terça-feira, 30 de agosto de 2011

Furacão Irene

Há uns quinze dias aproximadamente a população dos EUA começou a ser informada a respeito de uma pequena tempestade tropical que se formava no oceano Atlântico, que começava a se organizar (girar) e que possivelmente se tornaria a primeira tempestade perigosa da estação de furacões do ano.  Oficialmente a estação de furacões este ano começou em 1º de Junho e vai até 30 de Novembro.
À medida que a tempestade se organizava e aumentava de tamanho mais e mais estações de TV explicavam a tempestade à população. Praticamente em quase todos os comerciais “up-dates” da tempestade eram passadas à população. Fiquei pensando em como o sistema meteorológico desse país é avançado.  Lembrei também de uns anos atrás que, na cidade da minha mãe, um ciclone destruiu muitas casas e comércio sem nenhum aviso por parte das autoridades.
Datas e horários da passagem de Irene
Os dias foram passando e cada vez mais sabíamos a respeito da tempestade que, agora era oficialmente chamada de furacão Irene categoria 1, que continuava a crescer. Os meteorologistas explicaram que as altas temperaturas das águas no oceano, que podem chegar a 32 graus Celsius, alimentam a tempestade e esta passa a crescer.
Tempestade monstruosa a caminho da costa leste dos EUA
No dia 22 de agosto, segunda feira, Irene já estava sobre Porto Rico e já era de categoria 2. Felizmente a rota da tempestade se desviava um pouco da Flórida e provavelmente Irene, na sua intensidade, passaria há alguns km da costa da Flórida. A TV anunciou a chegada de Irene a Orlando para o dia 25 de Agosto às 8 horas da noite. Somente as bordas de Irene atingiriam a costa, mas ventos fortes e chuva seriam esperados. Fomos orientados a tirar do quintal e varandas quaisquer mobília, mesas, cadeiras, guarda-sóis que poderiam se tornar perigosos se saíssem voando. Neste ponto, a Carolina do Norte, já tinha evacuamento obrigatório para uma ilha e as pessoas começaram a se preparar com seriedade, pois o estado estava na rota de Irene que atingiria a costa no sábado 27 com intensidade/categoria 3.
Categorias dos furacões. Se o Katrina que matou mais de 1800
pessoas foi de categoria 3 imagine o que um furacão categoria 5
é capaz de fazer...
E o que eu vi as pessoas fazendo para se preparar? Colocam folhas de madeirite nas janelas, compram muita água e mantimentos, geradores, velas, lanternas, lamparinas, podam as árvores, amarram outras e seja o que Deus quiser. Muitas se danam pra estrada e vão para casa de parentes em outros estados. Melhor não arriscar. Eu sairia correndo!

Todos que possuem piscinas foram orientados a jogar cadeiras
e guarda-sóis na água.

Muitos foram orientados a ir para abrigos
Preparativos para tentar impedir a entrada de água nas casas e
estabelecimentos comerciais
Como neste mundo tem louco pra tudo não foi surpresa ouvir os surfistas na TV dizendo que, não importa o que ocorresse, eles estariam na praia esperando pelas ondas de 12 metros de altura que Irene traria. O que as pessoas não fazem por uma adrenalina? Se eu precisar de adrenalina, acho que vou à farmácia (como se adrenalina vendesse na farmácia).
Muita gente fica imaginando de onde vêm esses nomes para os furacões. Talvez o mais famosos que conhecemos foi o Katrina que arrasou New Orleans em 2006 e até hoje a cidade ainda não foi totalmente reconstruída. Os nomes dos próximos furacões já estão em uma lista pronta para até o ano de 2016. Abaixo você vê a lista com os nomes.
Irene atingiu quase todos os estados da costa leste americana começando pela Carolina do Norte até Vermont. Embora Irene chegasse a Nova Iorque com categoria 1, mesmo assim causou muito estrago. Foram registradas 45 mortes causadas pela passagem do furacão. A maioria delas pessoas que se colocaram em posições de risco e ignoraram o aviso das autoridades. Eu vi pela televisão uma pessoa que estava na praia e foi arrastada pela correnteza (pode?), uma senhora que estava dirigindo e teve o carro levado por uma enxurrada e afogou-se no rio e assim por diante. A grande maioria dos que morreram não estavam dentro de casa como alertaram as autoridades ou mesmo em abrigos. Ouvi dizer na TV que a população de Nova Iorque estava decepcionada que o furacão chegou por lá já bem fraco e dissipou-se depois de algumas horas e pude entender. Há mais de um século um furacão chegou a Nova Iorque. Eu sou vidrado em tempestades e realmente queria ver um. Mas pelo jeito não vai faltar oportunidade porque outro furacão já está se formando no oceano e recebeu o nome de Kátia Flávia Louraça Beusebú (brincadeira... é só Kátia mesmo).
Fala se ele não tá pedindo pra algo de ruim acontecer?
Desde sábado as pessoas estão curiosas pelas ruas, muitas sorrindo, brincando e pensei que no fundo, o que importa mesmo é saber lidar com as tragédias e desastres da vida. Muitos americanos mesmo durante a preparação, a passagem e por final a limpeza, exibem um sorriso no rosto e pensei porque será? Talvez, como nós brasileiros, em muitas situações preferimos rir pra não chorar, só pode ser isso!
Nunca mais outro furacão receberá o nome de Irene. Quando um furacão tem um impacto muito grande sobre a população, seu nome é tirado da lista assim como aconteceu com o Katrina.
Veja algumas fotos impressionantes

















