Mostrando postagens com marcador Documentos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Documentos. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Minha Casa em Orlando



               Acredite quando eu digo que reduzir uma vida inteira em 3 malas, assinar a declaração de saída definitiva do país (para o imposto de renda) e se dirigir ao aeroporto internacional de Guarulhos não é uma coisa fácil. Eu estava aterrorizado com a incerteza de tamanha mudança. Logicamente, como todo imigrante, aterrizei nos EUA com a mente e coração cheio de sonhos a realizar. Entre eles, claro, a legalidade, bom emprego, saúde, amigos e uma casa própria. Alguns dizem que isso tudo junto é o American Dream

                Já faz alguns anos que os leitores me pedem para mostrar a minha casa e eu sempre estou esperando por alguma coisa. Esperando que a casa fosse totalmente minha, esperando arrumar aquele quarto, esperando a reforma do piso, esperando a reforma da cozinha e por aí vai. Cheguei à conclusão que eu nunca vou mostrar minha casa porque acredito que ela nunca vai chegar no ponto que eu quero, a saber, a perfeição. Virginiano é assim, perfeccionista. No entanto, uma coisa que aprendi com a "idade" é que casa de revista é para revista. Aquelas casas modernas que tem salas amplas, um sofá e uma pêra no canto é só pra mostrar. Não é uma casa para se viver. 

              A sua casa tem que ser confortável, funcional, segura e por último bonita. E a minha casa é assim, confortável, segura, funcional mas não a casa que talvez as pessoas imaginassem que eu vivo, sendo designer de interiores. No fim das contas, a casa é pra mim, não fiz a minha casa para mostrar aos outros e ela não tem que parecer uma loja ou um show room de móveis. Mas vou mostrar para vocês pois os leitores merecem. 

Na época que a reforma terminou eu entrava e fica horas
dentro da casa sem saber se ia poder voltar. A casa ainda não era minha


O Master Bedroom (suíte principal)

A sala




      

O piso é uma cerâmica que imita madeira
                Outro detalhe é que eu tenho 3 cachorros. Entre a casa que eu gostaria de ter em contraste com a casa que se é possível manter com 3 cachorros vivendo dentro dela, há um abismo. Eu gosto de cores claras. Por mim quase tudo seria mais claro e com tecidos aconchegantes. No entanto, sofá de tecido, com cachorro cheira mal depois de alguns meses e não há quem tire o cheiro dele. Até existe nos EUA sprays que tiram o cheiro dos animais da mobília, mas convenhamos, se está cheirando é porque está sujo. Por isso o couro. E nas camas, claro, toda semana tudo é lavado e sanitarizado. Inclusive os cachorros, sim toda semana e eu quem faço tudo sozinho, pois nos EUA, a não ser que você seja muito rico, você mesmo é quem faz tudo pois uma empregada custa os olhos da cara. Todo mundo que vêm à minha casa se espanta e diz: "Nossa, sua casa não tem cheiro de cachorro!" Ué e tinha que ter??

Annabelle é a preta e branca, Dexter é o preto e Elsa é a Boston Terrier adotada

Os cachorros tem livre acesso à casa. Nunca fazem as necessidades dentro de casa mesmo que
eu fique 9 horas ausente. Eles só fazem no quintal.
Na Flórida é proibido POR LEI deixar um cachorro sozinho sem supervisão
no quintal por mais de 2 horas. Cachorro, pra quem quer ter, tem ficar dentro de casa por causa
das altas temperaturas, tempestades e bichos.
Meus cachorros não só ficam dentro de casa, mas dormem também comigo na minha cama
e é assim que eu sou feliz. 
                Em 2009 quando eu mudei para cá, já vim para morar com o Robert, que era o dono desta casa. A primeira vez que eu entrei nesta casa foi em 2007, quando passei férias com ele e sua família. Em 2016 resolvemos nos separar e ele disse que iria vender a casa. A princípio mudei com os cachorros para uma casa em Winter Park para que esta fosse reformada. Uma vez reformada senti o desejo de comprar e fiz aplicação com o Banco para conseguir o financiamento de 335,000 mil dólares com 10% de entrada. 

                  Muitas vezes eu entrei nesta casa vazia quando ainda aguardava a decisão do banco e pedia a Deus para que desse certo e eu conseguisse comprá-la. E Deus atendeu as minhas preces e o banco anunciou o dia do fechamento no cartório. Só me restava mudar de volta para ela. O Robert estava muito contente que eu ia ficar com a casa, afinal ele viveu aqui por 20 anos e não queria ver a casa nas mãos de estranhos. Queria que ficasse "em família". Sim, continuamos amigos e eu os considero (ele e a Louise) como família. 

