segunda-feira, 30 de julho de 2012

Olimpíadas no Brasil x Olimpíadas nos EUA



            Quase 3 anos nos EUA e quando eu acho que já ví tudo o que é diferente e tudo o que parece a mesma coisa, eis que algo novo aparece. Que bom, porque assuntos para o blog já estão ficando escassos e eu não pretendo que este blog seja um diário da minha vida aqui nos EUA. Algo que eu nunca havia pensado era se assistir as Olimpíadas nos EUA seria  mesma coisa que assistir no Brasil. Há muitas diferenças, vou mostrar algumas e também minhas conclusões sobre o que tenho observado nos americanos nesta época. Se você tem ou teve uma experiência diferente, compartilhe com a gente ok!?
            A primeira diferença que eu notei foi nas propagandas de TV. Coisas que não tem relação nenhuma com as Olimpíadas lançam comerciais com o tema "jogos olímpicos". Quer um exemplo? Séries americanas. Eu já vi 3 ou 4 comerciais de séries (que aqui chamamos de "shows") fazendo piada ou comentando sobre a Olimpíada. Vou descrever um. Em um dos comerciais de shows (que eu não lembro o nome), a câmera focaliza o rosto do pai falando sobre que esporte o bebê iria participar, depois o rosto da mãe dizendo que natação ia ser perfeito para ela. Por trás vem a avó e diz "Claro, se você quiser se transformar em uma daquelas horrorosas européias com corpo de homem". Mas o show em si não tem nada a ver com as Olimpíadas, só aproveitaram o evento para chamar a atenção do show cômico. E assim várias propagandas como relógios, tênis, roupas, bebidas, etc. Você pode ver no vídeo abaixo.

(não encontrei no youtube os vídeos dos shows que não têm nada a ver com as Olimpíadas, só de alguns produtos e marcas.) Esse vídeo é de uma empresa Canadense mas é o que melhor exemplifica o que eu acabei de descrever.





            Outra diferença é que quando o atleta americano vai se apresentar (ou competir) um pequeno filme sobre a vida dele passa no comercial ou imediatamente antes da competição. Essa pequena chamada mostra vídeos de quando o atleta era bebê, crianças, em competições da escola e de tudo o que a família passou para que o atleta chegasse onde está. Achei muito legal, pois aparecem coisas que a gente não imagina como a ginasta Gabby Douglas (afro-americana) que teve que ser mandada para Iowa para morar com uma família hospedeira (de americanos brancos) que não era sua só para poder treinar com o melhor treinador das últimas Olimpíadas, além de tudo o que a família tem passado por estar separada e o fato de a mãe ser solteira e ter criado as filhas sozinhas.  Você pode ver no vídeo abaixo:


            A última diferença eu vi na maneira de os americanos torcer. Aqui na casa pelo menos eles não dão muita importância e não torcem com a emoção que nós brasileiros torcemos. Acredito que isso se deva a dois fatores. Primeiro os EUA leva tantas medalhas que o máximo de excitação que eu ví quando um atleta ganha uma medalha foi: "Good, she got it..." Que? Nós pulamos, gritamos e fazemos o maior barulho. Será porque o Brasil não leva tantas medalhas assim e para nós não é tão comum? Talvez?

            Em segundo lugar vejo os americanos como um povo que se critica muito a si mesmo e seu país. Por exemplo, estava na cara que as meninas da ginástica olímpica americana davam um abraço fake (falso ou mecânico) umas às outras e o Robert já soltou a dele: "Que falsidade essas meninas! Fique feliz pela consecução do time!". E quando as britânicas se abraçavam com sorrisos e beijos ele disse: "Isso sim parece ser vindo do coração". Depois outro comentário que eu ouvi de outros americanos "esses esportidas são um bando de garotos ricos e mimados" o que não acho ser 100% verdade ou "os americanos têm tudo à mão, ganhar é obrigação! Veja o que os atletas de outros paísem têm de passar pra chegar lá..." wau!

          Fiquei pensando que nós brasileiros jamais falaríamos mal dos nossos atletas e idolatramos qualquer um que consiga uma medalha de ouro, porque no Brasil, as coisas são realmente difíceis. Não para tenistas, atletas da náutica e mesmo natação, basquete e voley (que vêm de famílias ricas, a maioria). Lembro quando morava em Moema e víamos os jogadores de basquete do clube da associação judaica. Eram rapazes ricos. E quando era sócio do Banco do Brasil, o time do clube (muitos eram da seleção como Tandi, Maurício, etc) tínham carros que a classe média brasileira jamais poderia comprar. Nem sequer olhavam na nossa cara, eram literalmente "estrelas". Mas falo dos jovens do atletismo, maratonistas e outros que treinam sozinhos e muitas vezes vão ao público pedir patrocínio para poder participar das Olimpíadas...triste.

