sexta-feira, 22 de julho de 2016

10 Coisas Que Aprendi com os Americanos


            Hoje o Robert está se mudando para New Jersey. É um dia triste pois, quando ele está de bom humor (e isso é raro) ele é a melhor pessoa para se estar ao lado. Ele definitivamente não gosta da Flórida e está muito ansioso para voltar para o Estado aonde nasceu, aonde tem primos, tios, amigos de infância que deixou aos 14 anos quando mudou para a Flórida. A mãe dele, a Louise vai ficar aqui morando a apenas 2 quarteirões da minha casa. Ainda somos amigos eles me consideram família, assim como eu considero a todos eles (com exceção de alguns). Segundo o Robert, e também eu pude observar em muitas visitas a New Jersey, há um grande abismo entre a maneira como o americano vive lá e aqui. Infelizmente, na Flórida, há menos respeito, mais gente sem fazer absolutamente nada, mais pessoas fazendo o que não devia entre muitas outras coisas que prefiro não citar para não parecer ingrato. Acredite, perto do Brasil, isso aqui é um paraíso e eu amo este lugar.

            Acordei hoje muito pensativo sobre esses 8 anos que vivemos juntos e tudo o que aprendi com eles e com os americanos em geral. Antes que alguém já venha escrevendo bobagens nos comentários, eu não sou deslumbrado e já escrevi aqui no Blog várias coisas que acredito serem um absurdo os americanos fazerem. O que eu vou escrever não é regra mas, o que eu observo com os americanos que eu convivo, ser o geral. Claro há exceções e pessoas muito ruins também. Neste post porém vão as coisas positivas que eu vou levar para o resto da vida. Então que a lista comece:

1- Amar os animais incondicionalmente. Eu lembro que em casa, sempre tivemos cachorros. Mas aos cachorros não era permitido a entrada em casa. Hoje pensando nas noites frias que os pobrezinhos passavam sozinhos no quintal simplesmente me parte o coração de arrependimento. O americano tem os animais de estimação dentro de casa. Eles são da família. Eles dormem na cama com eles e ele levam aonde quer que é possível os cachorros e gatos irem com eles. Quando viajam pagam um "Pet sitter". Alguém que venha e fique em casa com os cachorros 24hs por dia. Vi isso inúmeras vezes. Os americanos param o carro para o pato cruzar a avenida com os patinhos. Correm risco de morte para salvar animais em situações perigosas. Na Flórida, e eu já escrevi isso, a LEI é que cachorros não podem ficar sozinhos no quintal sem supervisão por mais de 2 horas. Por causa do calor, do sol, dos bichos, da piscina, etc. É considerado abuso e o dono pode perder o animal se denunciado. E olha que eu conheço brasileiros que deixam o cachorro preso dentro da garagem com um calor de 45-60 graus. Não posso pensar em maior crueldade.



2- Repeitar as leis. Se a lei diz assim então o americano não discute, cumpre e pronto. Aliás, eles são muito bem informados dos seus direitos e deveres. Em primeiro, lugar acredito eu, pelo temor das consequências (pois aqui a lei se cumpre). Depois porque traz um benefício comum muito maior e mais importante que o benefício pessoal. Quando há um sinal de STOP, para-se o carro, mesmo no meio da noite ou que não haja nenhum carro à vista.

3- A consciência de que o bem comum é mais importante que o bem pessoal. Já citei com respeito às leis, mas isso vai muito mais além. Por exemplo, se um restaurante se nega a atender algum tipo de pessoa devido a cor, sexo, orientação sexual, etc e isso se torna público, o americano boicota e geralmente o estabelecimento (ou rede), para prevenir uma provável falência, é forçado a pedir desculpas em rede nacional. Isso aconteceu com Chicken-Fil-A (rede controlada por cristãos) que anunciou que não faria, dentro dos restaurantes da rede, nenhum tipo de festa para pessoas da comunidade LGBT e depois teve que voltar atrás e se retratar pois a população parou de frequentar a rede e houve uma incrível perda financeira.