O dia da mudança chegou

Dexter veio comigo porque ele sente ansiedade se ficar longe do pai.
Atrás 3 carros + o caminhão, meu irmão e meus melhores amigos que vieram me ajudar
Obrigado André, Denise, Daniela, Nataly e Gustavo. Em poucas horas colocamos
a casa inteira em ordem. Nenhuma caixa ficou pra trás!!

               Chega de muita história e vamos à casa. As fotos falam por si mesmas, em algumas colocarei legendas. 

Janela do meu quarto antes das cortinas


















Minha casa fica em Audubon Park, um dos bairros mais desejados de Orlando.
Uma casa à venda aqui dura poucas semanas no mercado quando não é
vendida no mesmo dia. 
























"A grama do vizinho é sempre mais verde" diz o ditado
Eu sou o tal vizinho...mas dá um trabalho...

























O lustre é da década de 70 e foi adquirido na Alemanha pela mãe do Alex

A Back Porch - A varanda atrás da casa











Banheiro do Master

Meu quarto. Antes que alguém pergunte, sim eu abro as cortinas para ver a paisagem todas as manhãs



Hóspedes

Banheiro do quarto de hóspedes

Escritório. Minha mesa é a da direita, a do Alex a esquerda
Aqui funciona (por enquanto) a
Uno Realty Group e Studio R Interior Deisgn

Cozinha de 1 piloto só





Eu gosto do contraste de paredes escuras com guarnições brancas por isso
pedi ajuda para meu irmão para pintar alguns cômodos antes de
entrar na casa novamente. 



Os cachorros adoram o quintal




;-)

            E aí que as 3 malas se transformaram em uma casa inteira que mal coube em um grande caminhão. Eu posso dizer que realizei todos os sonhos que tinha quando cheguei nos EUA porém nada foi de mãos beijadas. Tudo foi e continua sendo com muito esforço, como parece ser a história da grande maioria dos imigrantes. Ano que vem me torno cidadão e depois? Boa pergunta...
Abraços a todos!

domingo, 5 de março de 2017

Um Dia na Corte Americana


       Eu tenho um cliente que comprou uma casa em Celebration para férias da família e se tornou amigo também. Ele não comprou a casa comigo, mas foi o meu primeiro trabalho como designer. Peguei a casa dele aos pedaços, que eles compraram do Brasil sem sequer visitar o imóvel, reformei e decorei em 21 dias. Foi, no mínimo, uma tarefa interessante. Você pode ver o post que falei a respeito aqui.

           Ele usa a casa só para férias e o resto do ano a casa fica fechada. Ele foi a uma viagem de negócios em Miami e na volta, correndo um pouco foi parado por um guarda que pediu sua carteira de motorista. Ele apresentou a carteira, mas como não estava com o passaporte o guarda entregou a ele uma intimação para comparecer à corte no dia 21 de fevereiro de 2017. Para quem não sabe, a carteira de motorista do Brasil é válida nos EUA com a apresentação do passaporte e pelo tempo que a imigração autorizou a pessoa a ficar presente no país. Se a imigração deu 6 meses, ele pode dirigir com essa carteira por 6 meses. Mas é obrigatória a apresentação do passaporte. 

A carteira Internacional NÃO É CARTEIRA DE MOTORISTA
É uma tradução da sua carteira. Só vale com a apresentação da carteira original
e com o passaporte. Nos EUA não é exigida para dirigir


          Como ele não fala inglês, ficou com muito medo de ir sozinho na corte para se defender e explicar exatamente o que aconteceu. Pediu minha ajuda e é claro que eu concordei. Só não sabia que a corte era perto de West Palm Beach! Saímos de Orlando 1as 6 horas da manhã para a audiência que seria às 9 em uma cidade chamada Okeechobee, que pelo jeito deve ser um nome indígena. 

           Foi muuuito interessante ter comparecido à corte americana. Em primeiro lugar, ao chegar, passar pela segurança, entramos na sala onde havia já umas dez pessoas esperando também. Na parte da frente da sala ficava o pódio do excelentíssimo Juiz, do promotor, dos advogados de defesa e ao centro havia um monitor que mostrava 4 indivíduos vestidos de roupas de presídeo, sentados, olhando diretamente para a camera, ou seja para nós. As audiências começaram com eles, e triste dizer, mas foi uma comédia. 