Sarah Menezes ganha ouro em Londres 2012. A primeira medalha
de Ouro do Brasil.
            Por último, tenho a acrescentar que uma mistura de emoções me invade quando americanos competem com outras nações, quando brasileiros competem com outras nações e quando americanos competem com brasileiros. É lógico que quando competem com brasileiros eu torço pelo Brasil na cara do povo aqui de casa. Pulo, faço festa, barulho e eles riem da minha cara. Mas quando os EUA competem com outras nações, em alguns casos acabo torcendo contra os EUA. Ainda não sei o porquê disso mas tenho uma desconfiança. Eu sempre, desde pequeno, torci pelos mais fracos. Sempre achei lindo quando o mais fraco vence o mais forte. Assim como Davi venceu o gigante Golias. Pra mim, os EUA, a China (etc) são o eterno Golias e eu sempre estarei do lado dos "Davizes". Eu choro quando vejo aquele que não tinha nenhuma chance ganhar de todo mundo como o Sul Africano que bateu em todos ontem na natação. A emoção dele era genuína. Talvez porque essa tenha sido a história da minha vida inteira...

Por último esse vídeo lindo que encontrei no Youtube que é uma homenagem às mães, figura mais apreciada pela sociedade na família americana- corre pegar o lenço!!


26 comentários:

  1. oi Renato, acho q os brasileiros de hoje estão mto ingratos c/ nossos atletas. fiquei triste pela nossa Daiane dos Santos. A ginástica olímpica brasileira pode se dividir em 2 etapas: antes da Daiane e pós Daiane. Ela deu uma guinada nesse esporte q era um nada no Br e hoje só ñ brilha mais por conta de alguns dirigentes q só querem atrapalhar (ñ deixaram a Jade participar por ex). Bom, a Daiane foi bem mas outras foram melhor e ela ñ conseguiu se classificar. Os comentários dos brasileiros c/ raríssimas exceções foram mto maldosos, principalmente qto à idade (29a)embora ela ainda dê saltos mortais c/ perfeição. Tb caíram de páu nos irmãos Hipólito q já nos deram mta alegria e desta vez ñ tiveram sorte. Eles devem estar bem triste c/ tantos comentários cruéis.
    Agora, a bomba ficou por conta dessa presidenta ridícula q logo após a abertura, foi interpelada por um jornalista q perguntou se ela havia gostado da abertura ao q ela mui educadamente respondeu: gostei mas faremos melhor no Brasil.........

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    1. Judy
      Os políticos corruptos se aposentam após um mandado e recebem dinheiro pro resto da vida. A Diane não teria que receber uma aposentadoria por ter representado o Brasil no mundo e ter recebido várias medalhas por uma vida inteira de treino para representar o país??
      Vergonha, vergonha, vergonha!!!!!!

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    2. Renato, entendi seu comentário mas se fizéssemos isso estaríamos concordando c/ essas aposentadorias injustas de pessoas q ñ trabalham os 30a exigidos por lei e mesmo assim são agraciados. Acho q seria melhor dar condições a esses ex-atletas de continuarem contribuindo c/ o esporte dando mais arenas poliesportivas p/ q nossas crianças possam mostrar seus talentos no futuro. A Daiane já disse q pretende continuar no esporte, ensinando o q aprendeu e mtos outros já fazem isso tb mas precisam sair mendigando patrocínio e mtas Xs até tiram do próprio bolso e com o tempo acabam desistindo. bjs...judy

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    3. Judy
      Eu sou a favor da aposentadoria por tempo de serviço. Começou cedo, termina cedo. Infelizmente nunca mais será possível se aposentar cedo e se a pessoa conseguir se aposentar, o tempo que resta dá pra fazer pouca coisa, ou mesmo o dinheiro talvez limite.
      Se a Diane começou a treinar com 3 anos de idade e treinou a vida toda, coloque aí a insalubridade e ela teria direito à aposentadoria.
      Bom espero que ela fique bem
      bjs

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    4. obrigada pela explicação, eu ñ sabia desse detalhe e sendo assim, seria uma aposentadoria justa sim! bjs

