizer obrigado. E eu vou mesmo é parar por aqui porque esse assunto é complexo e enorme. Mas a verdade seja dita. É muito mais expressivo que no Brasil e não vejo solução nenhuma a curto prazo. 



                  A terceira coisa que me "empurrinha" é o sitema de saúde. O sistema de saúde em si não é ruim. Não há sistema público? Não, mas nem no Brasil eu nunca usei sistema público? Estamos falando então do sistema privado e suas práticas. É uma coisa que ninguém entende. Já feito para não ser entendido MESMO. Desde que eu consegui meu green-card e comecei a pagar um seguro saúde, o meu plano é cancelado no final do ano e eu sou movido para um plano mais caro no ano seguinte com cobertura menor. Todo ano já por 6 anos e não tem pra onde ir. Ficar sem só é opção se vc não tem nada. Aí é bom, você vai para o hospital, é tratado e não paga coisa alguma pois não tem nada. Agora se você tem 1 propriedade é melhor pagar o seguro saúde pois se 2 horas de pronto socorro custam 10 mil dólares e eles tomam o que você tiver para pagar a conta. Mesmo tendo um seguro saúde sempre tem-se que pagar alguma coisa. Às vezes a conta sai cara, mesmo com o seguro.


           Outra coisa chata é, a cada consulta tem-se que preencher uma infinidade de documentos e assinar todos eles. Uma vez dentro do consultório, a assistente pergunta tudo outra vez!! Tudo isso porque vivemos no país dos processos. Todos, inclusive os advogados querem achar uma brexa para poder tirar dinheiro das seguradoras e as seguradoras também se beneficiam com isso. No país do processo, não ter seguro é loucura. Muita gente fica rica com processos e vê-se propaganda de advogados na televisão a cada 5 minutos. Essa seria a quarta coisa chata aqui nos EUA. A indústria dos processos!!



                  A última coisa que é algo que não estamos acostumados no Brasil é a imigração. Eu não me lembro de, no Brasil, encontrar tantos imigrantes em todos os lugares que se vai. Eu não tenho nada contra imigração, eu mesmo sou imigrante. Porém, eu me adaptei a vida americana e sigo as leis e costumes praticados no país. Inclusive aprendi a língua antes mesmo de mudar pra cá. Falar um outro idioma não é coisa simples e admito que alguns jamais irão conseguir aprender. Faz parte da natureza querer falar na própria língua. Dito isso, o que irrita é imigrantes que trazem maus hábitos dos seus países e impõe eles a você. Até mesmo brasileiros que não respeitam leis de trânsito e horários para fazer festa e bagunça. Simplesmente não se importam com o direito do outro de dormir, por exemplo. Em alguns lugares como Miami, para citar apenas um deles, em determinados bairros eles até te maltratam se você não falar espanhol. Eu fui uma vez em uma farmácia que não havia sequer uma pessoa, nem mesmo o gerente que falava inglês e podia me atender. Meu espanhol quebrado gerou impaciência por parte dos funcionário. Isso é um absurdo não acha? E quando estes mesmos começam a exigir direitos, têm mais benefícios que você que paga pesados impostos e ainda por cima não te deixam dormir você imagina como um americano comum se sente em sua própria casa. Eles não atentam pelo fato que estão na casa dos outros e precisam se comportar. 



              Viver em outro país é algo que todos deviam experimentar uma vez na vida. Eu jamais trocaria a vida que tenho aqui pela vida que tinha antes. Mesmo tendo tido que percorrer um longo caminho. Vou ficar aqui pelo resto da vida? Espero que não! O mundo é tão grande, eu ainda quero ver e experimentar muitas coisas mais! Espero um dia contar estas experiências que eu espero ter no futuro.

E por aqui eu termino este post. 

Grande abraço a todos!


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