              Em primeiro lugar o Juiz chamava o nome do fulano e este ia para perto da camera. O Juiz lia a sentença para o tipo de trasngressão cometida e dalí começavam as considerações. O primeio indivíduo tinha batido no pai e estava preso. O Juiz informou o sujeito da pena de 120 dias de cadeia mais uma multa de 500.00 dólares. Fiança em 5 mil dólares. O promotor perguntou ao indivíduo se o mesmo saísse com fiança teria uma maneira de comparecer à corte em 30 dias, ao que o fulano disse que sim. Daí a pergunta ficava mais específica.
- "Você possui um veículo para comparecer à corte?" perguntou o promotor.
- "Sim", disse o fulano.
Em seguida a terceira pergunta mais específica:
- "Você possui um carro?" 
- "Não" disse o sujeito e o promotor perguntou:
- "Como você comparecerá à corte?" e o fulano respondeu:
- "Eu tenho uma bicicleta.. "

          Nessa hora eu fiquei com vontade de rir, mas enguli a seco a risada, pois já sabe né? Distúrbio da corte vem correndo um guarda e já põe algemas em você. 


          E assim foi para o segundo, terceiro, etc. No último sujeito que vimos pelo vídeo, na terceira pergunta, como ele viria à corte o sujeito disse "Andando..."

           Tivemos que esperar uma longa lista de lavação de roupa suja pública. Tudo quanto é tipo de gente, a maioria bem simples, bem mal vestida, alguns até sujos, hispanos, americanos e outros. Um caso diferente do outro, desde conduta desordeira, dirigir bêbado, bater na namorada, cuspir no caixa do banco, jogar lixo no quintal do vizinho, etc. Uma comédia digna de um capítulo de um seriado sobre a vida bandida. 

Bem parecido com a corte que fomos porém, a nossa
tinha um portão que separava a plateia da parte
da frente

          Finalmente o Juiz chama o nome do meu cliente/amigo e lá vamos os dois. Ao passar pelo portãozinho que dividia a platéida da corte, o guarda olhou pra mim e disse "Você volte para sua cadeira". Eu disse "Meu amigo não fala inglês" e ele me respondeu "Temos tradutor" ao que eu disse "Mas ele também não fala espanhol". O guarda olhou furioso pra mim e disse num tom mais alto: "Volte para sua cadeira agora". Lá volto eu, super bem vestido (ao contrário da maioria), humilhado, na frente do povo todo e sento na minha cadeira.

         Pensei neste momento, que perda de tempo, vim até aqui para não poder ajudá-lo com nada. O Juiz faz uma pergunta a ele ao que a tradutora fala ao meu amigo em espanhol. Ele entende, responde em português e a sujeita não entende. Ela diz ao Juiz, não entendi o que ele falou. Segunda pergunta, terceira pergunta etc. E eu parecendo uma coruja de olhos arregalados prestando atenção a cada palavra. Neste momento o excelentíssimo Juiz olha pra mim e pergunta:

- "O senhor está acompanhando o Sr. X?" e eu respondi que sim.
- "O senhor fala português?" e eu respondi que sim. Ao que ele disse, aproxime-se por favor. 


         Nesta hora eu olhei para guarda com cara "não te disse?". Vingado, levanto eu e vou para perto do Juiz. 

          O Juiz pergunta se ele se considera culpado, não culpado ou não contesta. (Guilty, not guilty or No contest?) E eu já tinha dito ao meu amigo para responder "No Contest". No contest significa que você não admite a culpa (pois ele tinha carteira de motorista), mas também não é "not guilty" pois se dissesse isso, teria que comparecer a outra audiência.
No contest significa que você não contesta a acusação. No caso dele a sentença seria 60 dias de cadeia mais a multa de 500 dólares. Havia sim chances de ele sair algemado, mas muito pouco provável. 


               O promotor perguntou se ele tinha carteira de motorista ao que eu respondi que sim. Ele pediu pra olhar. Daí perguntou porque foi intimado a comparecer à corte. Eu tive que perguntar a ele pois não podia responder por ele, mesmo sabendo a resposta. Disse que ele não estava com seu passaporte no momento. O juiz disse a todos que não entendia porque o guarda entregou a intimação então. Neste momento eu pedi licença para falar e disse: "De acordo com as leis da Flórida, a carteira brasileira só tem validade se apresentada com o passaporte, que ele esqueceu em casa"
E todos disseram: "Ahhhhhhhh" Viu seu guarda, além de extritamente necessário na corte ainda ensinei o juiz, o promotor e o advogado de defesa, a lei. Mais que vingado...