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  2. Eu achei isso tambem, que eles nao ligam para as olimpiadas, mas como tenho pouco contato com americano fora do trabalho, achei que na intimidade pudesse ser isso. Eu amo judo. AMO! Pense na gritaria e pulos que eu dei quando a Sara ganhou. Fiquei ainda mais feliz quando ela agradeceu a psicologa pela ajuda na vitoria porque acho que falta suporte psicologico no Brasil. E os irmaos Hypolito sao a prova de que ter a mente no lugar e aguentar pressao eh tao importante quanto o treino fisico. Amo ouvir o hino nacional e dessa vez, com a ajuda do skype, vimos juntos a entrega da medalha daqui e minha mae e irma lah do Brasil.
    Mas o, eu tambem sempre torco pelos mais fracos e fico super feliz quando o improvavel vence. E nao vou negar que fiquei bem feliz com a cara de "PQP, nao ganhei nem bronze!" que o Phelps fez :).

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    1. Eu queria ver o voley do Brasil ontem mas a TV nao passou! Que raiva!!!
      eu também gostei do Phelps hahaha

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  3. Puxa Renato , suas palavras me comoveram e como sempre , concordo com muitas coisas que vc escreve . Torcer é sempre bom , nos dá alegria , sei lá , não ganhamos nada com isso , mas o prazer de ser solidário com um patricio não tem preço , esse troço contagia ... \o/ Lana

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  4. Ola Renato
    Eu também torço para os que estão nitidamente se esforçando muito, a alegria deles quando vencem é contagiante enquanto alguns quando ganham ficam com aquela cara "blase". A propaganda da PeG passa aqui também.
    Um abraço
    Alessandra Haak

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  5. Olá, Renato!

    Se me permite uma sugestão de assunto para o blog, gostaria de saber mais sobre as relações dos negros com os brancos nos EUA. Você tinha citado um pouco a respeito num dos posts sobre universidade, então acho que um post dedicado ao assunto seria bastante interessante. Também gostaria de saber como são os japoneses que estão aí.

    Obrigado.

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    1. Fábio
      Já pensei mil vezes antes de escrever este post. O caso é que eu gostaria de entrevistar uma pessoa negra e uma pessoa branca totalmente fora do meu circulo de convivência, mas ninguém ainda aceitou o convite. Mas o post sairá com certeza
      Abs

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  6. OI Renato!
    Eutambem torco para o Brasil quando joga com qualquer time, e torco para este pais quando ele joga com paises que nao seja o Brasil.
    Achei interessante o que voce escreveu sobre os comerciais que
    aparece entre os jogos.
    Bjos

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  7. Olá Renato, tudo bem? Voltei depois de alguns dias longe. Estive viajando a trabalho e meio sem tempo.
    Muito interessante o seu post, mas ou fazer um contra-ponto.
    Não gosto de torcer o contra o mais forte, prefiro sempre torcer sempre para aquele que eu acho que possui mais capacidade e se esforçou para chegar até lá. A tal da meritocracia. Claro que pesam alguns fatores nessa torcida, como, por exemplo, arrogância. Se o melhor time é arrogante, torço contra. Se bem que esse é um critério muito subjetivo.
    Mas nesse sentido, muitas vezes torço contra o Brasil em algumas ocasiões. Futebol é um deles. Não gosto como o futebol é conduzido no Brasil e por achar que ele é um trampolim para uma série de coisas erradas sempre torço contra. Sem contar, que se for considerada a questão da capacidade, no futebol, o Brasil não merece ganhar há muito tempo.
    Assim como, também jamais vibrei por medalhas conquistadas em esportes como Vela e Hipismo, modalidades esportivas praticadas por um grupo muito fora da realidade brasileira.
    Por outro lado, não deixo de reconhecer o esforço de alguns atletas brasileiros, que tentam ganhar, mas não conseguem, muitas vezes por falta de apoio, treinamento adequado (físico e psicológico) e mesmo experiência internacional. Vejo com muito pesar as críticas que alguns brasileiros fazem aos atletas por não ganharem medalhas. Há alguns dias uma atleta do judo foi xingada pelo twitter por uma torcedora só porque foi desclassifica da competição. Triste, justamente porque poucos sabem a dificuldade de se chegar até lá.
    Um pouco culpa da imprensa que gera um expectativa ufanista de medalhas e pouca se importa em mostrar as dificuldades enfrentadas pelos atletas.
    Um abraço.

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    1. Alberto eu torcia pelo futebol nas copas até aquela copa que o Brasil vendeu a copa pra França. Depois nunca mais.
      Muito interessante seu ponto de vista.
      Welcome back!
      Abração!