4- O apoio emocional e financeiro em momentos de crise. O americano se comove com a trajédia alheia. Isso ficou muito evidente no massacre, aqui em Orlando mesmo, na boat Pulse. As filas para doar sangue para as vítimas que estavam em estado crítico nos hospitais dava volta em quarteirões. Pessoas do país inteiro doaram dinheiro, alimentos, seu tempo e o que quer que fosse para ajudar os que estavam trabalhando na cena do crime. Milhões de dólares foram levantados por doações para que as famílias que foram pegas de surpresa com despesas de cemitério, velório e enterro. Psicólogos de todo o país se voluntariaram e viajaram arcando com todos os custos para dar apoio pscicológico às famílias das vítimas. A comunidade se uniu em uma só voz e milhares de pessoas de todos os tipos, de todas as escalas da vida se reuniram para prestar indignação e apoio a quem quer que precisasse.



5- Compaixão para com vítimas ou desafortunados. Já foi dito um pouco, mas por observação, eu presenciei inúmeros momentos onde o americano se compadece de desafortunados e dá seu apoio. Um exemplo está acima, mas em coisas pequenas também. Por exemplo, se os EUA está competindo com alguém, é óbvio que o americano vai torcer por seu país. Mas se Camarões está jogando contra a Inglaterra, eles torcem pelos Camarões pois sentem prazer em ver alguém que, apesar do lugar onde vive, supera os obstáculos e enfrenta o gigante Golias.

6- O amor ao seu país. Isso todo mundo sabe, o americano é patriota. Mas não é patriota somente na Copa do Mundo ou nas Olimpíadas. É patriota na hora da declaração do imposto renda, na hora de punir aqueles (americanos mesmo) que lesaram outros ou o país de alguma maneira. Geralmente, um político que é pego em um escândalo tem a carreira política encerrada. Infelizmente não é o que aconteceu com esta mulher horrível, mentirosa, inescrupulosa, vendida, falsa, que está concorrendo a presidência do país. É muito bonito ver o amor que eles têm pelo seu país, infelizmente esse não é o meu caso. O Brasil só me explorou, maltratou e desrespeitou.

7- A vontade de ser o melhor em tudo o que faz. Isso se vê em todas as facetas da vida dos americanos. Eles querem produzir os melhores filmes, os melhores shows, os melhores cantores, os melhores trabalhadores, etc. Investem milhões em pesquisas, tecnologias, saneamento, etc. A casa americana é sinônimo de conforto. Tudo é pensado para que se tenha conforto quando se está dentro de casa. Na época da faculdade, os "americanos" sempre queriam ser os melhores alunos e se superar em qualquer projeto. Enquanto os "outros" só queriam o diploma fazendo o mínimo que pudessem.

8- Não ligar para o que as pessoas pensam de você. Nós brasileiros temos uma cultura muito européia nesse sentido. Na Itália eu via mulheres com casacos de pele dentro do supermercado. Nós achamos inconcebível ir de pijamas ao posto de gasolina. Damos uma importância extraordinária a aparência e ao que os outros pensam da gente. O americano não está nem aí para essas coisas. Se ele está confortável, isso é o que importa. Por isso compram camisetas um número maior pois não apertam ou diminuem os movimentos, não importa se parecem "sloppy" (desleichado). As mulheres só usam salto alto "raramente".



9- A mulher que trabalha em casa e cuida da família tem muito respeito. Se uma mulher diz em qualquer lugar que ela é uma "stay home mom" (dona de casa) o americano aplaude. Porque sabe que tipo de trabalho essa mulher enfrenta e que, não está deixando a educação de seus filhos às mãos de outros, mas deixou uma carreira e um salário de lado, para se dedicar ao marido e aos filhos. No Brasil além de ser mal visto, depois, quando os filhos crescem essa mulher encontra muitas dificuldades para entrar novamente no mercado de trabalho. O americano em geral tem um zelo extraordinário por essas mulheres. O mesmo se dá para mãe solteiras ou pai solteiras. O termo é "single mother" ou "single father". Uma mulher ou homem que cria seus filhos sozinha.