Se você quer ter uma idéia do que é um furacão assista o vídeo...



domingo, 28 de agosto de 2011

Lavar e Passar Roupas nos EUA

Se existe uma coisa que eu gosto de fazer é lavar roupa. Pode acreditar. Você conhece alguém que tem vontade de trabalhar em uma lavanderia? Ou alguém que fica olhando a máquina de lavar funcionar? Muito prazer. Eu gostaria de dar um beijo e um abraço (e só!) em quem inventou a máquina de lavar. Pergunte a alguém de mais idade que lava ou lavou roupas à mão o bem que faz uma máquina de lavar. Estima-se que uma máquina de lavar economiza 5 mil horas de trabalho manual por ano! Coisa que alguns nem dão aquele valor. Eu me lembro de quando era pequeno e via minha mãe lavar roupas à mão no tanque. Toalhas, lençóis, cobertores e tudo o mais ficava de molho na bacia e era lavado no tanque. Depois nós, os filhos, quando mais crescidos estendíamos no varal, engatávamos o bambu nele e levávamos a corda até o alto. Secadora? Nem sabíamos que existia. Quando começava chover, era aquela correria.
Queria saber se algum ambientalista lava roupas
a mão
Para mim sempre a pior parte era “dipindurar” a roupa no varal. Tinha verdadeiro ódio. Parecia que as roupas na bacia não tinham fim! Depois de secas vinha a “passança”. Minha mãe armava a tábua na frente da TV e passava as roupas a tarde inteira. A sogra da minha mãe tinha ainda um ferro de passar (de ferro), que pesava o equivalente a um caminhão e em que se colocava água fervente ou carvão em brasa para passar a roupa. Antes de falecer esse ferro era só um item de decoração da sala de estar. Nossa geração já tinha ferro elétrico e Passebem.
Observe o bambu segurando o varal...
No Brasil, no meu apartamento eu possuía uma ótima máquina de lavar Eletrolux que eu comprei em 12x no submarino. O sistema de lavagem era por tombamento e é o meu preferido. Lava melhor e não rasga as roupas. Mas para secar ia mesmo para o varal e depois para a enorme pilha de roupas para passar que eu sempre enrolava pra começar. Homem solteiro morando sozinho com salário de professor “no Brasil” tem que lavar, passar, cozinhar e limpar. O que mais me irritava era o fato de as roupas demorarem quase 3 dias para secarem no inverno. Nunca pude comprar e muito menos “sustentar” uma secadora no Brasil, que custa caro e onde o preço da energia elétrica é uma piada.
O Robert por exemplo, mesmo sendo classe média baixa quando pequeno, nunca viu uma pessoa lavando roupas à mão e desde bebê sua mãe já tinha lavadora e secadora de roupas em New Jersey onde moravam. Outra realidade. Já com 23 anos morava sozinho e tinha lavadora e secadora de roupas. Ô injeva...do bem é claro. Mas não se engane, ainda existem pessoas que não têm máquina de lavar ou secar nos EUA.
Nos EUA a vida da dona (e dono) de casa é mais fácil definitivamente e não é somente uma questão de dinheiro. Aqui em casa temos uma lavadora e secadora de roupas gigantes. O sistema de lavagem é giratório, mas a lavadora pode receber até 12kg de roupas. A máquina pode ser abastecida com água quente, morna ou fria. A secadora também é enorme. É muito cômodo poder lavar, secar e colocar as roupas no closet em poucas horas. E passar? Dificilmente passamos alguma coisa. O Robert e a Louise me ensinaram que se você tirar a roupa na hora certa da secadora, esta não precisa ser passada à ferro. E não é que é verdade? As bermudas, camisetas, jeans, moletons e blusas somente esticamos na cama e depois de meia hora penduramos no closet. Sim, não guardamos em gavetas, assim não amassam. A única coisa que, em minha opinião, é preciso passar são as camisas. Estas eu gosto de usar bem passadas, mas o Robert, muitos rapazes e moças da minha faculdade vêm com elas sem passar mesmo. Claro que não é aquela amarrotação de quando vem do varal, mas dá pra perceber que não foram passadas.
Ao retirar da secadora esticamos na cama. Não parecem
que foram passadas a ferro elétrico?
Outra diferença é o tempo de secagem. Podem dizer o que quiser, no Brasil as secadoras não são como as dos EUA. No Brasil meu pai pagou 2.500 reais em uma secadora Brastemp Top de linha que demora 3 horas ou mais para secar 5kg de roupas. Os preços por aqui são bem mais justos; o Robert comprou uma nova por 280 dólares. Os 12kg que eu lavo na máquina secam em 40 minutos na secadora. 5kg não demoram 25 minutos para secar. Assim que comprou a máquina, meu pai orientou a Maria para secar todas as roupas nela. A conta de luz veio 735 reais! Voltaram a usar o varal e a máquina é usada esporadicamente.