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  8. Chorei muito ontem, na corrida dos 400m, por causa do sul africano com as próteses de carbono. Queria que ele tivesse ganho (ele foi o último colocado), achei que ele tinha feito muito por merecer. Superou tudo e todos, chorei de verdade quando assisti, tanto que meu marido perguntou o que estava acontecendo. Torco frequentemente pelos menos favorecidos, fico feliz quando o talento e os esforcos, muitas vezes sobre-humanos, sao compensados. Atletas americanos tem toda uma estrutura por trás de si, entao fica muito mais fácil chegar lá.
    Tenho esse "complexo de Davi" tb, muitas vezes vejo a minha história pintada na vidas alheia.
    Um abraco

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  9. O brasileiro realmente não é crítico consigo mesmo e com o país. Vejo direto alguns aí, num pseudo patriotismo, bufando quando criticamos este país que está sendo considerado o mais corrupto do mundo. Entretanto, esta mesma gente, vota nos corruptos que temos, emporcalha a cidade e compactua com qualquer tipo de safadeza. Vai entender... Abração amigo!

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    1. Alguns se ofendem mesmo e muitos me xingam! Mas eu acredito quem criticou não deixou de amar. Quem deixa de amar o país simplesmente o ignora, mas quem critica tem, no fundo, uma esperança de que alguma coisa melhore, porque afinal País é como mãe, a gente nunca vai esquecer nossas origens
      Abs pra vc também!

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  10. Comentário nada a ver com o assunto do post:
    Aaaaaaaaaaaaaaa Renato, tô mei tristinha porque acabei de ler seu blog todinho! "De cabo a rabo!" Levei um mês e pouco pra ler tuuudo!
    Tanta coisa boa seu blog me proporcionou que você nem imagina! Você não me conhece, mas sou imensamente agradecida por ter encontrado seu blog na minha frente...
    Mostrei seu blog e seu seus primeiros posts (aqueles em que você conta como chegou aí) pra minha analista e ela me fez ver que, seu eu quiser, eu também posso fazer uma mudança radical na minha vida e partir pra uma carreira que eu amo, nem que pra isso eu tenha que sair do Brasil! Depois de muito pensar, planejarei minha ida à Nova York pra cursar meu Interior Design...
    Futuramente, gostaria de trocar emails com você, pode ser?
    Abraços
    Ana Luíza Oliveira

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    1. Puxa Ana Luiza
      Que legal, leu o blog inteiro. Um dia eu faço isso também, pra editar e publicar um livro. Por enquanto fico aqui escrevendo.
      Sim pode me mandar um email, mas não espere respostas longas porque eu recebo muitos, muitos e tento responder a todos
      Qualquer pessoa pode fazer uma mudança radical na vida. É preciso coragem e, algumas vezes, dá uma sensação de que algo devia ter sido planejado melhor. Mas arrependimento...nunca (pelo menos até agora!)
      abração

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    2. Li o blog inteiro, inclusive todos os comentários! Um melhor que o outro! Agora vou ler outros blogs que conheci aqui, começando pelo da "Nani" - Moments and Thoughts.
      Se quiser ajuda com o livro ahuahuauuhhua!! Teve post que li duas vezes =DDDD
      Não se preocupe, só perguntarei mesmo se não encontrar nada aqui, nem nos outros blogs, o que é meio difícil né, qualquer coisa a gente acha na net hoje em dia...
      Sobre a mudança, meu problema acaba nem sendo a coragem. Isso eu tenho. O que me falta são os recursos pra bancar esses sonhos e o apoio dos pais (ainda não posso contar com isso...)
      Mas a gente vai sonhando, planejando....
      Abraços!
      Ana Luíza Oliveira

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    3. Wow
      Olha, o blog da Karine é engraçado mas é dia a dia das pessoas, o que eu não curto muito. Eu gosto muito do Greetings from Holland, da Ana, o Aventuras na Magic City da Lorna. Outros que eu lia, cansei. To procurando algum legal pra continuar lendo, mas tá difícil. Quase todos ficam no dia a dia das pessoas, o que elas tomaram de café da manhã, acho cansativo...
      Planeje bem que vc vem
      Abs!!!

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  11. Taniel Ferreira. e ae renato blz?
    otimooo post,dei muita risada, e eu tbm tenho costume de torcer pros mais fracos haha abraço!

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Etiqueta cai bem em qualquer lugar, até na internet. Seja educado ao comentar e perguntar. Olá..., meu nome é..., por favor e obrigado são palavras que ainda estão em uso e mostram cordialidade. Afinal, o blog não é balcão de informações de shopping e embora eu esclareça as dúvidas de todos de bom grado, não ganho nada para isso.
Obrigado por comentar e abração!

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