10- Não há idade para trabalhar. Todos os dias se vê pessoas de idade que, em vez de ficarem em casa "curtindo" a aposentadoria estão trabalhando com 60, 70 ou 80 anos. No Home Depot, no Publix, se vê senhores e senhoras de idade trabalhando. Eu já vi uma senhora de uns 70 anos dirigindo um ônibus escolar. Imagine a minha cara, parado no semáforo, olhando de queixo caído essa senhora vir pela direita, pilotando aquele ônibus amarelo enorme, com seu cabelinho chanel branco como a neve e virar esse enorme ônibus em minha direção e passar ao meu lado e ainda por cima mandar pra mim um sorrizinho.



            Essa lista é pessoal. Claro que se alguém vive aqui, deve ter a sua própria. Fique à vontade para compartilhar com os leitores. Claro também há os da turma do contra, que vivem aqui e só reclamam, que irão comentar metendo o pau nos americanos mas que não voltam morar no Brasil nem morto. Que talvez, por causa do seu próprio comportamento, sofreu preconceito ou discriminação porque fez coisa errada e geralmente, não assume os próprios erros. A estes eu nem respondo mais pois é exaustivo...

            Eu desejo de todo o coração que o Robert se dê muito bem em New Jersey. Na nova casa, no novo emprego e que faça muitos amigos e que seja feliz. Eu serei eternamente grato por todos os ensinamentos (assim como sei que eles aprederam muito também comigo), por cuidarem de mim, pela ajuda, a compreensão, o companheirismo e por fim, por permitir que eu fizesse parte da vida deles por esses oito anos. Do fundo do meu coração eu afirmo: Seremos amigos pra sempre

Robert e Louise Belfi

22 comentários:

  1. oie Renato
    Um pena que seu amigo vai morar em outro estado. Mas casa é aonde nos sentimos bem, aonde o coração está.
    bjs

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  2. Renato, boa tarde.

    Gratidão e respeito...parabéns pela sua postura e declaração à eles (Robert e Louise).

    Sempre aparecem anjos em nossas vidas, que nos abençoam, nos auxiliam...Nos protegem. Desta forma e ímpar, demonstrar este valor e agradecimento.

    Sucesso e um grande abraço

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  3. Oi Renato .. que bom ler mais um post seu.... Eu estou acompanhando as eleições americanas.... e gostaria muito de saber sua opinião sobre os candidatos ... Já vi q vc não gosta muito da Sra q esta concorrendo....rs

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  4. Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, como já dizia a musica.

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  5. Algumas coisas dessas aprendi aqui mesmo no Brasil. Mas muito legal a lista, principalmente o item 9.

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  6. Boi noite Renato
    Acompanho o seu blog há alguns anos e conhecemos a Rita e o Paulo através dele. Há dois anos minha filha adquiriu o apto de kissimmee que faz parte dos anúncios no seu blog. Após a compra ela continuou gerenciando o imóvel, mas minha filha mudou de gerente. Não sei se a Rita faz algum pagamento por esse anúncio, mas peço por gentileza remove ló ou ao menos mudar o email. O email da minha filha e monica@abcexpurgo.com.br. agradeço a gentileza. Vc poderia orçar um anúncio e encaminho p a minha filha ou vc conversa direto com ela. Muito obrigada pela atenção.

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  7. Desejo toda a felicidade para o Robert, que tive o prazer de conhecer pessoalmente.
    O mesmo para os demais da grande família.

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  8. Oi Renato, leio sempre o que vc escreve. Achei você melancólico nesse post, mas daqui a pouco isso passa. Te admiro porque sei que você batalhou para estar onde está. Um bj no coração.

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  9. Vc continua o mesmo "Lindo". Uma licao de vida diaria, gostaria que muitos aprendessem pelo menos um pouquinho com vc. Desjo felicidades ao Robert no novo caminho.

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    1. Renato abriu a porta do armário, mas nunca de fato saiu de dentro dele para seus leitores.

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    2. Roberval. Esse blog não é sobre a minha vida pessoal. Esse blog é sobre os EUA e a vida nos EUA. Eu não saí do armário sabe porque? Porque na verdade nunca entrei. Abs

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    3. Um pouco fora de tempo o meu comentário, mas não dá para deixar passar em branco. Se a pessoa não saiu, ou saiu, ou entrou, o que seja do armário, o que isso importa ou incomoda a um leitor do blog? O que leva alguém a fazer um comentário tão estúpido e esdrúxulo? Quem se dá ao trabalho de fazer um comentário desses precisa de tratamento mental, se é que ainda dá tempo de curar alguma coisa. Lamentável.

