segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Minha Casa em Orlando



               Acredite quando eu digo que reduzir uma vida inteira em 3 malas, assinar a declaração de saída definitiva do país (para o imposto de renda) e se dirigir ao aeroporto internacional de Guarulhos não é uma coisa fácil. Eu estava aterrorizado com a incerteza de tamanha mudança. Logicamente, como todo imigrante, aterrizei nos EUA com a mente e coração cheio de sonhos a realizar. Entre eles, claro, a legalidade, bom emprego, saúde, amigos e uma casa própria. Alguns dizem que isso tudo junto é o American Dream

                Já faz alguns anos que os leitores me pedem para mostrar a minha casa e eu sempre estou esperando por alguma coisa. Esperando que a casa fosse totalmente minha, esperando arrumar aquele quarto, esperando a reforma do piso, esperando a reforma da cozinha e por aí vai. Cheguei à conclusão que eu nunca vou mostrar minha casa porque acredito que ela nunca vai chegar no ponto que eu quero, a saber, a perfeição. Virginiano é assim, perfeccionista. No entanto, uma coisa que aprendi com a "idade" é que casa de revista é para revista. Aquelas casas modernas que tem salas amplas, um sofá e uma pêra no canto é só pra mostrar. Não é uma casa para se viver. 

              A sua casa tem que ser confortável, funcional, segura e por último bonita. E a minha casa é assim, confortável, segura, funcional mas não a casa que talvez as pessoas imaginassem que eu vivo, sendo designer de interiores. No fim das contas, a casa é pra mim, não fiz a minha casa para mostrar aos outros e ela não tem que parecer uma loja ou um show room de móveis. Mas vou mostrar para vocês pois os leitores merecem. 

Na época que a reforma terminou eu entrava e fica horas
dentro da casa sem saber se ia poder voltar. A casa ainda não era minha


O Master Bedroom (suíte principal)

A sala




      

O piso é uma cerâmica que imita madeira
                Outro detalhe é que eu tenho 3 cachorros. Entre a casa que eu gostaria de ter em contraste com a casa que se é possível manter com 3 cachorros vivendo dentro dela, há um abismo. Eu gosto de cores claras. Por mim quase tudo seria mais claro e com tecidos aconchegantes. No entanto, sofá de tecido, com cachorro cheira mal depois de alguns meses e não há quem tire o cheiro dele. Até existe nos EUA sprays que tiram o cheiro dos animais da mobília, mas convenhamos, se está cheirando é porque está sujo. Por isso o couro. E nas camas, claro, toda semana tudo é lavado e sanitarizado. Inclusive os cachorros, sim toda semana e eu quem faço tudo sozinho, pois nos EUA, a não ser que você seja muito rico, você mesmo é quem faz tudo pois uma empregada custa os olhos da cara. Todo mundo que vêm à minha casa se espanta e diz: "Nossa, sua casa não tem cheiro de cachorro!" Ué e tinha que ter??

Annabelle é a preta e branca, Dexter é o preto e Elsa é a Boston Terrier adotada

Os cachorros tem livre acesso à casa. Nunca fazem as necessidades dentro de casa mesmo que
eu fique 9 horas ausente. Eles só fazem no quintal.
Na Flórida é proibido POR LEI deixar um cachorro sozinho sem supervisão
no quintal por mais de 2 horas. Cachorro, pra quem quer ter, tem ficar dentro de casa por causa
das altas temperaturas, tempestades e bichos.
Meus cachorros não só ficam dentro de casa, mas dormem também comigo na minha cama
e é assim que eu sou feliz. 
                Em 2009 quando eu mudei para cá, já vim para morar com o Robert, que era o dono desta casa. A primeira vez que eu entrei nesta casa foi em 2007, quando passei férias com ele e sua família. Em 2016 resolvemos nos separar e ele disse que iria vender a casa. A princípio mudei com os cachorros para uma casa em Winter Park para que esta fosse reformada. Uma vez reformada senti o desejo de comprar e fiz aplicação com o Banco para conseguir o financiamento de 335,000 mil dólares com 10% de entrada. 

                  Muitas vezes eu entrei nesta casa vazia quando ainda aguardava a decisão do banco e pedia a Deus para que desse certo e eu conseguisse comprá-la. E Deus atendeu as minhas preces e o banco anunciou o dia do fechamento no cartório. Só me restava mudar de volta para ela. O Robert estava muito contente que eu ia ficar com a casa, afinal ele viveu aqui por 20 anos e não queria ver a casa nas mãos de estranhos. Queria que ficasse "em família". Sim, continuamos amigos e eu os considero (ele e a Louise) como família. 

O dia da mudança chegou

Dexter veio comigo porque ele sente ansiedade se ficar longe do pai.
Atrás 3 carros + o caminhão, meu irmão e meus melhores amigos que vieram me ajudar
Obrigado André, Denise, Daniela, Nataly e Gustavo. Em poucas horas colocamos
a casa inteira em ordem. Nenhuma caixa ficou pra trás!!

               Chega de muita história e vamos à casa. As fotos falam por si mesmas, em algumas colocarei legendas. 

Janela do meu quarto antes das cortinas


















Minha casa fica em Audubon Park, um dos bairros mais desejados de Orlando.
Uma casa à venda aqui dura poucas semanas no mercado quando não é
vendida no mesmo dia. 
























"A grama do vizinho é sempre mais verde" diz o ditado
Eu sou o tal vizinho...mas dá um trabalho...

























O lustre é da década de 70 e foi adquirido na Alemanha pela mãe do Alex

A Back Porch - A varanda atrás da casa











Banheiro do Master

Meu quarto. Antes que alguém pergunte, sim eu abro as cortinas para ver a paisagem todas as manhãs



Hóspedes

Banheiro do quarto de hóspedes

Escritório. Minha mesa é a da direita, a do Alex a esquerda
Aqui funciona (por enquanto) a
Uno Realty Group e Studio R Interior Deisgn

Cozinha de 1 piloto só





Eu gosto do contraste de paredes escuras com guarnições brancas por isso
pedi ajuda para meu irmão para pintar alguns cômodos antes de
entrar na casa novamente. 



Os cachorros adoram o quintal




;-)

            E aí que as 3 malas se transformaram em uma casa inteira que mal coube em um grande caminhão. Eu posso dizer que realizei todos os sonhos que tinha quando cheguei nos EUA porém nada foi de mãos beijadas. Tudo foi e continua sendo com muito esforço, como parece ser a história da grande maioria dos imigrantes. Ano que vem me torno cidadão e depois? Boa pergunta...
Abraços a todos!
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