2.300 reais no Submarino.com e 650 dólares no Home Depot
Eu acredito que a qualidade dos produtos para lavagem de roupas aqui também faz muita diferença. Por exemplo, o detergente é líquido, não faz muita espuma, mas realmente deixa a roupa limpa. Lavei uma blusa branca de coton para uma amiga brasileira que estava hospedada aqui e ela disse que foi a primeira vez que a marca amarelada das axilas saiu completamente. No começo usávamos uma folha de papel que se coloca na secadora como amaciante e para perfumar. Mas depois de usar o amaciante daqui resolvi abolir a tal folhinha. O amaciante não é grosso como o do Brasil, é apenas um líquido verde. Uma pequena tampinha deixa 10 kg de roupas macias e perfumadas como eu nunca vi. Talvez por isso que a maioria das roupas não precisam ser passadas. Manchas e marcas de gordura são facilmente removidas com o spray SHOUT. O algodão das roupas americanas também é diferente e não sei o por quê. Qualquer roupa de algodão que eu trouxe do Brasil encolhe terrivelmente na secadora. Uma blusa de moleton que eu paguei caro no Brasil agora serve na Annabelle.
A máquina de lavar é antiga. A secadora é nova...

Detergente, amaciante e removedor de manchas.

O amaciante é um líquido verde.

Pode-se usar também as folhas glicerinadas e com perfumes.
Amacia e perfuma, mas não como o amaciante líquido. As
folhas são ótimas pra deixar nas gavetas e closets!
O clorox (água sanitária ou cândida como conhecemos) deixa as roupas brancas, até mesmo os panos de chão que saem pretos do piso. No Brasil não sei porque mas nunca consegui deixar os panos de chão completamente brancos. Todos com o tempo ficavam cinza.
E depois de todo esse uso de energia qual o valor da conta de luz do mês passado? Pagamos 276 dólares. Fiz a conta baseado no preço do KWH do Brasil e o mesmo uso daria, em São Paulo, 955 reais. Ô Presidenta Dilma, alivia a vida do povo aí, por favor! Só uma coisa aqui é que eu acho o fim da picada. A completa inexistência de um tanque! Imagine a sua vida sem um tanque...é a minha!

Se joga...

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Convencional e mais barata!