           Em seguida o promotor me perguntou. "Quem mora na residência em 800 Spring bla bla bla?" Eu disse "Ninguém mora lá, trata-se da casa de férias do meu cliente e eles moram no Brasil. A casa fica fechada na maior parte do tempo".

          O juiz chama o promotor e diz a ele que meu amigo viajava extensivamente e voltando pra nós, solta a frase: "The state is dropping the charges against you Sr, you're free to go" (O Estado está cancelando as acusações contra o Sr, o Sr está livre para ir). Nessa hora uma alívio,  assinamos uns papéis e embora dalí pelo amor de Deus. 


          Sem dúvida foi uma manhã super interessante. Não sabia que essas pequenas causas eram discutidas e julgadas em frente à todos os outros que estavam alí. Vi que o juiz, o promotor e o advogado de defesa eram muito compassivos das pessoas. Por ex, toda vez que o juiz pedia ao promotor a sugestão de pena por dirigir sem carteira o mesmo dizia: "A pena é que ele pague multa e tire a carteira de motorista" Nenhum desses casos teve o encarceramento como pena. Até mesmo um sujeito que disse que não poderia tirar carteira pois era imigrante ilegal, o promotor sugeriu o pagamento de uma multa no valor de 150 dólares. Vivendo e aprendendo, mesmo perto do 50 anos. Abs a todos!





           

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Quero Mudar Para os EUA

          Já faz um mês que não escrevo para o Blog. Não que eu esteja sem tempo, falta mesmo inspiração. Eu acho que já escrevi de tudo aqui no blog e não parece haver algo que ainda possa ser escrito. No começo do blog, quando as coisas eram novidade e até mesmo um choque cultural eu tinha uma grande lista de coisas que eu queria escrever a respeito. Agora, eu fico semanas tentando pensar no que escrever pois me dá prazer escrever, mas sem inspiração ou assunto. Eu vejo que a maioria dos blogs que começaram junto com o meu já foram abandonados pelos autores e eu não gostaria que acontecesse isso com o meu. Será inevitável? Os leitores poderiam me dar uma ajuda não acha? O que você gostaria que eu escrevesse a respeito?


          Mas hoje me veio uma ideia após ouvir mais uma triste história de uma família que está voltando ao Brasil, cujo sonho de viver nos EUA virou um pesadêlo. Eu tenho minhas próprias conclusões sobre o motivo da decepção e gostaria de compartilhar com todos. 

          Eu mesmo cometi muitos erros mesmo antes de mudar e depois que me mudei também. Hoje teria feito as coisas um pouco diferentes, mas tudo foi aprendizado. Na hora da euforia a gente acha que pra tudo dá se um jeito e pra quase tudo, nós brasileiros, temos uma saída inteligente, um jogo de cintura, uma garra, etc. Mas para alguns, isso parece dar muito trabalho e depois de um tempo a vida nos EUA parece não valer mais a pena. Eu já conheci pelo menos 2 dezenas de pessoas que vieram e voltaram depois de pouco tempo. Porque isso se dá? Vamos lá, mas lembre-se é a minha opinião e não é regra. Para cada um que volta há dezenas que ficam:

- Falta de planejamento. 
Em quase todos estes casos, as pessoas vieram despreparadas. Tinham dinheiro, se encheram do Brasil, venderam as coisas ou limparam a conta corrente e vieram com visto de turista mesmo. Alguns, um pouco mais sábios, vieram com um visto de estudante para cursos de inglês. Não fizeram uma pesquisa extensa no Brasil, não consultaram um advogado de imigração para ver quais a chances reais de conseguirem se estabelecer definitivamente nos EUA, os caminhos, principalmente não pesquisaram a fundo a vida nos EUA. A imagem que eles tinham é a que adquiriram em muitas férias passadas nos EUA. Quando o dinheiro acabou ou quando o visto expirou, sem trabalho e sem chances de se legalizar a saída mais plauzível mesmo era o retorno. 
É preciso fazer muita pesquisa. Não se pode sair perguntando e esperando por respostas prontas. Tem mesmo é que gastar muitas horas no computador e consultar profissionais "recomendados" que têm experiência e histórico de honestidade como advogados, contadores, corretores, etc.