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    4. Pra você ver Alberto como tem gente que, atrás de um teclado e tela de computador, mostra o que realmente é
      Abs!

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  10. Então, Renato, eu sou o Carlos e uma coisa que eu aprendi com os americanos é que tudo tem seu preço e eu concordo plenamente com isso. Bom, morar na América e não se deslumbrar é complicado. Com todos os prós e contras comuns a qualquer país, a nação que esses caras construíram é de deixar qualquer um deslumbrado mesmo. Já li seu blog de ponta a ponta e, salvo engano, não me lembro de outro post onde vc tenha se manifestado politicamente, por assim dizer. Pelo seu perfil achei que vc fosse democrata mas pelos elogios à candidata democrata minha tese caiu por terra. Por outro lado não vejo vc como republicano, então pergunto: antes um republicano que uma democrata ruim? Vc vota? Sugiro que você faça um post sobre o que você ensinou aos americanos, por assim dizer. Que tal?
    Abraços e saiba que vc é exemplo pra muita gente por aqui....

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    1. Oi Carlos
      Obrigado pelo comentário. É difícil falar de política mas eu vou escrever um post sobre isso pois tem muita gente pedindo. Grande abraço!

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  11. Oi,Renato,tudo bem? Acompanho seu blog desde 2013, quando planejei minha viagem à Disney e seus comentários e posts foram de grande ajuda! Quanto a este post tenho a dizer que concordo com vc plenamente, pois quando estive aí tive um problema com o Gps que não carregava e não conseguia chegar ao hotel. Uma americana vendo a nossa agonia dentro de uma CVS, me perguntou onde estávamos hospedadas e nos levou até a porta do hotel. Achei o máximo...

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  12. Apenas por curiosidade. Eu li um comentario do Renato a dizer que se casou.. Sera que algum dia vai publicar algo acerca desse assunto? Tambem gostei da ideia lancada la em cima.. O que achas das eleicoes americanas?

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    1. Casou, mas, como você pode ver, depois de obter o green card, "partiu para outro". Isso que o marido fez tudo para Renato estar onde está hoje.

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    2. E estou pensando aqui, Julia Simões...
      O que você tem com isso? 🤔🤔🤔🤔
      Seria, você, mais uma do tipo "nem o Bolt quer"??? 😂😂😂
      Vá cuidar da sua vida e deixe a do Renato de lado!
      Renato, desculpe-me as rudes palavras, mas, sinceramente, não consigo entender como uma pessoa deixa um comentário infeliz por aqui...
      Muita luz e que Deus continue te abençoando.
      Abraços,
      Luciana

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    3. Oi Luciana
      Obrigado pelo comentário. Cada um fala o que tem no coração não é?
      Eu também me pergunto o que faz uma pessoa soltar um comentário como esse sem saber NADA praticamente da minha vida e o que se passou no casamento.
      Um beijão pra você!!!

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  13. Oi Renato, boa tarde. Encontrei seu blog por acaso, através de uma entrevista sua que vi no YouTube. Estou feliz por conhecer sua maneira de pensar. Simmmmm, virei mega fã. Um grande abraço. Que Deus te abençoe sempre.

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  14. Olá Renato, bom dia.
    Seu blog é uma das coisas boas que a tecnologia nos proporciona o acesso, seu relato sobre os candidatos à presidência foi esclarecedor, pois aqui não dispomos de informação por verdadeiramente informar.
    Muito obrigado pelo conteúdo sincero do seu post.

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Etiqueta cai bem em qualquer lugar, até na internet. Seja educado ao comentar e perguntar. Olá..., meu nome é..., por favor e obrigado são palavras que ainda estão em uso e mostram cordialidade. Afinal, o blog não é balcão de informações de shopping e embora eu esclareça as dúvidas de todos de bom grado, não ganho nada para isso.
Obrigado por comentar e abração!

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