Essa é a secadora que a família comprou 6 meses atrás

Esta tem Steam Treat que joga vapor na roupa para tirar rougas
e evitar ter passar a ferro.
Quando eu tiver a minha casa...ai ai ai
 
Opções mais em conta

Acessório para secagem de tênis e outros que não podem
girar

Sensores que detectam a humidade da roupa e ajustam o tempo de
secagem...

Em alguns condomínios existem lavanderias com wi-fi, TV,
bebidas e snacks...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Se Não Bastasse os Jacarés…

Durante toda a semana aqui em Orlando, assistimos pela TV o caso da garota que, após nadar em uma parte de água parada do rio St. Johns, contraiu uma infecção rara cusada por um ameba. O nome da ameba é Naegleria Fowleri e pelo que pesquisei, existe em quase todos os lagos da Flórida e em algumas outras partes dos EUA.
Courtney Nash faleceu sábado às 4 da tarde

Acredita-se que somente uma pessoa desde a década de 60 conseguiu sobreviver à infecção causada por este microorganismo. Os registros mostram que 16 pessoas morreram só em Orlando na última década por contraírem a ameba. Segundo os especialistas, quando as águas de lagos e partes paradas de rios chegam a 26,6 graus Célsius a ameba reproduz-se rapidamente. A infeção ocorre quando a ameba entra pelo nariz ou ouvidos e instala-se nas mucosas. Em poucos dias ataca o cérebro e dificilmente a pessoa sobrevive. Pegou já era...você vai desta para uma melhor...
St. Johns River onde a garota e mais 5 familiares nadaram
Na TV, os especialistas estão orientando as pessoas a ficarem longe da água em dias muito quentes. Aqueles que querem se arriscar devem usar protetores para os ouvidos e nariz. Também deve-se nadar longe das margens e evitar causar distúrbio no solo do lago onde a quantidade de amebas é maior. Mergulhar também é outro risco.
Se não bastassem os Jacarés e Aligators, agora tem também essa ameba. Falei com o Robert que o jeito mesmo é nadar na praia. A melhor praia perto de Orlando chama-se New Smyrna Beach. Eu até mesmo tinha combinado com a Louise e o Bobby de passarmos o dia em New Smyrna Beach. E não é que pela televisão, eu fico sabendo que New Smyrna Beach é a capital mundial de ataque de tubarões? Fiquei passado, engomado e no cabide. E vem o Robert e pergunta: “Vamos todos então à praia no domingo?” e eu respondi: “Are you drunk?” (Bebeu é?) Ele comentou que é só não entrar na água que não tem perigo. Não existem casos de ataques de tubarões na areia. Engraçadinho...Já imaginou você cozinhando na areia com um calor de 40 graus e entrar na água só para molhar os pés? Passeio cancelado. E fica aqui o aviso a todos os turistas brasileiros...
New Smyrna fica aproximadamente 1 hora de Orlando

Foto aérea da praia de NSB com tubarões. Eu hein...
Bom, só me resta mesmo a pequena piscina aqui no quintal de casa. Meus dois únicos contatos com a água serão mesmo a piscina aqui da casa e o chuveiro porque, nem na chuva pode-se sair também, sabia? A Flórida é a capital mundial de pessoas atingidas por relâmpagos...Desde 1959, a Flórida tem mais de 350 casos de mortes por relâmpagos e mais de 1000 casos de pessoas feridas. Jamais diga aqui “Quero que um raio caia na minha cabeça se...” Você pode se arrepender amargamente.
Animal perigosíssimo que é observado de vez em quando
na piscina aqui do quintal
Nunca diga na Flórida: "Quero que um raio caia
na minha cabeça se..."
Já falei com o Robert e a Louise. Eu já fiz tanta coisa na vida, já visitei tantos países, 3 faculdades, 2 especializações, pelo menos 4 profissões, vivi em uma das cidades mais perigosas do planeta e nunca nada de ruim me aconteceu. O que mais me resta fazer? Se eu morrer infectado por essa bactéria, virar lanche feliz de jacaré ou tubarão ou se um raio cair na minha cabeça, quero que deixem a seguinte frase escrita na lápide sobre meu túmulo:
"Era só o que me faltava..."
:@
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