- Não estar preparado para a adaptação
No Brasil as famílias geralmente têm empregada ou empregados. Aqui a coisa é diferente. Mesmo americanos de classe média alta limpam sua própria casa, lavam a roupa suja e a maioria não frequenta cabelereiros, manicures, etc. Aqui as pessoas trabalham fora e ao chegar em casa começa o segundo turno. Claro que as coisas são mais práticas. Não há aquela poeira danada do Brasil mesmo porque as janelas ficam constantemente fechadas e o ar condicionado tem filtro. Contratar serviços de limpeza e ter uma empregada doméstica o tempo todo custa tão caro que as pessoas fazem elas mesmas. Então uma pessoa que muda para os EUA, compra uma casa grande e depois vê que não é possível pagar uma empregada em tempo integral, sentem falta da vida de mordomias do Brasil. As assistentes aqui cobram por hora e a limpeza não se faz como no Brasil, é tudo por cima. 
Outro fator é que, se não tiver autorização para trabalhar a pessoa talvez tenha que se submeter a coisas que não estava acostumada no Brasil, como limpar casas, pintar paredes e outras coisas. Já ouvi muitos dizerem que no Brasil tinham quem limpava pra eles e aqui nos EUA tem que limpar para outros para sobreviver e que isso não é o American Dream da pessoa. 


- Se envolveram com as pessoas erradas.
Eu sempre digo: Nem todo brasileiro é picareta e nem todo americano é honesto. Mas infelizmente há uma certa parcela da população brasileira vivendo nos EUA que não vai hesitar em tirar proveito de uma família que se instalou aqui com o bolso cheio de dinheiro que talvez levou uma década para adquirir. Há casos de pessoas e famílias que se meteram em vários negócios com "brasileiros gente boa" e que se deram muito mal. Parece que brasileiro não tem medo de fazer coisa errada nos EUA e embora muitos se dêm mal, há sempre aqueles que escapam ou sabem muito bem como burlar as leis e tirar proveito do sistema americano. Sempre é bom ter muita cautela quando o assunto é dinheiro. Qualquer negócio tem que ser feito por contrato e com ajuda de um advogado para que depois, caso dê errado, nenhuma das partes se sintam expoliadas. Se quiser pode ler este post aqui sob sub emprego. Pode parecer legal e não incomodar, mas às vezes é bem difícil. 


- O custo de vida
Nem é preciso se estender muito nesse assunto pois é claro que o custo de vida é menor. Mas se este custo de vida for pago em "reais" (dinheiro do Brasil) lembre-se que ele triplica pois agora o dólar custa mais que 3 reais.
Os carros, as casas, o supermercado, planos de saúde, etc é mais barato obviamente. Mas depois que se coloca tudo em uma pilha de contas, há um custo sim. E ao invés de sair perguntando a torto e à direito quanto se gasta nos EUA qualquer um pode entrar na internet e consultar o preço de qualquer coisa, desde aluguéis, supermercado, conta de luz, planos de saúde e por aí vai. Mas alguns acham mais fácil (e é mesmo!) perguntar e receber uma resposta pronta. No meu caso, eu tenho emails e perguntas que se empilham até o céu, não é possível responder a todos por coisas mínimas como por exemplo "quanto se gasta de supermercado aí?" Como eu vou saber os hábitos alimentares de cada pessoa que pergunta?

- Despreparo em geral
Algumas pessoas sequer sabem fazer uma simples pergunta em inglês. O que acontece quando são parados por um policial por passar do limite de velocidade? Não fizeram um curso no Brasil, fazem aqui mas não praticam. Instalam a Globo internacional em suas casas, só falam português o tempo todo e acham que a língua vai ser automaticamente "downloadeada" para dentro da cabeça.
Estão despreparados para encarar trabalho pesado, longas horas de trabalho, outros tipos de trabalho, estudar e trabalhar ao mesmo tempo, não conhecem e não fizeram pesquisa sobre como funcionam as leis de trânsito, como se dirige nos EUA, como é o seguro de carro para estrangeiros, como funcionam as casas nos EUA, o ar condicionado, um simples cortador de grama, o filtro da piscina, etc. Depois se vêm bombardeados de coisas para fazer e aprender e ficam totalmente frustrados. E tem ainda os que exigem tradução quando o professor da escola pede uma reunião com os pais para falar sobre o filho. Se estas pessoas fossem professores no Brasil e um americano exigisse esse tratamento, achariam um grande absurdo...

