Meet Annabelle

Em janeiro de 2009 eu recebi um telefonema do meu irmão caçula e ele disse: "Rê, tenho más notícias...a Alinne morreu..." No momento que eu ouvi aquelas palavras, me subiu uma sensação pelo corpo, um arrepio, sei lá. Fiquei até meio tonto. Alinne era minha Cocker spaniel inglês. Eu havia levado Alinne para o interior de SP para passar uns tempos com a minha mãe. Lá, não sei como, nunca me contaram a verdade, ela morreu. O pior mesmo foi quando perguntei para meu irmão onde ela estava e ele disse: “Ah Rê, eu joguei ela no rio...” "(

Chorei...chorei muitos dias. Nenhum pedacinho dela ficou pra mim, nem um cacho dos seus pêlos de cor caramelo...nada. Só uma de suas roupinhas que ainda tem seu cheiro.

Alinne

Alinne em seu último ano de vida...16 aninhos

Eu ainda sinto muita falta da Alinne. Ela foi minha melhor amiga e companheira por 16 anos. Sabe assim, quando todos se vão? Todos os amigos interesseiros, exploradores, todos aqueles que quando percebem que desse pote não sai mais mel viram as costas, , família, irmãos, etc ela estava sempre ali ao meu lado. Sempre me fazendo companhia...sempre demonstrando seu amor incondicional.

Mas nem tudo é tristeza. Alinne teve uma vida excelente, foi muito bem tratada, medicada, jamais foi cachorro de quintal, jamais dormiu no chão e nunca colocou uma coleira de pescoço. Viajou, brincou, nadou, pulou e teve uma vida longa para um cocker. Pena que eu não pude nem me despedir...

Por causa disso sempre senti uma falta tremenda dela. Fico pensando que se eu tivesse tido um ritual de despedida ou tivesse as cinzas dela dentro de um pote tudo seria diferente.

Agora que sou “da família” aqui e até a avó do Bobby me apresenta para os outros como seu “neto” pedi, com toda educação, se poderia ter um cachorrinho aqui na casa. Instantaneamente eles disseram: NÃO! Mas quem me conhece sabe que “não” não me cai bem e de um jeito ou de outro acabo transformando magicamente um não em sim.

Não é que outro dia eu estava olhando uns aptos e a “família” me perguntou porque eu queria sair aqui da casa. Expliquei que eu me sentia muito só dia após dia aqui na casa, sem poder trabalhar e sem muitos amigos. Disse também que o motivo principal era que eu queria um cachorrinho e como eles não queriam, eu precisava achar um lugar só meu onde pudesse ter um amiguinho de novo. Ameaçados de perder o cozinheiro/faxineiro/psicólogo/jardineiro/etc eles concordaram com a “aquisição”.

Algumas semanas de aulas particulares (para o povo da faculdade) e alguns desenhos/trabalhos finais que fiz para alguns alunos que simplesmente não conseguem fazer uma planta, me renderam uns bons dólares necessários para o meu “Puppy”.

E quem disse que encontrar um “english” Cocker spaniel é tarefa fácil aqui nos EUA? O problema é que a maioria dos cockers são “american Cocker spaniels” que é maior que o Cocker inglês e perdeu muitas das características originais da raça, visto ter sido “fabricado” pelos americanos. Encontrei filhotes puros por 2 mil dólares! Santa exploração Batman!



American Cocker Spaniel

English Cocker Spaniel. Me desculpe americanos mas o english
é mais bonito...

Porém vasculhando encontrei na cidade de Bradenton, 2 hs e meia de Orlando, filhotes de Cocker inglês registrados no ACA (American Canil Association) por 300 dólares. Falei com o Bobby que no sábado iria buscar meu brinquedo. Ao que ele disse, “você tá louco é? Compra um chiuaua, um dashound (lingüiça), um poodle ou mesmo um pequinês. Você vai levar um dia inteiro pra ir e voltar...e com o preço da gasolina...” Robert, você não me conhece mesmo né?

Liguei para o dono dos cachorros e não entendi metade do que ele disse ao telefone. Entender o inglês ao telefone é uma das minhas maiores dificuldades com a língua. Piora se for endereço ou instruções. “you take down four thirty six towards the end ruwau ruwau ruwau rwuauuuu” affff Se eu peço para soletrar alguma coisa então aí que piora. Os americanos na escola recebem treinamento específico para soletrar e até competição disso existe aqui. Daí eles soletram em uma rapidez que eu só percebo ½ das letras. Outra coisa ruim é que na Flórida é tudo número, poucos usam nomes para as avenidas e rodovias. Pedi as intruções por email. Digitei no meu I-phone, apertei a tecla "traçe a rota" e pronto. Gatos, vocês não perdem por esperar...

Os inimigos do Rei

Catei minhas coisas ao que o Robert disse, você vai mesmo? “Você tem alguma dúvida?” E de repente, como que num passe de mágica ele disse: “ah...eu levo você” E fomos de Toyota Hilux até Bradenton. No caminho fiquei impressionado com as pessoas morando em bairros inteiros de “traillers” como aqueles que vemos em filmes.

A rota de Orlando até Bradenton

Chegando a casa, é claro, aquela sujeira básica... e comecei a sentir umas coceiras, sabe? A mulher tinha 12 cachorros se contarmos os 4 filhotes de cockers...brinquei com todos eles e escolhi meu baby. Quer dizer, ela me escolheu. Deitou no meu colo e de lá não quis mais sair...eu olhei para o Bobby e disse "She's the one" (é essa), olhei para ela e disse: “Annabelle, we're gonna have so much fun!” (Anabel, a gente vai se divertir tanto!)

Meet Annabelle...