 Preconceito
Depois de viver quase uma década com uma família americana, com parentes e amigos americanos eu posso afirmar objetivamente: O americano tem preconceito de comportamento. Dificilmente a gente se depara com alguém que tem preconceito de cor, raça, etc. Mas demonstre um pouco sequer de coisas que no Brasil são comuns como falta de educação, desrespeito, falta de consideração e o sujeito vai sofrer preconceito. Coisas que no Brasil para nós nem são algo muito grave como não pedir por favor ou dizer obrigado ao garçon "todas as vezes que se fala com ele", aqui são levados muito a sério. Cortar a frente das pessoas, não segurar a porta, não dar bom dia, falar alto, etc é motivo suficiente para um americano querer distância de outro americano quanto mais de alguém de outra nação! Fazer festa e churrasco até altas horas da madrugada nem no Brasil devia ser permitido pois incomoda quem quer e precisa dormir. É uma baita falta de consideração. Alguns simplesmente não estão nem aí, depois chamam os americanos de preconceituosos pois o vizinho não olha na cara deles. Porque será não é mesmo?


- Se indispôr com a comunidade, vizinhos, etc. 
Parece que brigar é inerente em algumas pessoas. Brigam com um, depois com outro, depois com outro até que ficam brigadas com todas as pessoas. Tudo o que acontece pode ser resolvido em muitas maneiras. Mas alguns preferem brigar e romper. Depois de um tempo essas pessoas ficam mal faladas na comunidade brasileira ou até mesmo entre os americanos e começam a se sentir isoladas. Mais um motivo para querer voltar ao Brasil. 



- Não conseguir uma renda nos EUA
Quanto mais simples a pessoa que vem aos EUA e se aventura na modalidade "vou ficar ilegal" melhor ela se dá. Estes não esperam ganhar muito dinheiro, não querem ficar ricos, não escolhem trabalho e parece que tudo está bem.  Trabalham com qualquer coisa e se dedicam. Parecem até mais gratos por tudo o que têm, especialmente de viver aqui pois a vida no Brasil era infinitamente pior do que a que levam nos EUA. Aqui eles conseguiram coisas que no Brasil talvez nunca conseguiriam fazendo serviços simples e, porque são humildes, não se incomodam o trabalho. São bem quistos pelos empregadores americanos que, talvez nem liguem pelo fato de serem ilegais. No entanto para alguém da classe média e média alta do Brasil, se não conseguir uma fonte de renda aqui nos EUA que permita viver de uma maneira mais confortável, acham que não vale a pena ficar. Se não conseguir a legalização, um comércio ou um bom emprego, as chances de voltar são grandes, pois estas pessoas não irão deixar um certo status no Brasil para trabalharem em serviços "mais simples". Por isso o planejamento é fundamental. Outra coisa que vale dizer é que, empregador brasileiro, na maioria das vezes, suga até a alma do empregado brasileiro que não tem documentos. Algo assim herdado dos portugueses entende?

        A vida nos EUA pode ser maravilhosa. O American Dream que, na minha opinião é, ter saúde, uma boa casa, uma boa família em um lugar bonito e seguro é possível. É possível sim imigrar pelas maneiras legais e há muitas maneiras. Estudo, abertura de empresas, como investidor e outras. Só que é preciso pesquisa, consultoria, planejamento e dinheiro. As chances de alguém se legalizar trazendo no bolso aos EUA 5 mil dólares é possível somente através de casamento com pessoas que são cidadãos ou que possuem Green Card. É preciso dinheiro e não é pouco, como também vontade de trabalhar e "coragem". Vistos de trabalhos são difíceis de conseguir, é só pesquisar as exigências do visto H1-B que verá que pouca gente se qualifica. No entanto, para aqueles que vêem e conseguem se adaptar, a vida no Brasil, depois de um tempo nem se torna mais uma opção. Há excelentes exemplos de pessoas que se deram muito bem e que estão muito felizes, como eu por exemplo. Se esse é o desejo de alguém, assim como era o meu, é preciso lutar por ele com unhas e dentes. Obstáculos só nos deixam mais preparados para outros obstáculos. Se não for a hora, trabalhe mais, estude mais, se qualifique mais e economize. Use esse tempo para pesquisar tudo o que puder, assim quando chegar, as chances de ter que voltar serão muito menores do que alguém que veio despreparado. Boa sorte!!





Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...